29 jan, 2016 - 19:55
O líder do PSD considera que os avisos de instituições nacionais e internacionais não devem ser encarados com ligeireza e que "cabe ao Governo fazer uma comunicação que tranquilize as pessoas", esperando que sejam corrigidas escolhas.
Pedro Passos Coelho foi questionado sobre os alertas da agência de "rating" DBRS, que considerou que a meta de redução do défice para 2,6% este ano é ambiciosa e pode ser "difícil de concretizar", dado o "grau de incerteza" das medidas que o Governo pretende aplicar.
"Cabe ao Governo fazer uma comunicação que tranquilize as pessoas e isso obriga a ser consistente nas escolhas que são feitas e essas escolhas infelizmente têm vindo a ser muito questionadas. Espero que o Governo ainda as possa corrigir de modo a que o que nesta altura é apenas uma sinalização não se venha a concretizar", disse Passos Coelho aos jornalistas à entrada para a conferência evocativa "30 Anos de Portugal na Europa", que decorre no Centro Cultural de Belém.
Na opinião do líder do PSD, "não é uma situação que deva ser encarada com ligeireza".
"Os riscos que, por vontade própria, estão a ser aumentados com as decisões que estão a ser tomadas, nomeadamente com impacto no orçamento, aumentam a incerteza e criam junto dos investidores, junto dos cidadãos a intranquilidade sobre se as coisas não estarão a decorrer como já as vimos no passado", enfatizou.
"A ideia de que devemos prosseguir uma política que desafie esses riscos apenas porque estamos convencidos que podemos andar mais depressa e que devemos andar mais depressa e que merecemos andar mais depressa sem fazer bem as contas, pode ter consequências negativas", acrescentou ainda o anterior primeiro-ministro.
A DBRS, agência de notação financeira canadiana, é a única agência que dá `rating` acima de “lixo” a Portugal. A DBRS deverá pronunciar-se sobre a notação da dívida pública portuguesa a 29 de Abril e a 21 de Outubro.
"De acordo quer com a Comissão Europeia, com o Conselho de Finanças Públicas, quer com a UTAO, a forma como o Governo apresentou as contas não é correcta, não é adequada e não vale a pena reagir como infelizmente tem reagido o Governo sempre que é apanhado em falso, que faz asneira e que é questionado: apontar o dedo a outros e fazer de conta que não tem responsabilidade naquilo que decidiu", criticou ainda Passos Coelho.
Questionado se o PSD vai apresentar propostas alternativas ao Orçamento do Estado para 2016, Passos Coelho respondeu apenas: "Ainda não há sequer orçamento. Decidiremos sobre isso na altura própria. Ainda é cedo para estar a fazer considerações dessa natureza".