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Estado fica com "palavra decisiva" nas questões estratégicas da TAP

06 fev, 2016 - 09:54

Primeiro-ministro espera uma sociedade para sempre entre o Estado português e o consórcio Atlantic Gateway. Memorando foi assinado este sábado de manhã.

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A gestão diária da TAP fica entregue ao consórcio privado Atlantic Gateway, mas o Estado fica com uma "palavra decisiva" nas questões estratégicas, explica o primeiro-ministro.

António Costa falava na cerimónia de assinatura do memorando entre o Estado e o grupo liderado pelos empresários Humberto Pedrosa e David Neeleman, que decorreu no Ministério do Planeamento, em Lisboa.

“O Governo não pretende intervir na gestão do dia-a-dia da TAP e, por isso, a gestão executiva caberá à Atlantic Gateway. Aquilo que cabe ao Estado garantir, e só, é aquilo que é essencial: A perenidade na visão estratégica e que a TAP existirá sempre, e garantirá sempre a ligação de Portugal e dos portugueses ao mundo”, declarou o primeiro-ministro.

"É com muita satisfação que iremos ser sócios não só nos próximos dois anos, vamos ser sócios para sempre", sublinhou António Costa.

O acordo assinado este sábado reverte o negócio celebrado nos últimos dias do anterior Governo PSD/CDS, no qual a Gateway passava a controlar 61% do capital da TAP.

Divórcio acabou em casamento

Na conferência de imprensa desta manhã, Humberto Pedrosa mostrou-se confortável com o entendimento agora alcançado com o executivo socialista.

"Eu disse que o nosso projecto e o do Governo não casavam, [mas] a boa vontade de ambas as partes e o diálogo permitiram que acabasse em casamento. Como não podia deixar de ser entre pessoas de boa fé, os interesses da TAP tinham que vir ao de cima, permitindo este desfecho", declarou Humberto Pedrosa.

Segundo o memorando agora assinado, o Estado paga 1,9 milhões de euros para ficar com 50% do capital da TAP. A empresa mantém o estatuto de privada.

A Atlantic Gateway fica com 45% e os restantes 5% serão alienados aos trabalhadores. O consórcio poderá ficar com as acções que não forem adquiridas pelos funcionários.

"O Estado português assume o compromisso de, no futuro, não deter uma participação superior a 50%", pode ler-se no memorando.

A TAP terá um conselho de administração composto por seis elementos nomeados pelo Estado e seis pela Gateway. A comissão executiva terá três responsáveis indicados pelos privados. O director-executivo "será nomeado pela Gateway após consulta prévia do Estado".

A manutenção da sede em Lisboa, da designação da empresa, a existência de um "hub" no aeroporto de Lisboa e as ligações aéreas para as regiões autónomas, a diáspora, África lusófona e Brasil são algumas das condições inscritas no novo memorando.

Em declarações aos jornalistas, o ministro do Planeamento, Pedro Marques esclareceu que "a existência de uma base de relevante no Porto não está em causa", mas a criação ou fim de rotas concretas é da responsabilidade da Gateway.

O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, Luís Leite Ramos, manifesta-se "muito preocupado" com os contornos da alteração do contrato da TAP, dizendo que parecem "pouco transparentes" e "levantam dúvidas", e anunciou que vai requerer com urgência a ida do ministro das Infraestruturas, Pedro Marques, ao Parlamento.

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  • Rodolfo
    06 fev, 2016 Lisboa 13:40
    Isto é um acordo do tipo nem carne nem peixe, nem eles sabem o que fizeram e quem vai tomar decisões futuras na TAP. As empresas de aviação têm que ser 100% privadas para poder enfrentar a cada vez mais dura concorrência entre as empresas de transportes aéreos! Interessa ao contribuinte tirar proveito dessa concorrência em termos de tarifas de transporte baixas , mas não interessa que o contribuinte tenha que responder por prejuízos de empresas estatais., ou comparticipar nelas. quando Semi-Estatais. O Sr. Antonio Costa e companhia toma decisões ás costas do contribuinte num Pais e com Dinheiro que não é DELE e estes governos ilegítimos de partidos perdedores e de minoria como também se está a formar um em Espanha , devem cair mais tarde ou mais cedo, uma vez que os acordos com a extrema esquerda bolchevista não se coadunam com uma Politica de um Estado Actualizado, Moderno , de Progresso.e de Estrutura mais compacta, para diminuir a longo prazo o carrasco da divida pública.
  • lol
    06 fev, 2016 Beckenham 13:25
    Mais um negocio que vai dar mal so e bom para o Pedrosa e para os sindicatos... o Zé povinho vai pagar isto tudo.... daqui a uns meses o Sr. Pedrosa e o mister Azul nao metem mais dinheiro na Tap e sera o estado a meter o dinheiro dos contribuintes numa empresa arruinada, os socios privados viram um bom negocio voltarem atrás na posição que tinham..... negocios a Portuga ..... paga Zé.....
  • Maria
    06 fev, 2016 Porto 13:14
    Era 1 milhão e tal, agora vão mais 30 milhões..... não estou a perceber nada .... ou não quero pensar que estou a perceber.... alguém se deve estar a rir.......
  • Lusitano
    06 fev, 2016 Porto 12:38
    Eu não quero empresas que podem ser privadas nas mãos do Estado! Mas isto é democracia? Já perguntaram aos eleitores? A democracia não existe. É tudo um tapa olhos. Outrora era ditadura com um ditador e bico calado! Agora é a mesma coisa e engole o sapo! Com a agravante da corrupção nas trocas e baldrocas sempre com luvas, pois estes mesmo sem razão têm força e o outro tinha a força na razão.
  • Ilidio Vaz
    06 fev, 2016 Ponta Delgada 12:34
    Ainda bem que o acordo foi assinado à vista dos Portugueses e não escondido como fizeram os PAF'S que também esconderam as várias cartas da UE e BCE sobre o BANIF que agora temos todos de pagar.
  • rosinda
    06 fev, 2016 palmela 12:23
    Esta gatunagem vao carregar os impostos sobre os automoveis ! Mas provavelmente estao dipostos a continuar a pagar desvarios que possam vir a acontecer na tap uma vez que somos donos de metade.
  • Zé Português
    06 fev, 2016 Portugal 12:22
    Há aí uma armadilha nessa casamento, normalmente nenhuma empresa mista quer o Estado em igualdade de mando. Estou perplexo com a cedência de Pedrosa, mas pode ser que ele tenha a sua estratégia também, não vou aqui revelar uma possível que me passa pela cabeça. Vamos dar tempo ao tempo. Quem sabe outro governo não aprenda a rasgar contratos já assinados, como este está a fazer.
  • José Oliveira
    06 fev, 2016 Rio Tinto 12:02
    Por causa dos negociantes atrás governantes , ficamos sem uma das melhores Transportadoras Aérias Mundiais . Os Portugueses sofreram tanto para ter um valor acrescentado . E vamos continuar a dar de mamar ao grande capital . É triste não é???
  • Zé das Coves
    06 fev, 2016 Alverca 11:50
    Mais uma vitoria da esquerda radical, Parabéns
  • Azedo
    06 fev, 2016 cascais 11:35
    Não percebo ...pagam para "limpar a cara"....ficam com 50%, mas sem controlo....é o mesmo que dizer que a TAP já não é portuguesa, mas pagámos para ser dos outros

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