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Quase um terço dos rapazes acha legítimo exercer violência sexual durante o namoro

12 fev, 2016 - 08:38

Desde 2013 que o Código Penal considera as agressões entre namorados e ex-namorados um crime de violência doméstica.

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Um estudo sobre violência no namoro realizado junto de 2.500 jovens revela que quase um terço dos rapazes (32,5%) acha legítimo exercer violência sexual sobre a sua namorada e que 14,5% das raparigas não considera violência forçar um beijo ou relações sexuais.

Também 32,5% dos rapazes inquiridos diz não considerar forçar o beijo ou a relação sexual como uma forma de violência, indica a criminóloga Cátia Pontedeira, da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que divulga esta sexta-feira no Porto o resultado do estudo sobre a prevalência e legitimação da violência no namoro.

O estudo, desenvolvido nos últimos quatro meses, inquiriu jovens entre 12 e 18 anos do Grande Porto, Braga e Coimbra e conclui que os rapazes legitimam mais os comportamentos violentos do que as raparigas, sendo que, da totalidade dos 2.500 jovens, "16% consideram normal forçar o/a companheiro/a a ter relações sexuais".

Realizada no âmbito do projecto Artways – Políticas Educativas e de Formação contra a Violência e Delinquência Juvenil, a investigação indica ainda que "7% dos jovens já tinham sofrido algum tipo de violência nas suas relações de namoro" e que a maior parte da violência descrita é psicológica.

A violência física no namoro foi assumida por 5% do total de jovens inquiridos e a violência sexual foi reportada por 4,5% dos jovens.

"Estes dados de prevalência de violência são preocupantes", considera, em declarações à agência Lusa, a criminóloga da UMAR, lembrando que se está a falar de um grupo de jovens cuja idade média é de 14 anos.

Segundo a UMAR, que faz estudos sobre violência de namoro desde 2009, estes dados revelam que a "vitimização tem subido ligeiramente, o que não significa necessariamente que haja mais vítimas no namoro.

"Pode significar, por exemplo, que há um maior reconhecimento deste fenómeno e, portanto, uma maior denúncia, uma maior procura de ajuda e também maiores dados estatísticos em termos da sua prevalência.

"Os dados deste estudo levam-nos a afirmar e defender que há ainda uma grande necessidade de trabalhar estes temas com os jovens", defende Cátia Pontedeira, lembrando que a UMAR está a desenvolver um trabalho de "prevenção primária na violência de género e que está a decorrer nas escolas há mais de 12 anos.

Por violência física entenda-se violência que deixa marcas visíveis físicas e actos que não deixem vestígios, como por exemplo "empurrar ou puxar".

Na violência sexual está implícito a violação, mas também pressões verbais como dizer "se não fazes sexo, não gostas de mim ou estás a perder o interesse em mim". Já na violência psicológica, a maior incidência são as proibições de estar ou falar com amigos ou mexer no telemóvel.

Em Fevereiro de 2013, o Código Penal passou a considerar crime de violência doméstica as agressões entre namorados e também entre ex-namorados.

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