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Jovens estão ainda "mais à rasca" cinco anos após megaprotesto

12 mar, 2016 - 10:48

Organizadora da manifestação "Geração à rasca" diz que a precariedade, o desemprego e a emigração continuam a ser um problema em Portugal, mas valeu à pena sair à rua.

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Cinco anos depois da manifestação "Geração à rasca", os organizadores do protesto afirmam que os jovens ainda estão "mais à rasca" devido ao agravamento da precariedade laboral, mas estão confiantes que o actual Governo consiga alterar a situação.

A 12 de Março de 2011, realizou-se pela primeira vez um protesto convocado nas redes sociais e não vinculado a partidos políticos ou sindicatos, conseguindo reunir o maior número de manifestantes nas ruas desde o 25 de Abril de 1974.

Cerca de 500 mil pessoas participaram nas manifestações da "Geração à rasca" em todo o país para reivindicar melhores condições de trabalho e o fim da precariedade e, apesar de hoje a situação se ter agravado, os organizadores consideram que "valeu a pena" o protesto.

Questionada pela agência Lusa, se passados cinco anos da manifestação ainda existe uma geração à rasca, Paula Gil, um dos quatro jovens que organizou o protesto, respondeu: "Claro que sim e cada vez mais".

"Os últimos quatros anos de governo demonstraram que a única forma de contratação no país era a precariedade, se não fosse essa precariedade estávamos limitados ao desemprego ou então à emigração", disse Paula Gil, que continua a ter um trabalho precário.

A activista adiantou que "a precariedade laboral intensificou-se" devido "a uma estratégia de desvalorização do trabalho".

"Hoje em dia as pessoas trabalham por muito menos dinheiro, com muito menos condições, com muitos menos direitos, exactamente porque o desemprego é tão grande", sustentou.

Apesar de a situação se ter agravado, Paula Gil afirmou que a manifestação "valeu a pena", uma vez que demonstrou que "era possível organizar pessoas em conjunto, independente do valor que os sindicatos e partidos têm para a nossa democracia".

"Mesmo assim acho que valeu a pena organizar aquela manifestação pela organização popular, pela noção de que é possível fazer democracia fora de estruturas organizadas e pelo enquadramento que as pessoas sentiram quando saíram à rua ao defenderem o seu trabalho e os seus direitos, mas sobretudo porque colocou, na altura, a precariedade na agenda política, que era uma coisa que não acontecia", disse.

A activista salientou que a questão da precariedade laboral está actualmente na agenda política e existe "uma preocupação constante em mencioná-la".

Nesse sentido, manifestou expectativa no actual Governo e espera que o acordo parlamentar com os partidos de esquerda "traga algumas alterações" aos direitos dos trabalhadores.

"Acha que há bastante expectativa criada em volta deste Governo. É um Governo que conta com o apoio do BE e do PCP", afirmou, avançando que o combate à precariedade laboral é "uma questão de vontade política".

"São várias situações ilegais que até agora foram formalizadas e autorizadas por todos os governos que tivemos no parlamento. Para se manter a ideia de que temos um Governo de esquerda, terá que se tomar uma atitude em relação à situação da precariedade laboral da maioria dos jovens", disse.

Para a activista, uma "boa forma de demonstrar vontade política" passa por "alterar o regime de impostos dos recibos verdes".

Paula Gil considerou ainda que actualmente é "possível existir uma manifestação como aquela que aconteceu há cinco anos". No entanto, sustentou que é necessário aguardar para ver quais as iniciativas que o Governo vai tomar na área de trabalho.

"Mas é sempre possível haver uma manifestação em torno da questão da precariedade, até porque cada vez mais há falsos recibos verdes. É o novo método de contratação nacional", concluiu.

Comentários
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  • Zé Português
    12 mar, 2016 Conchinchina 16:09
    Isto é assunto que não tem fim. Fala-se de tudo, discute-se à maneira de cada um, mas não se quer chegar no cerne do problema, prefere-se ignorar as realidades, porque por enquanto elas não interessam, mas elas estão aí e a cada dia aproximam-se mais das pessoas. Ninguém quer começar pelo princípio. E qual é o princípio? perguntarão muitos; é simples demais, são mais pessoas no planeta e mais máquinas substituindo-as nos trabalhos, logo irão sobrar cada vez mais para reclamar trabalho. São tecnologias que na palma da mão põe em contato direto, o interessado em vender com o interessado em comprar, o interessado no serviço e o prestador dele, o fabricante e o consumidor, enfim, um sem numero de processos que vão eliminando mão de obra, muitos postos de trabalho . Tantos exemplos que temos por aí. Pensem nisso, e antes de reclamar do trabalho precário, reclamem por trabalho. Quando se tem fome não se escolhe o que comer.
  • Será?
    12 mar, 2016 Pt 16:08
    Que estes organizadores são aqueles que tiveram de sair da zona de conforto dos gabinetes ministeriais do governo PSD/CDS?...Os tais "assessores" acabadinhos de formar e que ganhavam principescamente ar conta de milhares de outros que foram para o desemprego e a emigração? Cuidado com eles!
  • Quem está detrás!
    12 mar, 2016 Lx 14:52
    Cuidado com eles! Enquanto foram governados por PSD/CDS nada fizeram e foram estes que mais precarizaram e nandaram para a emigração os jovens. Esperemos que os jovens ny se deixem ludibriar pelo canto destes promotores que mais não são do que aqueles que estaviram a ganhar principescamente nos anteriores gabinetes ministeriais e agora ficaram se o tacho! Há que esclarecer os jovens.
  • Zé das Coves
    12 mar, 2016 Alverca 12:36
    A culpa é da esquerda radical, em quatro anos não consegui-o resolver nada a favor dos mais jovens. !
  • Claro!
    12 mar, 2016 lis 12:30
    E só agora estão a dar por isso? Durante o mandato de 4 anos do Farsola o que é que fizeram?...Aliás, isto começa a ter alguns contornos de tentativas de instabilidade resta saber quem começa novamente a estar por detrás! Ontem foram os suinicultores que com razão ou não uma coisa se notou, se já foram recebidos pelo ministro e este mostra-se receptivo às reeinvidicações a serem apresentadas em Bruxelas, alguns suinicultores arranjam novas reinvidicações que só podem ser para desestabilizar entendimentos!...Que partido da "lavoura" estará por detrás deles?...Agora aparecem estes com a precariedade, quando durante 4 anos foram lançados para ela pelo Coelhinho e afins e o actual governo até está com intenções de dar solução a esta situação! Muito estranhas todas estas manobras!...E os media vão começar a empolar, como foi visto pela reportagem de ontem sobre os suinicultores!
  • Pedro
    12 mar, 2016 Bencatel 12:02
    Muito interessante, então não tiveram tempo durante esses cinco anos para se voltarem a manifestar? É agora, com a entrada deste novo governo, que resolvem voltar à carga, isto leva a pensar, tal como a manifestação de criadores de porcos, que anda por ai a mãozinha do psd/cds agora que têm o marcelinho na presidência.
  • bintoito
    12 mar, 2016 penteado 11:53
    GERAÇÃO PÉ DE CABRA Sou da geração do velho tostão Calças rotas na mão Que sede que eu tinha Sou da geração das magras vacas Bacalhau ás lascas meia sardinha Que sede que eu tinha Sou da geração de sebo no pão Ferrar o calo na mão Que sede que eu tinha Sou da geração que paga a dobrar Cá os anda a aturar Que sede que eu tenho Sou da geração que sacode o ranho Que lhes serve p´ró banho Que grande sede que eu tenho A escola era a sacola No monte com o gado Com os lobos todo borrado A casa era o palheiro Á luz fosca da candeia Com feno de travesseiro
  • fr
    12 mar, 2016 Portugal 11:47
    os jovens estão ilibados se andarem a roubar, é mesmo para comer

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