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António Vitorino. "Crise de migrações só será estancada com controlos na Turquia"

06 mar, 2016 - 23:33 • José Pedro Frazão

Na antecipação da Cimeira UE/Turquia, o antigo comissário europeu alerta para a proposta de recolocação de refugiados em países europeus. Santana Lopes chama a atenção para a natureza "explosiva" da questão turca.

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A Turquia é a chave para travar a crise migratória. A opinião de António Vitorino antecipa a cimeira UE/Turquia que se realiza esta segunda-feira. "Só há maneira de estancar esta situação se as pessoas forem impedidas de sair das praias da Turquia. Não é o local de destino, não é nas ilhas gregas que se pode resolver o problema. O problema está na origem, nas praias da Turquia, no controlo dos embarques e no acolhimento dessas pessoas na Turquia", defende o antigo comissário europeu que em Bruxelas ocupou a pasta das migrações.

António Vitorino diz que é preciso que da Cimeira surja algo " que possa mudar significativamente o registo" do diálogo entre a União Europeia e a Turquia. O antigo ministro socialista espera que os turcos coloquem em cima da mesa a possibilidade de colocar as pessoas que estão em campos de refugiados em alguns países europeus.

Já Pedro Santana Lopes defende uma consolidação dos mecanismos de confiança e coordenação política entre ambas as partes.

"A questão turca tem dimensões estratégicas de negociação permanente e observação por parte dos aliados. É uma situação explosiva a outros níveis - não só em termos sociais - e que exige uma atenção e um trabalho da União Europeia muito diferente. E dos nossos aliados, daqueles que pretendem assegurar a paz naquela região. Não nos esqueçamos do que se passa entre a Turquia e a Rússia. Há muitas dimensões na relação com a Turquia que exigem trabalho para além da questão dos refugiados", observa o antigo primeiro-ministro no programa "Fora da Caixa", da Renascença.

Fecham-se as fronteiras? "As pessoas vão continuar a tentar passar"

Não é fechando as fronteiras que o problema se resolve, adverte António Vitorino. "As pessoas vão tentar continuar o seu percurso de toda a maneira até à Europa Central, dificultado pelo fecho das fronteiras. Isso não se vai traduzir na contenção das pessoas. As pessoas vão continuar a tentar passar. E vamos ter problemas humanitários não apenas na Grécia mas vamos também encontrar problemas humanitários em todos os Balcãs Ocidentais", antecipa o comentador da Renascença.

António Vitorino lembra que um número significativo de pessoas vai ficar bloqueado na Grécia, o que justifica um apoio de emergência libertado por Bruxelas. "Há cerca de 30 mil pessoas num campo não organizado na fronteira entre a Grécia e a Macedónia. Essas pessoas vão precisar de comer, de apoio sanitário básico. É para essas pessoas que este fundo foi agora criado", acrescenta o antigo ministro socialista.

A criação de um mecanismo de ajuda humanitária urgente, recentemente adoptado pela Comissão Europeia, dá sinal de uma acção mais firme de Bruxelas nesta crise. Santana Lopes considera que a União Europeia está a fazer o que pode num problema que manifestamente veio para ficar.

"Há acção nos gabinetes e no terreno, num trabalho de proximidade que deve ser reforçado através dos principais responsáveis políticos. Mas já não tem nada a ver com essa inacção do ano passado algo confrangedora", afirma o antigo primeiro-ministro.

Comentários
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  • JCS
    07 mar, 2016 Fnc 18:17
    Perante estes acontecimentos com os refugiados e o modo como a Turquia tem reagido está mais do que visto que a Turquia não reúne (nem nunca conseguirá) condições para a adesão à U.E., se a Turquia fosse membro da U.E. estávamos bem arranjados.
  • 07 mar, 2016 LISBOA 09:15
    QUEM FINANCIOU E TREINOU GRUPOS TERRORISTAS NAQUELES PAÍSES PARA CHEGAR AO PETROLEO A DEVERIA AGORA LEVAR COM OS CHAMADOS "REFUGIADOS" TRAZÊ-LOS PARA PORTUGAL?? É GOZAR COM 2 MILHÕES DE PORTUGUESES NA POBREZA - É GOZAR CCOM MAIS DE MEIO MILHÃO DE PORTUGUESES SEM TRABALHO - É GOZAR COM MILHARES DE PORTUGUESES QUE PARA MATAREM A FOME RECORREM AO BANCO ALIMENTAR - É GOZAR COM 400 MIL SEM ABRIGO - É GOZAR COM MILHARES DE CRIANÇAS PORTUGUESES COM FOME, ETC. E OS PORTUGUESES ASSISTEM IMPÁVIDOS A ESTA FANTOCHADA!! PRIMEIRO ESTÁ A ISLAMIZAÇÃO DO PAÍS, A DESTRUIÇÃO DA NOSSA CULTURA, DEPOIS ESTÃO OS PORTUGUESES, ISTO É REVOLTANTE!!! ONDE ESTÁ O POVO PORTUGUÊS??? ESTÁ EM COMA??? OS OUTROS FAZEM A GUERRA NÓS COM OS NOSSOS IMPOSTOS PAGAMOS A CORRIDO AO PETROLEO!!!
  • 07 mar, 2016 08:32
    Ate a resolucao politica estar concluida,tem q existir urgentemente resolucao humanitaria. Pre fabricar campos de refugiados, com condicoes basicas essenciais, reunir pessoas qualificadas dentro dos campos e dar lhes tarefas da sua area, assim capazes de destribuir tarefas pela restante comunidade refugiada. Tem q ser esclarecidos, de que a europa nao esta, e precisa de tempo para estar preparada para este acontecimento tao tragico, tem que entender q nao ha na europa lugar, para milhares e milhares de pessoas, e muito menos em meia duzia de meses. Tem q comprender e aceitar a espera para a preparacao da entrada na europa. Enquanto esperam devem organizar se, entre si, usando os seus conhecimentos praticos e psicologicos, de forma a que este tempo de espera seja respeitado em todos os sentidos. Casa pre fabricada, com hospital, sanitarios, duche e lavaloicas, escola......parque infantil.....criar vida, esperanca capaz de esperar por dias melhores, e entender q nao importa empurrar o problema, mas sim trabalharmos juntos para o mesmo objetivo...

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