07 abr, 2016 - 09:12 • Pedro Rios
O ministro da Cultura, João Soares, acusa o crítico cultural Augusto M. Seabra de escrever “calúnias”, prometendo-lhe umas “salutares bofetadas”. Vasco Pulido Valente, também colunista do "Público", é igualmente alvo da promessa de João Soares.
“Em 1999 prometi-lhe [a Augusto M. Seabra] publicamente um par de bofetadas. Foi uma promessa que ainda não pude cumprir. Não me cruzei com a personagem, Augusto M. Seabra, ao longo de todos estes anos. Mas continuo a esperar ter essa sorte. Lá chegará o dia. Ele tinha, então, bolsado [bolçado] sobre mim umas aleivosias e calunias. Agora volta a bolsar, no ‘Público’”, escreve o ministro, no seu perfil pessoal no Facebook, esta quinta-feira.
Em causa está o texto que Augusto M. Seabra assinou na edição de quarta-feira do “Público” , com o título “’Tempo Velho’ na Cultura”.
“A nomeação de João Soares para ministro da Cultura foi uma surpresa que permanece inexplicável já que passados quatro meses não afirmou uma linha de acção política, tão só um estilo de compadrio, prepotência e grosseria. De resto, não tinha qualificações particulares para o cargo”, argumenta o crítico e sociólogo.
Augusto M. Seabra classifica João Soares como um “derrotado nato – perdeu as eleições autárquicas em Lisboa e em Sintra e para secretário-geral do PS – mas também um caso de obstinação”.
“Que um governante se rodeie de pessoas de confiança é óbvio. Mas no caso do gabinete de Soares trata-se de uma confraria de socialistas e maçons”, refere ainda Seabra. “A isto se chama amiguismo, o gesto mais clamoroso sendo a nomeação de um velho apparatchik, Elísio Summavielle, para o CCB, em lugar de António Lamas”.
No Facebook, João Soares cita “uma amiga” para criticar o crítico: "Eis o verdadeiro vampiro, pois alimenta-se do trabalho (para ele sempre mau) dos outros."
E conclui: “Estou a ver que tenho de o procurar, a ele e já agora ao Vasco Pulido Valente, para as salutares bofetadas. Só lhes podem fazer bem. A mim também.”
Vasco Pulido Valente: PS atura Soares por "caridade"
Vasco Pulido Valente escreveu a 4 de Abril um texto crítico da forma como António Lamas foi demitido do CCB.
"O ministro podia ter chamado discretamente o director do CCB para o demitir, alegando, como está no seu direito, falta de confiança política ou pessoal. Mas João Soares preferiu fazer do incidente um espectáculo público. Ameaçou o dr. Lamas, exibiu os seus poderes (que lhe vêm exclusivamente do cargo) e no fim ainda se foi gabar para a televisão. Não se percebe o motivo de toda esta palhaçada, excepto se pensarmos que ele é no governo um verbo-de-encher e que o PS o atura por simples caridade", escreve.
"Como o dr. João Soares muito bem sabe, não tenho por ele qualquer respeito nem como homem, nem como político", refere Pulido Valente.
Contactado pela Renascença, o gabinete do ministro da Cultura remete para mais tarde eventuais esclarecimentos.