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Bofetadas, corninhos, tias e mansos. Quando os políticos perdem a cabeça

07 abr, 2016 - 19:26 • Cristina Nascimento

Sócrates, Manuel Pinho, Mário e João Soares estão entre os políticos que protagonizaram momentos verbais tensos. Recordamos seis momentos.

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O ministro da Cultura ofereceu, via Facebook, umas “salutares bofetadas” ao crítico literário Augusto M. Seabra e ao colunista Vasco Pulido Valente. A declaração abriu a mais participada polémica desta quinta-feira, mas esta não é a primeira vez que algum político ameaça chegar a vias de facto.

A Renascença reúne mais seis casos em que nomes sonantes da política portuguesa ameaçaram, insultaram ou foram verbalmente virulentos com terceiros.

1 Os corninhos de Pinho

Ainda está na memória de muitos. Corria o ano de 2009 e Manuel Pinho era ministro da Economia do Governo de José Sócrates.

Em pleno debate do Estado da Nação, no Parlamento, o então líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, falava sobre a situação das minas de Aljustrel, quando, num dos muitos apartes parlamentares, o deputado do PCP Bernardino Soares lembrou o cheque de cinco mil euros passado pela EDP que Manuel Pinho foi entregar ao clube de futebol local.

Na resposta, o ministro esticou dois dedos indicadores ao lado da testa, gesto popularmente atribuído a cornos. A imagem correu mundo. Dias mais tarde, Manuel Pinho saiu do Governo.

2 – Manso, eu?

Em 2010, mais uma vez no Parlamento, José Sócrates, então primeiro-ministro, também não resistiu a um aparte.

O deputado bloquista Francisco Louçã afirmou que “Sócrates estava mais manso”. O chefe do Governo não gostou do que ouviu e, mesmo sem microfones ligados, foi perceptível a resposta: “Manso é a tua tia, pá”.

3 – Candal vs Martins

Em 2009, outra vez no Parlamento, debatia-se sobre painéis solares. E o clima aqueceu.

O CDS acusava o Governo de favorecer duas empresas e quatro bancos na instalação de equipamentos. O deputado do PS Afonso Candal fazia a defesa do executivo quando o deputado do PSD José Eduardo Martins lançava alguns apartes.

Afonso Candal foi respondendo, dizendo, em tom irónico, que compreendia a preocupação do PSD com os contribuintes. Diz quem estava presente que o social-democrata começou a ficar cada vez mais irritado até que lançou a ameaça: “Da próxima vez que falar assim comigo, falamos de outra maneira”.

4 O “garnisé cantante” e o “pavão de monco caído”

Ainda pela família Candal, ficou também famoso o “Breve Manifesto Anti-Portas em Português Suave”, assinado por Carlos Candal, histórico socialista de Aveiro (entretanto falecido).

Em 1995, Candal era o cabeça de lista do PS pelo distrito de Aveiro, em confronto directo com Paulo Portas, que concorria pelo CDS.

Nessa campanha, Candal lança o “Manifesto Anti-Portas” em que qualifica Paulo Portas de “garnisé cantante” e o social-democrata Pacheco Pereira de “pavão de monco caído”.

5 “Ó senhor guarda, desapareça”

Em tempos ainda mais remotos, em 1993, Mário Soares era Presidente da República e fazia uma Presidência Aberta por Lisboa. Nessa altura, fazer o trajecto entre Vila Franca de Xira e a capital era um tormento rodoviário de “pára-arranca”.

Mário Soares decidiu dar visibilidade ao problema e fez o percurso em autocarro com uma comitiva, mas sem batedores, nem escolta policial. A dada altura, um elemento da GNR prepara-se para abrir trânsito ao autocarro, o que não correspondia aos objectivos de Soares.

Num impasse, Soares referiu-se ao guarda como “gajo indesejável” e depois passou à acção. “Abre-me aqui uma janela”, disse Soares, acrescentando depois: “Ó senhor guarda, desapareça. Diga ao seu colega para desaparecer. Não queremos polícias”.

6 O “ordinarote” “pirado”

Na Madeira, o antigo presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, também ficou muitas vezes conhecido por algumas declarações e expressões menos comuns a líderes políticos.

As que dirigiu ao historiador e militante do PS António Fernandes Loja valeu-lhe um processo em tribunal que ainda decorre, isto apesar de terem sido escritas e publicadas há mais de 20 anos.

Em dois artigos de opinião, publicados no “Jornal da Madeira” em Novembro de 1994, intitulados “A Loja dos Rancores”, Jardim refere-se a Loja como “o homenzinho” “ordinarote” que “é mesmo tira-casaca”, “tão pirado que não vê as próprias grosserias e descobre-as nos outros”.

“O homenzinho, ao ler isto, caem-lhe mais três dentes, dois de raiva e um de senilidade.”

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  • ISIDORO FOITO
    08 abr, 2016 elvas 15:35
    agora que está fora do governo tens toda a legitimidade de partir as ventas a esses dois loucos , esse mal trapilho parece mais um sem abrigo que um cronista (sem ofensa para os sem abrigo) dai-lhe no focinho aos dois eu adoraria ouvir os jornais a falar no assunto ehheheehehhe
  • fanã
    08 abr, 2016 aveiro 15:32
    Conclusão a direita só há SANTINHOS , COITADINHOS e ESPERTINHOS !!!!!
  • Alentejanita 63
    08 abr, 2016 Azaruja 15:25
    Até que enfim!!!!! Tomou juízo e demitiu-se..... sim, que para roubar o povo já nos chega o pai
  • Madala
    08 abr, 2016 Évora 15:13
    A maioria mimos xuxialistas!
  • Eborense
    08 abr, 2016 Évora 15:11
    Todos xuxalistas! Porque será? Teriam andado todos na mesma escola?
  • osousadeviseu
    08 abr, 2016 Viseu 12:34
    A maior parte dos nossos políticos não sabem nada de nada, estes parece que sabem que ser politico é ser ladrão e encher os bolsos em quanto der, outros não, são pessoas que sabem, eu tenho olhos, tenho cabeça para pensar e sei o que eu fazia com menos dinheiro e obra completa e não com al cavalas, mas para isso é necessário estar no terreno e saber do que fala, mas os intervenientes não sabem nada e quem faz a obra sabe bem do que fala e com esta falta de conhecimento lá vão uns milhões para o povo pagar, eu sei o que vejo e o que sei
  • Paulo Duarte
    08 abr, 2016 St.º António Cavaleiros 09:44
    Estes políticos Portugueses metem nojo. Meninos mimados e mal educados, gatunos de colarinho branco, que mais mereciam um balázio entre os olhos. Virá o dia.
  • Miguel Botelho
    08 abr, 2016 Lisboa 09:24
    O exagero em relação ao episódio das «bofetadas» (que nunca existiram), prova que a oposição de direita está assanhada e cheia de vontade de voltar ao poder.
  • zita
    08 abr, 2016 lisboa 08:13
    Já tive muitas vezes vontade de mandar o chefe às urtigas, ele bem merecia, mas não posso, porque se o fizer a seguir sou despedida por justa causa! Porque é que com os ministros não acontece o mesmo? Nós é que somos os patrões, e nestes casos nada fazemos, afinal a justiça é só para os outros.
  • Zita
    08 abr, 2016 Lisboa 08:09
    Independentemente de quem diz o quê, um Ministro (representante do Estado português) tem de saber estar à altura, nomeadamente ser educado.

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