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Nobel da Economia diz que “austeridade foi um fracasso"

17 abr, 2016 - 18:17

Segundo Joseph Stiglitz, a situação económica estabilizou porque o presidente do BCE puxou para baixo a taxa de juros.

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A austeridade fiscal foi um fracasso para a economia portuguesa, disse este domingo à Lusa o Nobel da Economia Joseph Stiglitz ao comentar que a baixa perspectiva de crescimento da economia portuguesa este ano evidencia uma "calmaria antes da tempestade".

"A austeridade foi um fracasso para Portugal, como também representou para todos os outros países em que se tentou esta mesma política", criticou o economista norte-americano após participar do Fórum Fiscal que discutiu o sistema tributário internacional na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.

O painel ocorreu nos Encontros de Primavera das instituições de Bretton Woods, nomeadamente Banco Mundial e FMI, que termina hoje.

Na opinião do Nobel, o fracasso reflectiu-se nas eleições, quando 62% da população apoiou políticas anti-austeridade.

"Portugal não tem mais este programa e a situação (económica) estabilizou-se, porque Draghi, presidente do Banco Centra Europeu (BCE), puxou para baixo a taxa de juros. Mas se olharmos para os indicadores macroeconómicos como a dívida pública, eles estão pior agora do que antes", comentou.

Stiglitz mostrou-se céptico quanto aos sinais de recuperação económica da zona euro. O Banco Central Europeu afirmou no início de Abril que Portugal já apresentava visíveis indícios de recuperação e que a economia portuguesa está a crescer ao mesmo ritmo da zona euro.

"Penso que, não apenas para Portugal, mas para toda a zona do euro em geral, este é provavelmente um período de calmaria antes da chegada da tempestade. Não acredito que os problemas da zona do euro tenham sido resolvidos", analisou.

E concluiu que os choques que ainda decorrem do programa grego são "ilustrativos" de que a ajuda financeira externa "tida como uma solução", acabou não resolvendo.

"A questão agora é se a zona do euro será capaz de mudar as suas políticas. Se não conseguir mudar, a recuperação económica de Portugal levará bastante tempo, poderia ser até uma década", anunciou Stiglitz que actualmente é professor de economia, administração de empresas e negócios internacionais na Universidade de Columbia, em Nova Iorque.

A 6 de Abril de 2011 o então ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, anunciou que Portugal precisava de ajuda externa.

Cinco anos depois do pedido de resgate financeiro e quase dois anos após a sua conclusão, os números indicam que a situação financeira e económica do país melhorou em alguns indicadores, mas ainda não cumpre os parâmetros de referência de Bruxelas.

Portugal continua com um défice orçamental acima do limite definido pelas regras europeias, com uma dívida pública superior a 120% e com o desemprego acima de 10%. Já a dívida pública aumentou dos 111,4% do PIB em 2011 para os 128,8% no final do ano passado.

O FMI assinala que a Portugal apresenta um crescimento "modesto" e estima que a economia portuguesa vá abrandar este ano e em 2017. O PIB deve crescer 1,4% este ano e 1,3% em 2017.

Comentários
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  • Leonardo
    18 abr, 2016 Massamá 19:11
    enquanto não baixarem a carga fiscal, IVA;IRS;IRC;IMI:IMT a economia não cresce e a receita fiscal com estas elevadíssimas taxas até tende a decrescer, ensina-se na Escola, primeiro - Economia e criação de riqueza, depois os impostos e não é o contrário, o contrário dá sempre maus resultados. A par da redução dos impostos tem de haver uma estratégia de desenvolvimento para a economia, também é necessário, mas em Portugal só temos funcionários preocupados com o orçamento do Estado e a receita fiscal, a expressão que mais usam é não há dinheiro aumenta os impostos, tiros no pé os aumentos são sempre para os mesmos, Trabalhadores dependentes ou independentes e PMES..............
  • joão
    18 abr, 2016 lisboa 18:55
    Oh Marco Almeida , pensar que um país que está na bancarrota só tem de mudar de primeiro ministro, este estala os dedos e as consequências da dita bancarrota desaparecem é que é estranho. Mas infelizmente vamos passar por isso outra vez, quando o actual prometeu o que não podia e deu o que não tinha...
  • Pedro
    18 abr, 2016 Beja 11:48
    Novidades? Se até os do CDS já o toparam...só os jericos do PPD não o percebem.
  • Marco Almeida
    18 abr, 2016 Bruxelas 11:15
    Oh João, em Portugal o programa não falhou, claro que não, fez o que era suposto fazer, obrigar o País a vender o resto dos anéis e ficar de tanga pelo menos por mais 20 anos, só não vê quem não quer, quanto ao desemprego a níveis da "banca rota" essa faz-me rir, junte lá os 600 mil que emigraram, aqueles que já nem constam da lista de desempregados e os que estão a fazer formação pelo IEFP e vai vêr a linda taxa de desemprego que a geringonça PAF deixou em Portugal, enfim, foram 4 anos para esquecer
  • revoltado
    18 abr, 2016 tretas 10:52
    Esta RR ou leva horas a publicar, ou então não publica. Só alguns podem ter liberdade para dizerem o que querem, ofender a dignidade dos outros, mas quando houver alguma reposta que tenha alguma liberdade de expressão, já não se publica. O fascismo a se destacar cada vez mais.
  • Orabem!
    18 abr, 2016 indignaçãoeantieuropa 10:20
    Oh papagaio, aumentar os ordenados para o dobro??? Alguns deveriam mesmo, pois há uma desigualdade salarial neste país que é uma vergonha. E para mais temos ainda uma moeda de m--- que só apareceu para o nível de vida aumentar 3 vezes mais, mas os salários dos que ganham pouco sempre na mesma.Deverias falar era do mexias, catrogas, dos deputados que acumulam salários, com reformas, dos corruptos, destes que estão podres de rico e ainda fogem aos impostos, os ofshores. Subir para o dobro os salários? Mas que salários? referes-te aos salários mimimos, os que ganham muito abaixo dos 1000 euros??? Há milhares que ganham tanto que nem dinheiro têm para comer e pagar despesas, muitos ainda têmn um escape, que é alguns pais. E vens para aqui BANANA falar em aumento de salários??? É isto que queres no teu país, ver pessoas com fome? Às tantas deves ser um daqueles empresários sem sucesso, que sempre mamou do estado e ainda explora os trabalhadores. Deves fazer parte dos fascistas psd/cds Quem me dera estares à minha frente para te chamar todos os nomes e mais alguma coisa. É com gente como tu que este país nunca mais sai do fosso. E tu, quanto é que tu ganhas? Vocês dão-me nojo e revolta. Poe-te no lugar daqueles que não têm comida para dar aos filhos.
  • joão
    18 abr, 2016 lisboa 06:08
    Em Portugal o programa não falhou. Foi dificil e custou muito mas isso é o preço de uma bancarrota de 2011 , não tem a ver com o programa. O dito programa pôs um país que crescia a -4% ao ano a crescer +1,5% em apenas 4 anos, aumentou exportações, conseguiu voltar ao desemprego que havia quando da banca rota, ou seja sanou os efeitos da mesma, acabou com uma série de mordomias\distorções na economia. Quanto á dívida , enquanto houver défice ela vai sempre aumentando ( alguém tem de emprestar todos os anos o dinheiro para pagar o défice) .
  • João Lopes
    17 abr, 2016 Viseu 22:07
    O Sr Joseph Stiglitz Nobel da Economia deveria saber que o grande fracasso foi resultado das políticas dor governos socialistas do Sr. Sócrates, que deixou Portugal praticamente na bancarrota. A austeridade fiscal não foi um fracasso para a economia portuguesa, porque aumentou a perspetiva de crescimento da economia evidenciada em 2014 e 2015. Depois da "calmaria” apregoada por este governo português social-comunista nestas 5 meses, virá, dentro de momentos, a “tempestade" da austeridade….
  • Jorge
    17 abr, 2016 LisboaJ 21:00
    Aumentem os ordenados em Portugal para o dobro que a economia cresce.
  • Observador
    17 abr, 2016 Fnc 19:58
    Portugal não tem mais este programa e a situação ( económica) estabilizou-se porque Draghi presidente do Banco Central Europeu (BCE ) puxou para baixo a taxa de juros. Mas se olharmos para os indicadores macroeconómicos como a dívida pública, eles estão pior do que antes! Nestas linhas estão explanadas as razões pelas quais a austeridade não resultou, a prova de que de pouco ou nada serviu, se alguma coisa foi amenizada tal deveu-se à acção do BCE e de Mario Draghi! Ou seja a mudança de políticas é uma prioridade absoluta, a manter-se esta letargia Portugal e outros irão manter-se neste limbo durante décadas!

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