05 abr, 2016 - 10:50 • Olímpia Mairos
Os agricultores que compram, manuseiam ou aplicam pesticidas têm de obter uma licença para o efeito. A autorização passou a ser obrigatória, a 26 de Novembro.
A licença é concediada após a realização de formação e quem, a partir de 31 de Maio, for apanhado a utilizar os produtos fitofarmacêuticos sem ser portador do curso e autorização habilita-se a pagar uma coima que pode chegar ao dez mil euros.
Edite Gonçalves, 72 anos, tem terrenos na freguesia de Moreiras, no concelho de Chaves. Sempre usou pesticidas e diz que não precisou de lições de ninguém. Mas, agora, teve mesmo que fazer o curso. “Fui lá fazer o curso e só andei a fazer cruzes, não fiz mais nada. Entrou-me por um ouvido e saiu-me por outro”, diz à Renascença. Edite insiste que “já estava preparada antes" e que "não precisava nada disso”.
Esta pequena agricultora lamenta, ainda, ter sido obrigada a pagar a formação que lhe garante a licença para o uso de pesticidas: “Eles, de graça, não dão nada”. Deram-me um fato, mas paguei-o bem, com 55 euros."
Aos 78 anos, José Joaquim, embora contrariado, também cumpriu a formação que o habilita a usar os pesticidas. “Não aprendi nada. Eu já sei, há mais de 15, 20 e 30 anos. Sei mais do que os que lá deram a lição”, diz, zangado.
Já Manuel Fernandes, 71 anos, dá o tempo por bem empregue. “Aprende-se muita coisa. Nós, aqui, costumamos enxofrar em manhã de orvalho. E o pessoal dizia ‘está bom, porque fica lá o enxofre todo’. E eu dava conta que prejudicava mais as videiras novas. E aprendi que se devia deitar mais no fim do dia, com a videira enxuta. Aprendi e dá resultado”, diz o agricultor.
Também José Carneiro, 42, considera muito importante a formação que obteve. Aprendeu muito e com isso vai melhorar a sua agricultura e também o ambiente. “Há pessoas que pensam que é só deitar o herbicida, mas não é bem assim. Deviam saber mais um bocadinho. Antigamente, a gente deitava-o, não importava aonde e isso vai prejudicar muito o ambiente”, explica o agricultor.