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​Vitalino Canas.“O caso Lacerda Machado não vale nada. Talvez uns 'sketches' de humor”

19 abr, 2016 - 01:53 • José Pedro Frazão

O caso do amigo de António Costa, que negociou em nome do Governo sem contrato, esteve em destaque no “Falar Claro” da Renascença. O socialista Vitalino Canas diz que não é nada comparado com o “caso Maria Luís”. O social-democrata Nuno Morais Sarmento discorda.

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“Caso Lacerda Machado não vale nada. Talvez uns sketches de humor”
“Caso Lacerda Machado não vale nada. Talvez uns sketches de humor”

Um caso que responde a outro. O socialista Vitalino Canas considera que a polémica em torno de Diogo Lacerda Machado só existe devido ao debate em torno do caso das alegadas incompatibilidades da antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, devido ao contrato desta com a empresa gestora de créditos Arrow Global.

“Tenho quase certeza que se em simultâneo com o chamado ‘caso Diogo Lacerda Machado’ não estivesse a decorrer o real ‘caso Maria Luís Albuquerque’, no que diz respeito à sua incompatibilidade ou não, isto não teria tido a expressão que teve”, afirma Vitalino Canas no programa “Falar Claro” da Renascença.

Para o antigo secretário de Estado, a polémica não tem interesse político. “O caso Diogo Lacerda Machado, em meu entender, não vale nada”, afirma Vitalino Canas.

Questionado sobre o facto de ser um consultor que estava sem contrato a tratar de grandes negócios para o Estado, Vitalino Canas insiste: “[O caso] poderia ser objecto de 'sketches' humorísticos sobre um grande amigo de António Costa, mas em termos políticos o que é que vale?”

Costa agiu “à Soares”

Já Nuno Morais Sarmento vê semelhanças entre a conduta política recente de João Soares e o comportamento de António Costa neste processo.

“Aquilo que sentimos em João Soares, aquela maneira de actuar que revela arrogância, sensação de impunidade, incompreensão do tempo que vivemos e da sindicância permanente em que a política hoje é feita - António Costa revela um pouco a mesma coisa na gestão do dossiê Diogo Lacerda Machado. O erro dele é de excesso de confiança, de arrogância. Actuou à Soares”, classifica o comentador social-democrata numa referência alargada a João e Mário Soares.

A diferença de um contrato

A inexistência inicial de um contrato a vincular formalmente o advogado Diogo Lacerda Machado ao Estado, no quadro de negociações importantes de interesse público , é desvalorizada por Vitalino Canas.

“O facto de haver um contrato através do qual Lacerda Machado é remunerado em 2.000 euros, tirado uns impostos deve ficar em 1.000… Se não é pelo valor? Não, mas a questão do contrato o que adianta?”, questiona o militante do PS.

“Conheço a relação entre eles. Eles nem devem ter pensado que, no contexto que na relação que têm, tinham que estar a falar de uma relação de contrato. Se devia haver um assessor a aconselhar um contrato ao primeiro-Ministro? Eles próprios, pela relação que têm, é normal que nem sequer tenham pensado nisto”, insiste Vitalino Canas.

O social-democrata Morais Sarmento contrapõe com a importância da formalização da relação de Lacerda Machado com o Estado.

“Sem formalização, não há controlo nem sindicância. Como se pode sindicar algo que não existiu? Como posso verificar de alguma maneira, como posso exigir resultados?”, insiste Morais Sarmento, para quem o facto de o primeiro-ministro “não ter a noção de que isto é necessário e levar isto com a facilidade com que ele levou” não é uma questão acessória.

'Frisson' “circunscrito” entre PM e Bloco

Para desvalorizar os casos que marcaram a última semana do Governo, Vitalino Canas dá relevo apenas à troca de palavras mais dura entre Catarina Martins e António Costa no último debate quinzenal a propósito do governador do Banco e Portugal.

“Todas as outras questões parecem-me despiciendas. Do ponto de vista político, a grande questão da semana foi essa ligeira agressividade que transpareceu no início do debate quinzenal entre a líder do BE e o primeiro-ministro. Aquilo ficou claramente circunscrito. Não creio que tenha grandes sequelas”, sustenta o deputado socialista.

Vitaliano Canas ficou surpreendido, mas está ciente da repetição de alguns “'frissons' aqui e ali” entre o Governo e os partidos que o suportam à esquerda durante esta legislatura.

Ex-ministro com responsabilidades de coordenação governamental, Morais Sarmento dá valor à sucessão de casos no Governo de Costa na última semana.

“Uma semana em que cai um ministro, cai um secretário de Estado e muda outro secretário de Estado, não é uma semana normal. É evidente que isto é importante."

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