07 abr, 2016 - 14:17
O colunista Augusto M. Seabra considerou "inqualificável" a "ameaça de agressão física do ministro da Cultura João Soares" publicada esta quinta-feira na rede social Facebook, reagindo a críticas sobre a condução da tutela no Governo.
João Soares, na sua conta no Facebook, prometeu "salutares bofetadas" ao crítico cultural Augusto M. Seabra, na sequência das críticas deste à falta de linha de acção política e ao "estilo de compadrio, prepotência e grosseria", e também ao colunista Vasco Pulido Valente.
Contactado pela agência Lusa, Augusto M. Seabra considerou "inqualificável que, para além da ameaça de agressão física, para mais vinda de um ministro, tenha usado as redes sociais para responder, dessa forma, àquilo que é um exercício legítimo de um texto de opinião".
Para o colunista do "Público", a reacção de João Soares "atenta contra a liberdade de expressão e os direitos constitucionais dos cidadãos".
O artigo de Seabra de que Soares não gostou
Augusto M. Seabra publicou na quarta-feira um artigo de opinião na edição "online" do jornal "Público" considerando uma surpresa "inexplicável" a nomeação de João Soares para a tutela cultural do Governo.
No artigo de opinião "Tempo velho na cultura", M. Seabra considera que "o sector vive uma situação de emergência" pela sistemática desorçamentação e critica a falta de um aumento de dotação e o "acrescido desinvestimento na Direcção-Geral do Património e no Fundo de Fomento Cultural".
"Que um governante se rodeie de pessoas de confiança é óbvio. Mas no caso do gabinete de Soares trata-se de uma confraria de socialistas e maçons", escreve o programador cultural, criticando várias decisões de João Soares, nomeadamente a nomeação de "um velhoapparatchik, Elísio Summavielle, para o CCB, em lugar de António Lamas".
João Soares reagiu na página pessoal na rede social Facebook que em 1999 lhe prometeu [a Augusto M. Seabra] "publicamente um par de bofetadas". "Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia. Ele tinha, então, bolsado [bolçado] sobre mim umas aleivosias e calúnias", reage o ministro.
Pulido Valente "à espera das bofetadas"
João Soares remata, na publicação: "Estou a ver que tenho de o procurar, a ele e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também".
Vasco Pulido Valente, outro colunista do jornal "Público", tinha publicado no início de Março um artigo também muito crítico de João Soares, dizendo que não tem por ele "qualquer respeito nem como homem, nem como político".
Contactado pela Lusa, Vasco Pulido Valente disse apenas uma frase: "Cá fico à espera das bofetadas".
No artigo, Pulido Valente abordava igualmente o caso da substituição de Lamas no Centro Cultural de Belém, e considerava que o ministro "podia ter chamado discretamente o presidente do CCB para o demitir, alegando, como está no seu direito, falta de confiança política ou pessoal".
"Mas João Soares preferiu fazer do incidente um espectáculo público. Ameaçou o dr. Lamas, exibiu os seus poderes (que lhe vêm exclusivamente do cargo) e no fim ainda se foi gabar para a televisão. Não se percebe o motivo de toda esta palhaçada, excepto se pensarmos que ele é no governo um verbo-de-encher e que o PS o atura por simples caridade", escreveu Vasco Pulido Valente no artigo, ao qual João Soares reagiu também no Facebook.