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Papa revela profundo conhecimento de psicologia, diz terapeuta familiar

08 abr, 2016 - 12:44 • Filipe d'Avillez

Teresa Ribeiro, especialista em assuntos familiares e psicóloga, olha para a exortação apostólica e elogia a forma como Francisco defende a educação sexual e critica os modelos estereotipados de masculinidade e feminidade.

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A análise que o Papa faz do amor na família revela um "conhecimento profundo" de psicologia, considera a psicóloga e terapeuta familiar Teresa Ribeiro.

A exortação apostólica do Papa Francisco sobre a família dedica os dois capítulos centrais ao amor na família que começa com uma análise de quase 20 páginas do hino ao amor, de São Paulo.

O Papa “desce a um pormenor sobre as características do amor verdadeiro, referindo ponto por ponto, a paciência, atitude de serviço, fazer o bem, curar a inveja, sem ser arrogante nem se orgulhar, a amabilidade, o desprendimento, o perdão, alegrar-se com os outros. Todos estes pontos vão sendo analisados pelo Papa Francisco num pormenor que revela um conhecimento muito profundo e aplicando conhecimentos da psicologia de uma forma extremamente precisa, concreta, muito ligada à realidade”, diz Teresa Ribeiro.

“Julgo que é uma exortação apostólica sobre a alegria do amor que revela um conhecimento profundo, fundamentado e muito realista da estrutura e funcionamento dos casais e das famílias actuais”, acrescenta, que “utiliza uma linguagem extremamente próxima, muito pedagógica e muito misericordiosa para com os homens, mulheres, pais e filhos e a família em geral".

Já o sétimo capítulo da exortação é dedicado à educação. É dos capítulos com menos referências a outros textos, demonstrando ser aquele com um cunho mais pessoal do Papa Francisco.

O Papa fala da necessidade de se educar para a responsabilidade e sem obsessões. “Achei muito interessante quando ele diz que o tempo é superior ao espaço. Trata-se na educação mais de gerar processos do que dominar espaços, ou seja, a ideia de que não é possível controlar todas as situações em que os nossos filhos estão, quer como crianças quer como adolescentes, e só num contexto assim em que se geram mais processos do que se dominam espaços é que é possível desenvolver um processo de amadurecimento do caminho de liberdade e da preparação do crescimento integral, da autêntica autonomia”, considera a especialista.

Educação sexual e estereótipos

O Papa comenta também o que deve ser, para os católicos, a educação sexual. “Vi com muito agrado claramente um sim a uma educação sexual que não passa por aquelas linhas que têm sido as dominantes, do proteger-se e do chamado 'sexo seguro', que acaba por transmitir uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, mas, pelo contrário, um sim a uma educação sexual integrada em algo que é mais vasto, uma educação para o amor, para as relações e na qual a família está em primeiro lugar, podendo haver recurso a outras comunidades, à escola, à Igreja.”

Ainda no capítulo sete, o Papa condena a rigidez dos estereótipos, sobretudo no que diz respeito às tarefas desenvolvidas pelos pais em contexto domésticos. “Ninguém perde a sua feminidade ou a sua masculinidade pelo facto de desempenharem papéis e tarefas que de acordo com alguns estereótipos são muito mais atribuídos logo a um sexo ou a outro. Essa ideia também me parece extremamente clara e de acordo com os conhecimentos que temos actualmente de como o masculino e o feminino se vão desenvolvendo.”

A exortação apostólica “A Alegria do Amor” tem mais de 250 páginas e divide-se em nove capítulos que pretendem abarcar os principais desafios que se colocam à família nos tempos modernos, incluindo a espiritualidade conjugal, a importância da educação dos filhos e dois capítulos mais profundos e catequéticos sobre o amor conjugal.

Embora tenha data de 19 de Março, dia de São José, o texto só foi tornado público esta sexta-feira, dia 8 de Abril.

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