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Mossack Fonseca: Divulgação de documentos "é ataque contra Panamá"

04 abr, 2016 - 10:57

“Panama Papers” revelou um gigantesco esquema de fuga fiscal e de lavagem de dinheiro. Caso resultou da investigação de um consórcio de jornalistas, que teve acesso a cerca de 11 milhões de documentos.

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A investigação de mais de 100 jornais sobre bens em paraísos fiscais de políticos ou personalidades de destaque é "um crime e um ataque" contra o Panamá, afirmou o director da firma de advogados Mossack Fonseca.

"É um crime, um delito", declarou à agência noticiosa France Presse (AFP) Ramon Fonseca Mora, director e fundador da Mossack Fonseca, após a divulgação de vários documentos, denominados "Documentos do Panamá", propriedade desta firma panamiana, especialista na gestão de capitais e patrimónios.

A investigação sobre 11,5 milhões de documentos encontrou bens em paraísos fiscais de 140 políticos ou personalidades de destaque.

A lista inclui o presidente da Argentina, o futebolista Lionel Messi, o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, o rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.

Para Fonseca, de 64 anos, "há duas maneiras de ver o mundo. A primeira é ser competitivo e a segunda criar mais impostos".

"Há uma guerra entre os países abertos, como o Panamá, e os países que cobram cada vez mais impostos às empresas e cidadãos", declarou.

De acordo com a imprensa, a Mossack Fonseca comunicou aos clientes ter sido alvo de um ataque informático, que poderá ter afectado os seus dados.

"Os documentos mostram que os bancos, as firmas de advogados e outros actores que operam em paraísos fiscais esquecem-se frequentemente da obrigação legal de verificar se os seus clientes não estão implicados em empresas criminais", afirmou o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, sigla em inglês), que coordenou a investigação e integra mais de 100 'media'.

Juergen Mossack, o outro fundador da firma panamiana, criada há cerca de 30 anos, nasceu na Alemanha em 1948, antes de emigrar para o Panamá, onde estudou direito, com a família.

Os dois advogados começaram por abrir a firma nas Ilhas Virgens britânicas, tendo deslocado a actividade para o Panamá quando as Ilhas Virgens foram obrigadas, sob pressão internacional, a abandonar o sistema de acções ao portador anónimas.

O governo do Panamá garantiu no domingo que "vai cooperar" com a justiça, em caso de abertura de processo judiciário.

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