29 abr, 2016 - 17:03
Veja também:
A agência de "rating" canadiana DBRS manteve esta sexta-feira a nota atribuída a Portugal em BBB ("low"), o nível mais baixo da escala de investimento, com tendência "estável".
A agência de notação financeira canadiana é a única das quatro que são tidas em conta pelo Banco Central Europeu (BCE) para comprar dívida portuguesa a manter o "rating" do país em terreno positivo. As restantes agências consideradas pelo BCE (Moody's, Standard & Poor's e Fitch) mantêm o "rating" da República Portuguesa em "lixo".
“A classificação reflecte a pertença de Portugal à Zona Euro, uma estrutura de maturidades da dívida pública favorável e vulnerabilidades reduzidas, na sequência de uma correcção substancial do défice nos últimos anos”, diz a DBRS em comunicado.
“No entanto”, acrescenta a agência, “Portugal enfrenta desafios significativos, incluindo elevados níveis de dívida pública, pressões fiscais em curso, baixo potencial de crescimento e alto nível de endividamento privado.”
“A tendência estável reflecte a recuperação económica em curso, progresso em reduzir o défice fiscal e o declínio incipiente do rácio da dívida pública.”
Para a DBRS, os “riscos para as perspectivas de crescimento podem intensificar-se devido à incerteza política, reversões nas reformas estruturas e volatibilidade financeira na União Europeia”.
A agência detecta ainda riscos derivados de “previsões de crescimento optimistas” e a “capacidade limitada do Governo de aplicar uma estratégia fiscal rigorosa a médio prazo, devido ao seu mandato fraco”.
Ninguém ganharia com baixa de "rating"
A manutenção do "rating" já tinha sido antecipada por dois especialistas em declarações à Renascença, Nuno Teles, economista do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, e Pedro Lino, analista financeiro e administrador da Dif Broker.
A mudança de "rating" não daria lucros a ninguém, antecipava Nuno Teles. Se Portugal teria muito a perder, a agência de "rating" também. A DBRS “teria muita dificuldade em dar uma notação que fosse contra os interesses do BCE”, disse.
O especialista garante que a agência canadiana “perderia relevância junto do BCE se o fizesse”. “Não há interesse de curto-circuitar a política monetária do BCE. No momento em que isso acontecesse teríamos um novo episódio de crise das dívidas soberanas. A especulação sobre a divida pública portuguesa sem a protecção do BCE daria origem a mais um episódio da crise do euro”, enfatizou.