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Costa rejeita populismo na reposição dos feriados. "É um acto de pedagogia cívica"

28 mar, 2016 - 12:29

"Há princípios, valores e acontecimentos fundamentais cuja memória e celebração não podem estar à mercê de cálculos ocasionais", defendeu o primeiro-ministro.

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O primeiro-ministro defende que a reposição dos quatro feriados nacionais, suspensos em 2012, foi um acto de "pedagogia cívica" e não baseado em facilitismo ou populismo político. Só há futuro com memória histórica colectiva, defendeu António Costa, esta segunda-feira.

Costa falava na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em Lisboa, numa cerimónia de referenda da lei que restabelece quatro feriados nacionais, dois civis (5 de Outubro e 1.º de Dezembro) e dois religiosos (Corpo de Deus e Todos dos Santos) suspensos pelo anterior executivo no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal (PAEF).

Na presença do duque de Bragança, Duarte Pio, e após os discursos do presidente da Sociedade Histórica da Independência de Portugal, José Alarcão Troni, e do coordenador do Movimento do 1.º de Dezembro de 1640, o ex-presidente do CDS-PP José Ribeiro e Castro, António Costa defendeu a tese de que nunca os valores históricos, resultantes da memória histórica colectiva, podem subalternizar-se perante valores conjunturais ou mesmo "efémeros".

"Há princípios, valores e acontecimentos fundamentais cuja memória e celebração não podem estar à mercê de cálculos ocasionais, de impulsos ideológicos e de fins propagandísticos, mesmo quando se apresentam sob argumentos que os dissimulam ou disfarçam", disse António Costa.

"É, aliás, esta a raiz de muitos e graves problemas do nosso tempo: a subordinação de valores perenes a interesses efémeros, a confusão entre o essencial e o acessório, a desvalorização do simbólico. A política faz-se com pragmatismo, mas, antes disso, faz-se com valores e princípios em que nos revemos e reconhecemos", acrescentou.

Reposição "em nome do futuro"

Na sua intervenção, o primeiro-ministro salientou que a decisão de repor os feriados não se deveu a "facilitismo" ou por ambição de popularidade fácil do ponto de vista político. "Pelo contrário, foi em nome do futuro que o fizemos e com a profunda convicção de que celebrar as grandes datas da nossa história não é desperdiçar recursos, mas investir no futuro e criar valor para os vindouros", contrapôs.

Para António Costa, a reposição dos feriados nacionais "é justa e necessária" em termos de futuro do país e de preservação da identidade nacional. "É por isso que o restabelecimento destes feriados deve ser um acto de pedagogia cívica. Temos a obrigação de comemorar as grandes datas nacionais com sentido patriótico, atitude contemporânea e capacidade de mobilizar e unir os portugueses", disse.

António Costa defendeu mesmo que "não há continuidade nacional, nem passagem de testemunho, nem comunidade participada, nem democracia enraizada, nem renovação de gerações sem consciência e sem memória colectivas".

"Temos de saber que Portugal não começou connosco, nem vai acabar connosco. Não há construção de um futuro melhor para todos sem alicerces firmes e sem fundamentos sólidos", acrescentou.

Numa crítica aos argumentos económico-financeiros que estiveram na origem da suspensão dos quatro feriados nacionais, António Costa advogou que "há valores permanentes acima das conveniências conjunturais".

"Ao restabelecer estes feriados, estamos a afirmar que a História, a memória, a cultura e a identidade de Portugal não são valores efémeros, dispensáveis, instrumentais ou secundários que possam ser depreciados, transaccionados ou esquecidos em nome de considerações circunstanciais ou de propósitos imediatistas ou utilitaristas", declarou.

Comentários
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  • Esperemos
    29 mar, 2016 Pt 08:51
    Que os traidores de Portugal, travestidos de salvadores e de sociais democratas, não voltem a a assentar-se na cadeira do poder. O povo português tem de abrir a pestana e não se deixar levar por cantigas de cagarras. Em 4 anos retrocedemos mais de 20 anos...
  • Ao Caxaone
    29 mar, 2016 Lis 08:45
    O Big Mac e outros seus correligionarios ainda andam à solta?...
  • caoxone
    29 mar, 2016 VNGaia 01:14
    a demagogia e a lata deste vendedor de banha da cobra é tão que os portugueses mereciam que este dia fosse feriado! Ou então o 1º de Abril.
  • Luis silva
    29 mar, 2016 Pêro pinheiro 00:34
    Estou de acordo
  • Marina
    28 mar, 2016 Lisboa 21:10
    Dois actos de superior patriotismo do Antonio Costa 1º correu com a direita de falsidade extrema 2º repôs os feriados que os portugueses mereciam.
  • Marina
    28 mar, 2016 Lisboa 21:09
    Dois actos de superior patriotismo do Antonio Costa 1º correu com a direita de falsidade extrema 2º repôs os feriados que os portugueses mereciam.
  • Observador
    28 mar, 2016 Fnc 19:40
    A reposição de feriados, não importa a sua catalogação, históricos, religiosos ou de outra qualquer índole, dias feriados que tocam muito à sensibilidade dos portugueses é um acto de justiça, de devolução da legalidade cerceada e nada prova pelo menos até agora qualquer relação causa efeito de menor ou maior produtividade do ponto de vista económico. Foram retirados apenas porque sim e nada mais pela governação anterior PSD/CDS! É efectivamente um acto cívico da maior relevância!
  • ernesto castro
    28 mar, 2016 esmoriz 16:11
    a RR no seu melhor e não publicou o meu simples ordeiro comentário...parabéns à Radio Renascença por não publicar os meus comentários em varias noticias. Assim é mais um que vos deixa de seguir e não sou o único a queixar-me. Uma vergonha a liberdade de expressão na Radio Renascença. VEJAM SE MUDAM DE ATITUDE POIS A VERGONHA É PARA A RR.
  • Com um inculto,
    28 mar, 2016 lx 15:31
    Como o farsola do Passos Coelho, o que é se poderia esperar?...Para esse figurão os valores da patria, resumem-se ao economicismo e mesmo assim deficientemente feito em folhas de excel! Sofremos durante 4 anos tudo o que de mau, em matéria de soberania, podia ser feito!
  • Joca
    28 mar, 2016 Terra 15:26
    Já que estamos em maré de revogações, não seria de revogar urgentemente o maldito Acordo Ortográfico? Um atentado à inteligência, à cultura e uma absoluta vergonha para a língua portuguesa. O único perdedor seria uma certa e conhecida editora que, mais papista do que o papa, desatou a implementar a todo o vapor o nefando AO.

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