Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Peter Turkson

Papa vai a Lesbos para voltar a pôr os refugiados nos radares do mundo

11 abr, 2016 - 17:38

O presidente do Conselho Pontifício da Justiça e Paz não compreende porque é que os países não se juntam para impedir o Estado Islâmico de conseguir armas e dinheiro.

A+ / A-

O Papa viaja no próximo sábado para a ilha grega de Lesbos com o objectivo de abanar a consciência do mundo pela situação dos refugiados, diz o cardeal ganês Peter Turkson, que é presidente do Conselho Pontifício da Justiça e Paz.

“A visita será uma nova tentativa para colocar sob o olhar mundial a situação dos refugiados e, ao mesmo tempo, as suas causas. E vai interpelar o mundo e a consciência global para se fazer alguma coisa para evitar isto", afirmou, em Roma, à margem de um encontro da Pax Christi International, uma organização que faz campanha pela não-violência.

O cardeal africano diz não compreender como é que o mundo não se une para estrangular o acesso a armas e financiamento a grupos terroristas como o Estado Islâmico.

"O Estado Islâmico parece poderoso mas, na realidade, está a ser apoiado pelo dinheiro e pelas armas”, afirma. “Estas coisas são sempre importadas e compradas em grandes negócios de armamento. Porque não acabamos com isto? Porque não acabamos com o interesse em comprar o petróleo a baixo preço? É preciso mais empenhamento e sacrifício. Por isso, a visita do Papa vai ajudar a pensar qual poderá ser a solução válida a longo prazo para acabar com esta situação”, esclarece.

Turkson critica a forma como a Europa tem olhado para a crise dos migrantes e refugiados. “Porquê esta indiferença? A Grécia não pode ficar indiferente, porque é o país onde estão estas pessoas, mas as actuais medidas da Europa, que dá uma grande quantia de dinheiro à Turquia para que esta impeça a chegada destas pessoas, servem os interesses de quem? Talvez a Europa fique um pouco mais tranquila agora, mas por quanto tempo?", afirma Turkson.

Igreja encara o mundo como "família de nações"

O Papa Francisco não marcou presença no encontro da Pax Christi International, mas enviou uma mensagem em que voltou a descrever a realidade internacional actual como uma “guerra mundial às parcelas”.

“Como cristãos sabemos que é só considerando os nossos pares como irmãos e irmãs que seremos capazes de ultrapassar as guerras e os conflitos. A Igreja repete incansavelmente que isto é verdade não só ao nível individual, mas também ao nível dos povos e das nações, porque encara verdadeiramente a Comunidade Internacional como uma ‘Família de Nações’”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • António Costa
    11 abr, 2016 Cacém 22:52
    "O cardeal africano diz não compreender como é que o mundo não se une para estrangular..." o EI. Não entende, a sério? É simples, o Irão e a Arábia Saudita estão em conflito, como os EUA estavam com a URSS. Guerra Fria, são guerras por procuração. O Irão, xiita, ganhou o controlo do Iraque que estava nas mãos dos sunitas. A Síria que é de maioria sunita permaneceu aliada do Irão. É aqui que aparece o Estado Islâmico, como aliança temporária entre alguns grupos sunitas radicais. Os grupos sunitas radicais tem o apoio da Arábia Saudita, Turquia e....Israel, ou seja os "mais fortes" aliados dos EUA na região...Pois é, mas "escaldados" com o 11 de Setembro os EUA desconfiam cada vez mais destes aliados....donde a aproximação EUA/Irão. Resultado foi o "estado de pânico" em Israel e desconfiança cada vez maior nos "aliados sunitas" e que a candidatura de Trump ainda mais veio complicar. O Estado Islâmico aproveitou a "brecha" que a indecisão dos EUA abriu: Se atacam o EI ajudam o Irão, se não atacam, pactuam com o terrorismo islâmico. Para piorar a situação o EI convêm a Israel para "desgastar" o Hezbollah. E o EI também convêm ao Irão. Ao opor-se ao EI no terreno, o Irão tem rompido o seu isolamento internacional e tornar-se a superpotência do Médio Oriente que sempre ambicionou ser. O EI existe, porque interessa a "demasiada" gente que exista....

Destaques V+