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Governo: Empresas resistem a contratar desempregados de longa duração

02 mai, 2016 - 14:43

É a resposta do executivo à reportagem da Renascença. Sete em cada dez pessoas abrangidas pelas políticas activas de emprego serão desempregados de longa duração.

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Rosário atingiu o “rés-do-chão” da dignidade. Mas ainda vai ficar sem subsídio
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O Governo quer que, até ao final de legislatura, 70% das pessoas abrangidas pelas políticas activas de emprego sejam desempregados de longa duração.

“Uma das medidas inscritas no Programa Nacional de Reformas, aprovado em Conselho de Ministros na semana passada, é garantir que até ao final de legislatura 70% dos abrangidos pelas políticas activas de emprego sejam desempregados de longa duração”, afirma o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, em resposta escrita enviada à Renascença, depois da publicação da primeira reportagem de um ciclo de trabalhos sobre o desemprego estrutural e dos apelos de D. Jorge Ortiga para um maior atenção do poder político ao fenómeno.

O Governo garante que “elegeu a criação de emprego como uma das grandes prioridades, focalizando as políticas activas de emprego no combate ao desemprego jovem e no desemprego de longa duração”.

O executivo de António Costa reconhece, contudo, que a diminuição do desemprego de longa duração é mais lenta quando comparada com a taxa global de desemprego. E atribui responsabilidades às empresas.

“A taxa de desemprego de longa duração permanece elevada, próxima dos 8%, e tem diminuído a um ritmo mais lento do que a taxa global de desemprego. Quase dois terços dos nossos desempregados estão afastados do mercado de trabalho há pelo menos 12 meses, e quase metade há mais de dois anos. São sinais muito claros que nos dizem que as empresas são resistentes a contratar as pessoas mais afastadas do mercado de trabalho, mesmo num período de aparente recuperação do emprego”, diz o ministério liderado por Vieira da Silva.

Desemprego Estrutural. Sabe o que é?
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Em declarações à Renascença, que serão publicadas esta terça-feira, António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), reconhece que entre um jovem e um trabalhador mais velho as empresas tendem a escolher o primeiro. Mas não admite acusações de discriminação, escudando-se na lei da oferta e da procura.

“As empresas que têm a capacidade de contratar, em igualdade de circunstâncias, têm preferido, provavelmente, contratar um jovem com maiores competências a nível informático, de línguas, etc., do que um sénior que, provavelmente, tem sobre determinada profissão um enorme conhecimento de saber, de experiência feito, mas depois falta-lhe outras que hoje, a tal economia nova para que caminhamos, exige e ele não tem”, defende.

Sem querer generalizar, António Saraiva admite que, em termos gerais, “as empresas que estejam a contratar prefiram determinada camada jovem”, mas não porque estejam “a ostracizar os seniores”.

Duas medidas

Até ao final da legislatura, o objectivo do Governo é destinar a grande maioria das políticas activas de emprego ao grupo dos desempregados de longa duração.

Foi “a pensar” nestes desempregados que o Orçamento do Estado para 2016 instituiu “um apoio pecuniário extraordinário destinado a pessoas que cessaram o subsídio social de desemprego inicial ou subsequente há um ano”.

O Governo já anunciou também uma medida – o Contrato-Geração – que “pretende dar resposta ao desemprego jovem e ao desemprego de longa-duração”. “A medida está a ser desenhada e deverá estar pronta para entrar em funcionamento até ao final do ano”, acrescenta a resposta da tutela.

Esta segunda-feira, a Renascença contou a história de Rosário Ferreira, uma ex-operária fabril que quer trabalhar, mas não consegue porque não há quem lhe abra as portas. Tem 56 anos e há quatro que não tem um emprego com salário. O subsídio de desemprego de Rosário Ferreira termina no próximo ano.

Durante esta semana, a Renascença olha para o desemprego estrutural, uma ferida social que a transformação económica abriu em Portugal.

Comentários
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  • Zé Português
    03 mai, 2016 Conchinchina 03:00
    QUANTO MAIS O ESTADO SE METE NA VIDA DAS EMPRESAS MENOS O PAÍS FICA ATRATIVO A INVESTIMENTOS. QUEM TEM CAPITAL PARA INVESTIR NÃO VEM PARA PORTUGAL, INVESTE-O ONDE O ESTADO NÃO SEJA O DONO DAS EMPRESAS, COMO EM PORTUGAL, TANTO NOS ALTOS IMPOSTOS DE QUEM PRODUZ, QUANTO NAS LEIS DE LABORAÇÃO E PARA LABORAÇÃO, ESSE CAPITAL VAI PARA ONDE NÃO O CHATEIEM E NÓS FICAMOS A CHORAR PELO LEITE DERRAMADO. PARECE QUE NÃO APRENDEMOS NADA COM O QUE SE PASSOU NOS ANOS 2008/2009 PRINCIPALMENTE. VÃO CHAMAR A OPEL E A QUIMONDA DE VOLTA, SÓ PRA FICAR NESTAS DUAS, VÃO.
  • Pinto
    02 mai, 2016 Custoias 23:25
    Em Portugal quem tem mais de 40 anos não arranja trabalho, a maior parte das pessoas acima dos 40 anos têm profissões especializadas que não são aproveitados , as industrias metalúrgicas, navais, industrias têxteis, industrias extractivas, pescas, agropecuária e outros, simplesmente não funcionam porque Portugal recebeu dinheiro para acabar com tudo isto. O tecido empresarial português está direccionado para sistemas insustentáveis sem mais valias, assim sendo, tenderemos a viver mergulhados na primitividade dos tempos modernos. Infelizmente o patrão português é retrograda, só funciona se tiver ajudas e mesmo assim não avança, a medida para criação de postos de trabalho de 43 milhões não deu resultados porque estão viciados numa captação de lucro fácil. Não é por acaso que fugas aos impostos, corrupções e fraudes sejam apanágio da maioria dos nossos empresários. 2 milhões de euros fogem de portugal por dia, é assim que que funciona a economia privada apoiada por alguns partidos políticos. É pena que alguns empresários honestos se vejam rodeados por teias impróprias para a saúde da economia.
  • Artur Magalhães
    02 mai, 2016 Guimarães 17:32
    Não sabem aproveitar o know-how de pessoas que triplicam o rendimento no seu trabalho. Existem apoios à contratação destes desempregados do IEFP no apoio à contratação e da SS a isenção dos encargos patronais nas contribuições.
  • MARIA FONSECA
    02 mai, 2016 PORTO 16:16
    Economicamente falando, sabemos que a internet gera milhões. Também sabemos que qualquer "ilustre" da nossa praça faz-se pagar quando queremos a sua opinião. De alguns anos a esta parte tudo gira em torno do dinheirinho. Pergunta: Aproveitaram para "pagar" a entrevista a esta senhora que tão necessitada está de ajuda? Pois...
  • Carlos
    02 mai, 2016 França 16:14
    Inquietante já não é só o problema do desemprego e, neste, do de longa duração. É também a insistência nas medidas e nas políticas "activas" de emprego que, comprovadamente, só activam o desemprego. Mais inquietante, ainda, é que nesta teimosia do "mais do mesmo", propostas inovadoras e de eficácia comprovada - porque as há e até já as apresentámos - ninguém com responsabilidade se dê ao cuidado de, pelo menos as analisar... De onde será legítimo deduzir que os poderes instituídos não querem mesmo resolver o problema do desemprego. Quanto muito, dispõem-se a geri-lo. Como é óbvio, hipocritamente, com fins eleitorais!
  • Pedro
    02 mai, 2016 Bencatel 16:13
    As empresas fazem mais do que descriminação, às empresas apenas interessa o lucro, mais nada, o que é dito pelo presidente da c. e. p. não passam de tretas. Será que todas as empresas e postos de trabalho só funcionam à base de informática? Tretas!
  • 02 mai, 2016 LISBOA 16:09
    IMPOSTOS SOBRE IMPOSTOS, MULTAS, COIMAS, PENHORAS A TORTO E A DIREITO, LEIS FISCAIS MINUTO A MINUTO, DIREITOS MAIS DIREITOS E AINDA DIREITOS SOBRE DIRETOS (DEVERES É FACISMO), ANDA-SE A TRABALHAR PARA ENTREGAR TUDO AO ESTADO E AINDA MAIS OS DIRETOS!!!!! SÓ QUEM FOR MALUCO ABRE EMPRESAS, QUANTO MAIS DAR EMPREGO SEJA A QUEM FOR!!!!!! A CGTP E OS SINDICATOS MAIS O ESTADO QUE DÊM EMPREGOS, VAI TUDO PARA AS FINANÇAS UM FISCAL PARA CADA CONTRIBUINTE!! E PODEM FAZER GREVE QUANDO QUIZEREM!!!!!
  • FilipeOS
    02 mai, 2016 SMF 16:05
    As empresas não querem porque 90% desses desempregados a longo prazo nunca quiseram foi trabalhar! E como está a acabar a mama, têm de fazer por onde...
  • DR XICO
    02 mai, 2016 LISBOA 15:51
    Só com uma politica virada para o TURISMO, a nossa maior fonte de riqueza/emprego é possivel dar a volta a isto tudo. O governo deve investir FEROZMENTE E AGRESSIVAMENTE no estrangeiro no turismo nacional, mostrar como somos dignos, um pais seguríssimo, boa comida, barato (Ainda para eles) de modo a cativar mais países. Já agora devem multiplicar-se os voos para Açores, Madeira e Algarve. Beja estudar o aeroporto aquilo só dá prejuizo.

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