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Duarte da Cunha

Exortação do Papa vai mudar "atitudes" na Igreja

08 abr, 2016 - 12:03 • Aura Miguel , Ângela Roque

O secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa participou no sínodo sobre a família e diz à Renascença que os divorciados recasados “devem-se sentir em casa na Igreja”.

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Numa primeira análise à exortação apostólica “A Alegria do Amor”, o padre Duarte da Cunha, que participou como perito no sínodo dos bispos sobre a família, diz à Renascença que esta vai certamente provocar mudanças na Igreja porque o Papa deixa muito claro que é preciso acolher quem se afastou por estar em situação considerada irregular, como é o caso dos divorciados recasados.

“Na vida das pessoas que existem nas nossas comunidades, que se divorciam, que estão feridas, que se recasam, que às vezes se reaproximam da Igreja ou se afastam, [é preciso] mostrar como estas vidas não podem estar fora da comunidade, não podem ser abandonadas pela comunidade porque o Evangelho é sempre integrador, como o Papa diz, procura sempre integrar”, descreve Duarte da Cunha, sublinhando que “a misericórdia é integradora”.

Para o padre, que participou no sínodo dos bispos sobre a família de Outubro passado, que deu origem à exortação, “estas pessoas devem-se sentir verdadeiramente em casa na Igreja”. “O documento ajuda a perceber como este é um desafio real, para as comunidades se reverem e os pastores pensarem como abordar, como falar, como tratar estas pessoas.”

“Neste sentido”, aponta Duarte da Cunha, “julgo que vai certamente provocar algumas atitudes mudadas, digamos assim. Embora eu esteja convencido de que, pelo menos em Portugal, muito disto já vem sendo feito há muitos anos. As pessoas recasadas não são tratadas como excomungadas”, acrescenta.

No caso concreto do acesso à comunhão por parte dos divorciados recasados, poderá vir a ser autorizado em casos excepcionais. O padre Duarte da Cunha diz que o assunto não é abordado de forma “explícita e clara” pelo Papa e admite que poderá haver diferentes interpretações deste ponto consoante os casos sejam analisados por sacerdotes ou bispos mais ou menos liberais.

O especialista lembra que o Papa deixa muito claro nesta exortação que não quer mudar a lei da Igreja. “Corremos o risco de um prior ser muito liberal e outro ser muito exigente, ou de um bispo ser muito liberal e outro ser mais rígido”, considera. “É preciso também ser sério na maneira como se vai abordar a questão, e eu julgo que o Papa claramente põe elevadíssima, e de grande exigência, toda a vida de fé e cristã.”

Comentários
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  • a silva
    08 abr, 2016 r maior 17:41
    neste tempo conturbado em que se encontra o mundo atual o espirito de DEUS ilumine a sua igreja através do o papa e padres sinodais para que o seu povo encontre caminhos de esperança e paz..
  • Nelson
    08 abr, 2016 Leiria 17:39
    Caminho numa realidade da Igreja onde temos irmãos em todo o tipo de condições... Com inclinação homosexual, divorciados, casados, solteiros. Todos têm um lugar na Igreja, como têm no coração de Deus. Ele não faz acepção de pessoas. Pelo que as pessoas partilham sentem-se acolhidas, amadas e em paz. Algumas não podem comungar ou fazer tudo o que outros podem, mas a comunhão não é tomar o corpo de Cristo. O amor que os irmãos lhes transmitem é também o Amor de Cristo e esse tem um poder salvífico imenso. Não sei se o documento vai fazer mudar alguma coisa. O Concílio Vaticano II que foi algo tão grande, imenso para a história da Igreja e do Mundo e mesmo assim existem ainda muita gente na Igreja que se opõe ao mesmo rezam à décadas para que cada Papa o considere nulo e volte a Trento... E conheço muitos padres que se estão borrifando para os documentos do Papa... e para o cristianismo de uma forma geral.
  • hehe
    08 abr, 2016 braga 16:57
    «...sínodo sobre a família ...» Uns gajos que se recusam a constituir família, casar e ter filhos, em total contradição com o «crescei e multiplicai-vos» vêm opinar sobre a família hehehehehehe....
  • Manuel Fortuna
    08 abr, 2016 Trofa 13:37
    A Igreja tem regras e dentro do possivel devem ser cumpridas; agora temos de reconhecer que a vida tem tido muitas alterações e a vida de cada um não deve ser apresentada pelo momento de ocasião mas pelo seu todo.Sou de opinião que um casal quando toma a decisão de se casar , por seriedade pensa ser para toda a vida e a sociedade assim seria maravilhosa mas, e à sempre um mas pode haver uma alteração que , pelo menos uma das partes não tenha nada a ver com o sucedido, mas mesmo podendo ter.Será que Deus castigará sem mais nada para toda a vida?Não acredito; Deus é Amor e está sempre pronto a perdoar; temos é estar arrependidos do acto que levou àquela situação; ~Deus é Amor......................

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