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Infecções hospitalares matam mais que acidentes de viação

15 mar, 2016 - 16:32

O Ministério da Saúde quer reduzir o número de mortes por infecção hospitalar e vai criar incentivos para os hospitais.

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As infecções hospitalares matam mais em Portugal do que os acidentes de viação, estimando-se 12 óbitos diários por esta causa, pelo que o Ministério da Saúde vai avançar no próximo ano com incentivos aos hospitais que reduzam as infecções.

Os dados foram divulgados esta terça-feira, durante a apresentação do Programa de Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCIRA), da Direcção-geral da Saúde.

Segundo o estudo, o número de óbitos por infecções hospitalares “é muito superior ao de acidentes de viação”, estimando-se que em 2014 tenham ocorrido 4.500 mortes por esta causa, com uma despesa associada de 300 milhões de euros".

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, destacou precisamente o aumento de mortalidade por infecções, nos cuidados de saúde, sublinhando que “se morre sete vezes mais por infecções do que nos acidentes de viação”.

O director do programa, Paulo André Fernandes, confirmou que, “gradualmente, é um problema que tem vindo a aumentar e que tende a aumentar, se não houver mobilização de esforços e recursos para que isso não aconteça”.

Entre esses esforços, conta-se a intenção do Ministério da Saúde de avançar em 2017 com incentivos financeiros aos hospitais que consigam reduzir as infecções.

Para tal, serão necessários “indicadores claros, que serão disponibilizados até Junho deste ano”, revelou o secretário de Estado.

“No segundo semestre, vamos monitorizar e, a partir daí, colocar objectivos para que, no contrato programa de 2017, sejam implementados e, em função de serem atingidos, sejam ressarcidos os hospitais para premiar as boas práticas”, acrescentou.

Também Paulo André Fernandes considera os incentivos financeiros “um instrumento importante para que medidas sejam tomadas”, já que, mais de um terço das infecções podem ser prevenidos”.

“O objectivo é que, através do incentivo financeiro, consigamos que as instituições cumpram de uma forma mais cabal todas as recomendações de boas práticas nesta área”, considerou.

Além dos incentivos financeiros, a tutela defende que os conselhos de administração dos hospitais e as direcções clínicas estejam mais sensibilizados para a importância de administrarem de forma mais criteriosa os antibióticos (para reduzir a resistência dos microrganismos) e adoptarem outras medidas recomendadas no programa, como diminuir a duração terapêutica antibiótica e não usar estes medicamentos na ausência de infecção bacteriana.

“É uma área extremamente crítica para a prestação dos cuidados de saúde, temos de dar os meios para que os profissionais de saúde possam mudar práticas e reduzir infecções, prevenindo a ocorrência”, acrescentou o governante.

Comentários
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  • Sabrina
    16 mar, 2016 03:46
    Quantas vezes lavam as paredes dos hospitais? Devem ser lavadas pelo menos 3 vezes ao ano.
  • Luis
    15 mar, 2016 Lisboa 19:43
    Se juntarem a estes numeros os que morrem por incompetência, negligência e falta de cuidados atempados então os numeros são assustadores. Com isto ninguém se preocupa. Ninguém se preocupa com aqueles que entram no hospital com uma unha encravada e que saiem de lá deitados, com os pés para a frente e a cabeça a abanar. Todos os puritanos cá do burgo só se preocupam é com a Eutanásia. Cambada de hipocritas que nem bons cristão sabem ser.
  • Carlos de Arbués
    15 mar, 2016 Castro Verde 17:12
    As Unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados têm valores médios de infecções hospitalares dez vezes menores que os hospitais. Porém, nunca tiveram incentivos financeiros para alcançar esses valores. As infecções hospitalares evitam-se com a aquisição e manutenção apropriada de equipamentos de qualidade para os estabelecimentos, nomeadamente equipamentos de AVAC (doenças transmissíveis pelo ar), rede e acessórios de fornecimento de água (doenças tipo "legionella") e também por um controlo apertado dos procedimentos de segurança para evitar a transmissão por contacto. Ora, para ter em conta estas situações, é necessário gastar dinheiro antes, em aquisição e manutenção de equipamentos de tratamento de ar e águas, em formação profissional contínua, e na própria monitorização dos resultados de todas estas acções. Esperar pelos resultados, e depois premiar os melhores, é no mínimo surpreendente... O que realmente tem de se fazer é dar condições primeiro (equipamentos e dinheiro), e depois exigir resultados, penalizando quem os não atingir. Desta forma acredito que diminuam as infecções hospitalares, com soluções tipo lotaria será quase impossível registarem-se grandes melhoras.

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