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Sindicato acusa maior empresa de "call centers" de fugir ao aumento do salário mínimo

07 jan, 2016 - 01:27

De acordo com o STCC, a Teleperformance decidiu cortar nos prémios dos trabalhadores que auferem a remuneração mínima, de modo a que não seja efectiva a subida do valor do salário em Janeiro. Em comunicado, a empresa nega.

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O Sindicato dos Trabalhadores de Call Center (STCC) acusa a maior empresa do sector de querer fugir à subida do salário mínimo.

De acordo com o STCC, a Teleperformance decidiu cortar nos prémios dos trabalhadores que auferem a remuneração mínima, de modo a que não seja efectiva a subida do valor do salário neste mês de Janeiro.

“Já no salário de Dezembro tentaram arranjar uma estratégia para contornar a subida do salário mínimo e, para que os trabalhadores não se apercebessem, anteciparam essa situação. Os trabalhadores que recebiam o salário mínimo nacional, alguns deles, auferiam os prémios, a Teleperformance optou por reduzir o prémio na ordem dos 25 a 30 euros. No próximo mês, a continuar esta situação, com a subida do salário mínimo os trabalhadores não iam notar a diferença”, explicou à Renascença o sindicalista Danilo Moreira.

A situação atinge cerca de mil trabalhadores. O Sindicato dos Trabalhadores de Call Center considera que a empresa está a cometer uma ilegalidade e já pediu esclarecimentos.

“É ilegal no sentido em que são prémios que, se forem pagos de forma regular, ao fim de alguns meses passa a ser componente fixa do salário de cada trabalhador. Vamos contestar e tentar reunir com a direcção”, refere o sindicalista Danilo Moreira.

Empresa nega

Num comunicado de resposta a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, a Teleperformance sublinha que "nenhum colaborador viu a sua remuneração reduzida em Dezembro relativamente à remuneração auferida anteriormente" e acrescenta que a mesma situação ocorrerá em Janeiro e nos meses subsequentes.

A empresa esclareceu que a “informação não tem qualquer fundamento e que a Teleperformance nunca equacionou a implementação de qualquer medida que tivesse como objectivo diminuir a compensação financeira dos seus colaboradores”.

No esclarecimento, a empresa diz que a “política de remuneração da Teleperformance é de pagar o máximo que consegue a toda a sua equipa de colaboradores e não o que é obrigada por lei”.

A empresa lembrou que a generalidade dos profissionais da empresa aufere um vencimento superior ao salário mínimo nacional.

“O salário mínimo nacional foi instituído em Portugal para assegurar que todos os profissionais auferem, pelo menos, esse valor. Assim, um eventual aumento não tem como consequência directa uma subida salarial dos profissionais, que já auferem um ordenado superior a esse valor”, é referido.

A empresa recordou também que, em Portugal, “está estabelecido que não se pode reduzir (excepto em condições particulares) a compensação financeira de um profissional”, salientando que atua no estrito respeito pela legislação em vigor.

[Notícia actualizada às 17h13 com o esclarecimento da Teleperformance]


Comentários
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  • CD
    09 jan, 2016 09:36
    Eu nao percebo!!! Devo trabalhar na melhor empresa do país, Randstad , fomos aumentados duas vezes este ano, os prémios nunca falharam, e ainda recebemos aumento de prémios .... Ha 5 anos que estou bem
  • Ww
    09 jan, 2016 Lisboa 08:43
    Como trabalhador atual desta empresa à 2 anos e meio, posso dizer que a negação da Teleperformance é mentira. Eu recebia os 505€ + 78€ de prémio de qualidade. Por volta do dia 10-15 de dezembro chamaram a quem recebia ainda este prémio (desde janeiro 2015 os novos contratos já não recebem), para informar que iam aumentar o ordenado base para 530€ e baixar o prémio de qualidade para os 48€ (ainda ficamos a perder 5€ em dezembro). É claro que em janeiro 2016 eles seriam obrigados a aumentar o ordenado mínimo para os 530€ e agora o prémio continua os 48€, ou seja além daqueles 5€ que foram à vida, perdemos desde janeiro 2016 mais 25€. Não sei como são capazes de dizer que não existem fundamentos, quando todos os trabalhadores sindicalizados fizeram participação e também os não sindicalizados manifestaram o seu desagrado. Escusado será dizer que já participei no ACT em dezembro 2015 isto e muitas outras situações de bullying laboral. Ainda não obtive resultados se calhar porque fiz online. Tenho de ir fazer denúncia presencialmente provavelmente.
  • Eugénio Rodrigues
    07 jan, 2016 Barcelos 23:31
    Esta "empresa" gere call-centers para outras empresas? Certo? Quais? Uma lista vinha a calhar para se saber quem pactua com exploradores.
  • Paula
    07 jan, 2016 Lisboa 16:31
    Os contratos que esta empresa apresenta aos funcionários devia ser uma vergonha nacional, é revoltante. É uma escravidão laboral encapotada e com a permissão e aval dos governantes que a visitam e a felicitam pelo crescimento e abertura de postos de trabalho. Deve ser bom em termos de estatística.... O sindicato fala do aumento do ordenado mínimo , será que sabem que nem o salário mínimo pagam a maioria dos seus trabalhadores pois os contratos são semanais??!?!? Subterfúgios é o que não falta a esta empresa para não pagar aos funcionários, nem tão pouco cumprir com o acordado na altura do contrato pois os prémios na sua maioria são um oásis e quando pagos, são pagos em vouchers. Condições deprimentes e oprimentes em que as pessoas se sujeitam a prestar serviço porque não há opções no mercado. Reparem bem a quantidade de anúncios de emprego que esta entidade está sempre a colocar, pensam que são resultado de crescimento?Não , deve-se mesmo é a elevada rotação existente de pessoas. As pessoas ali nem números chegam a ser, diria que são " carne para canhão"
  • Amrita
    07 jan, 2016 Amadora 13:25
    Se fosse só essa empresa... A Randstad também só aumenta o mínimo e se tivermos categorias superiores com responsabilidades acrescidas e 15/20 anos de casa o base não aumenta até o Mínimo atingir e ficar por ai, para ver se nos despedimos por nossa conta.
  • WWWW
    07 jan, 2016 COVILHA 11:46
    COM ESTE CORTE NO PREMIO, OS FUNCIONARIOS FICARAM A RECEBER MENOS DOQUE RECEBIAM ANTES, JA COM O AUMENTO DO SALARIO MINIMO NACIONAL.
  • jac@gmail.com
    07 jan, 2016 JOSE 11:42
    ONDE PÁRA AQUELE SENHOR DO PS QUE É PROVEDOR DESTE TRABALHO TEMPORARIO ?!! UM TAL DE VIATALINO CANAS!!!!!!! BLOCO DE ESQUERDA e PC ABRAM OS OLHOS...
  • Paulo
    07 jan, 2016 vfx 11:39
    Empresas como esta deveriam pagar mais impostos ao estado.
  • Magno Carlos
    07 jan, 2016 Barreiro 11:34
    Sabem quantos milhões custa ao cofres do estado esta encapotada fuga aos impostos "permitida por lei"'. Passo a explicar: Pessoas desempregadas sofrem e no desespero ganham consciência politica, cidadania. Como estão insatisfeitas, votam. Quando votam, geralmente é nos partidos de protesto. Isto não interessa aos partidos do arco de governação, que têm nas bases os seus alicerces e caciques de propaganda. Então, com milhões de euros de prejuízo, com as "facilidades" fiscais, criaram esta forma de evitar mudanças. Num país, onde um desempregado com filhos, vai para a rua se não pagar os seus impostos, temos os grandes monopólios a aliados a estas empresas a fugir aos mesmos. Mas viva o futebol e as novelas, não é rapaziada??? Pão e circo, ainda funciona... Milhares de anos depois... Ainda funciona...
  • Anónimo 2
    07 jan, 2016 Lisboa 11:28
    É mais que verdade! Existe um projeto de trabalhadores Brasileiros (+ ou - 300) onde estar a existir vários abusos e irregularidades: Diariamente os trabalhadores que são do ultimo turno são obrigados a fazer horas adicionais sem nunca recebê las, são simplesmente obrigados a continuar até que encerrem as chamadas, ATENÇÃO: O expediente encerra as 03:00 da manhã e as pessoas ficam até 03:30, 04:00 onde não tem transportes públicos e ficam a dormir no refeitório da empresa até a hora do primeiro comboio ou metro. Prêmios são prometidos e não pagos. Novos medidores são criados para não pagar o prêmio total. Constrangimentos, humilhações e autoritarismo por partes dos supervisores e diretores, Horários indefinidos, cada semana é um ciclo pela manhã, tarde ou madrugada. Não há posto médico, vários trabalhadores estão a passar mal por estafa mental e física e tem que continuar a trabalhar ou ficar jogado aos corredores. Brasileiros fazem o mesmo trabalho de outras nacionalidades e ganham o pior vencimento de toda a empresa. Acumulo de funções, um agente também trabalha como supervisor sem nada ganhar por isso. É comum presenciar trabalhadores a chorar, crise de panico ou realmente surtar pelo excesso de chamadas que são obrigados a fazer.

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