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​Francisco, um Papa da ecologia, "moderação e respeito pelos outros"

13 mar, 2016 - 10:29 • Aura Miguel , Ângela Roque

Em declarações à Renascença por ocasião do terceiro ano de pontificado de Francisco, que se comemora este domingo, o ambientalista Viriato Soromenho-Marques destaca a importância da Encíclica “Laudato Si”, um documento que considera profundo e incontornável, como nunca houve na Igreja.

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Outros Papas tinham apontado para a necessidade de repensar o desafio ecológico, mas Francisco propõe uma revisão de vida, afirma Viriato Soromenho-Marques.

Em declarações à Renascença por ocasião do terceiro ano de pontificado de Francisco, que se comemora este domingo, o ambientalista confessa que recebeu com grande satisfação a Encíclica “Laudato Si”, um documento que considera profundo e incontornável, como nunca houve na Igreja.

“É, de facto, um documento que foi muitíssimo bem preparado, trabalhado por teólogos, mas também por cientistas”, afirma o professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

A Encíclica “Laudato Si” é muito rigorosa do ponto de vista técnico, mas “não prescinde também de uma perspectiva que é não separar, por exemplo, a destruição e uso predatório dos recursos naturais, da forma como os seres humanos, através de uma exploração económica intensiva, são desprovidos da sua própria vida, da sua capacidade de dar sentido à vida”, explica Soromenho-Marques.

O filósofo político lembra que já outros Papas tinham apontado para a necessidade de repensar o desafio ecológico, mas o que este documento propõe é uma revisão de vida.

“Eu explorei a Encíclica com várias grelhas de leitura possíveis, e uma das que fiz foi justamente a da relação com a felicidade humana. É muito interessante, a palavra ‘felicidade’ aparece uma única vez, e aparece no sentido de que a verdadeira felicidade é aquela que se consegue na moderação dos nossos desejos e necessidades, e na partilha com os outros, e sobretudo no respeito por tudo aquilo que nos rodeia.”

Na opinião de Soromenho-Marques, o documento do Papa vem “reabilitar o sentido verdadeiramente nobre da austeridade”.

E aqui não se trata de uma austeridade imposto “por políticas absurdas”, mas como uma “escolha ética, de moderação e de respeito pelos outros”.

“Não apenas pelos outros que podem ser as outras criaturas, mas pelos outros seres humanos que ainda não nasceram, os nossos filhos e netos, que vão precisar de um ambiente saudável, uma Terra saudável, para poderem ter uma vida digna”, conclui o ambientalista.

A entrevista a Viriato Soromenho-Marques vai ser transmitida no programa “Princípio e Fim” da Renascença, transmitido este domingo, depois do noticiário das 23h00.

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