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Em Vila Pouca de Aguiar, bijutaria e frascos contam histórias

22 abr, 2016 - 10:05 • Olímpia Mairos

Brincos, colares, pulseiras e até frascos com rocha moída. São peças que contam a história antiga da exploração do ouro pelos romanos, em Tresminas, a história das minas de Jales e da actividade agrícola.

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Uma vez por semana, um grupo de mulheres, a maior parte aposentadas, juntam-se no atelier “Terras de Ouro” em Alfarela Jales, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, para criar peças de bijutaria inspiradas na exploração mineira e na época romana.

São artigos que contam as histórias da antiga exploração do ouro, em Tresminas, e a história mais recente das minas de Jales e da actividade agrícola, e estas mulheres querem transformar numa oportunidade de negócio.

Sob a orientação da designer Constança Campos, recorrem a técnicas artesanais para produzir brincos, colares, pulseiras e até frascos com rocha moída, que se tornaram em produtos de merchandising para o Centro Interpretativo de Tresminas.

Entre as colecções já produzidas, destaca-se a “Imperador Augustus”, que inclui bijutaria com inspiração na época romana, a “Teixas”, cestaria inspirada nos utensílios agrícolas, a “Filigrana em croché” e as “Rodilhas”.

“São peças utilitárias, de uso quotidiano e que ajudam a chegar ao grande público a história desta região”, afirma Patrícia Machado, coordenadora do projecto de valorização de Tresminas, minas exploradas pelos romanos há cerca de 2.000 anos, geridas directamente pela guarda do imperador.

“Aprender, ocupar o tempo” e “ajudar a aldeia”

No atelier , impulsionado pela Associação para o Desenvolvimento Integrado das Terras de Jales (AOURO), entidade que gere o Complexo Mineiro Romano de Tresminas, várias artesãs dedicam-se à elaboração de peças.

Maria Luís, 60 anos, é professora aposentada e dedica agora os seus tempos livres a aprender “coisas novas”. Fala desta iniciativa como “uma espécie de terapia”, realçando que é também uma oportunidade para “valorizar o meio local, ao mesmo tempo que se aproveita a história da localidade”.

“Fazemos todo o tipo de bijutaria, mas são peças únicas e ligadas à época dos romanos de que são exemplo as medalhas, que simbolizam as moedas do Imperador Augustos”, explica.

Dalila Moutinho, 67 anos, agricultora, aceitou o desafio de aprender uma nova ocupação para “ajudar a aldeia, que já foi muito importante, a subir mais um bocadinho”.

À medida que vai fazendo uma ‘rodilha’, que não é mais que um tapete inspirado nas rodilhas enroladas que as mulheres usavam na cabeça para segurar os cântaros, Deolinda diz, em tom de brincadeira, que o atelier pode “ajudar a divulgar a terra e até a fazer artesãs famosas”.

No seu caso, frisa “pode também vir a ajudar no sustento da velhice”.

Celeste Teixeira, 45 anos, é das mais jovens artesãs. Está a “adorar” a experiência. Vem para “aprender, ocupar o tempo” e divertir-se com as colegas. Já teve a alegria de ver as peças que produz serem vendidas e gostava muito de um dia vir a ganhar dinheiro com o projecto. “É sempre bom e pode ser uma ajuda para pagar as contas”, diz.

Constança Campos, a designer, fala do “entusiasmo e empenho das artesãs” em “aprender e realizar coisas novas” e conta que, neste atelier, se cruzam várias técnicas, como croché ou cestaria, e vários materiais, com recurso a muitos materiais reciclados, unindo-se a tradição à contemporaneidade.

O objectivo deste projecto social é “a ocupação destas mulheres, mas também a comercialização, daí a importância em escolher objectos que não demorem muito tempo a fazer, que sejam agradáveis à vista e que as pessoas usem”.

“A ideia era mesmo que esta fosse uma oportunidade de emprego, de um rendimento para as nossas artesãs”, enfatiza.

As peças podem ser adquiridas no centro interpretativo, na loja interactiva do turismo e em Vila Pouca de Aguiar.

“Este ano serão feitas participações em feiras de artesanato com o objectivo de levar mais longe este projecto de comunidade e valorizar o trabalho realizado no atelier e que é único”, adianta Patrícia Machado, coordenadora do projecto de valorização de Tresminas.

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