Tempo
|
A+ / A-

Governo PS sem surpresas no défice ou na banca. “Não temos nenhum álibi no início de funções"

18 dez, 2015 - 04:11 • José Pedro Frazão

Carlos César revela que o PS não se preocupou em garantir um só acordo à esquerda. No “Conselho de Directores”, o presidente dos socialistas fala num partido “reunificado pela natureza das coisas”.

A+ / A-

Caso Banif, estado da economia portuguesa, cumprimento do défice deste ano. O Presidente do PS, Carlos César, assegura que, ao chegar ao poder, o Governo não encontrou surpresas em nenhum destes ou outros pontos.

“As dificuldades são e serão enormes no sector financeiro e também noutras áreas. Correspondem não a um grau de surpresa para o Partido Socialista mas apenas à revelação daquilo que o PS de facto julgava que se passava. Não temos nenhum alibi no início do exercício de funções”, afirma Carlos César no programa “Conselho de Directores” da Renascença.

O presidente do PS assegura que os socialistas estavam à espera de casos difíceis para gerir como o delicado processo do Banif e dos problemas orçamentais do fim do ano. “Aquilo que pensávamos sobre a evolução do défice e a incapacidade de cumprir os 2,7% é aquilo que é verdade. Aquilo que pensávamos sobre o sector financeiro é mais ou menos aquilo que pensávamos que existia”, complementa o dirigente socialista.

PS não procurou um acordo único à esquerda

O presidente do PS foi o convidado de uma edição especial do “Conselho de Directores” dedica a faze ruma balanço do ano de 2015. O entendimento com vários partidos à esquerda foi destacado como um dos acontecimentos do ano.

“Três acordos não é um sinal de fragilidade. Aliás desde cedo, desde o primeiro momento não foi nossa preocupação ter um único acordo. O que para nós relevava era ter uma componente política – aliás comum a todos os acordos celebrados – e depois ter uma listagem de cada um dos partidos em relação às medidas a que atribuía maior importância”, explica Carlos César no “Conselho de Directores”.

O dirigente socialista assegura que “não há nenhuma dependência do PCP nem da CGTP” e acentua que a reversão nos transportes públicos de Lisboa e do Porto “já constava do nosso programa eleitoral”.

Programa PS não seria muito diferente

Carlos César garante que o programa do PS “não seria substancialmente diferente sem a necessidade recorrer de recorrer a estes acordos com os partidos à esquerda”, face ao que foi aprovado para executar “ nos próximos orçamentos de estado”.

O presidente dos socialistas remete algumas divergências à esquerda para um plano essencialmente metodológico.

“Há problemas de intensidades, uma medida ou outra cuja calendarização diverge. Isso não são aspectos essenciais, mas quase metodológicos, de mero calendário. Não há uma reprogramação política da governação do PS nem uma alteração programática com aspectos essenciais que resultem destes acordos feitos com cada um desses partidos”, sustenta Carlos César, na Renascença.

Acordo das esquerdas não nasceu na noite eleitoral

O presidente do PS garante que os contactos para um entendimento com os partidos à esquerda do PS não começaram a ser feitos durante a campanha.

“Nunca tivemos nenhum contacto antes das eleições que prefigurasse qualquer modelo institucional ou formal de cooperação com os outros partidos à nossa esquerda”, assegura Carlos César, garantindo ainda que, embora na noite eleitoral “ toda a gente falou com toda a gente”, não houve nenhum “contacto formal” sobre esse assunto.

Na noite de 4 de Outubro, António Costa proferiu uma frase que seria uma autêntico lema político para as semanas seguintes. “ Não inviabilizaremos um Governo sem termos um governo para viabilizar”, disse o líder do PS na noite eleitoral.

“Essa frase foi deixada depois de reflectida. Não foi espontânea ou impulsiva. Correspondeu a uma leitura racional dos resultados”, atesta Carlos César.

Um PS reunificado

O presidente do PS assegura que António Costa iria sempre recandidatar-se á liderança do partido, fosse qual fosse o resultado das eleições legislativas.

“É provável que se o PS não assumisse responsabilidades de Governo o Congresso não seria em Junho, mas necessariamente mais cedo. Mas parecer-me-ia claro que António Costa seria recandidato nesse congresso, independentemente do resultado eleitoral. Aquilo que foi reunificado pela natureza das coisas seria reunificado pelos resultados do congresso”, remata Carlos César na Renascença.

O “Conselho de Directores” é um programa semanal emitido na Edição da Noite da Renascença, com participação habitual de Pedro Santos Guerreiro, Henrique Monteiro e Graça Franco, esta semana substituída por Raquel Abecasis, com moderação de José Pedro Frazão.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Ó Luis B.
    18 dez, 2015 lx 11:46
    O problema é que ainda está muito mal contada a história da responsabilidade pela vinda efectiva da troika! Tal como foi feito em Espanha, poderia ter sido identico em Portugal e tudo estava negociado nesse sentido pelo governo em funções com a sra Merkel, se efectivamente o PSD, o seu lider e o responsavel do aparelho do partido, (sr Big Mac), não quisessem o poder rapidamente!...(Célebre frase de Big Mac, para Passos Coelho "ou és primeiro-ministro agora ou iremos a votos para novo presidente do partido"! Esta é que é a verdade dos factos, que anda a ser escondida e deturpada!...tramaram-se muitas familias que empobreceram e foram destruidas por emigração forçada! Imperdoável! Boas Festas, sociais-democratas!
  • Luis B.
    18 dez, 2015 Mirandela 10:28
    A única coisa que se pode destacar positivamente da entrevista, é que o PS não vai alegar alibis por estar surpreendido com aspectos negativos da anterior governação. Eles estavam ao corrente das dificuldades e da natureza de algumas metas falhadas por parte do anterior governo. Contudo a entrevista acaba por ser um repositório dos argumentos socialistas quando na Oposição, o que prejudica a visibilidade do que o anterior Governo fez de bom e positivo para que o governo do cambalacho parlamentar da troika de esquerda não vá ser surpreendido. Neste tipo de assuntos deve existir sempre a procura da verdade. E aos jornalistas compete pugnar para que as entrevistas não tenham uma só direcção, a que mais convém ao entrevistado. Não foi isso que se passou com o presidente do PS, registando-se uma certa submissão de argumentos, que contrasta com a agressividade argumentativa sempre que alguém do centro-direita é entrevistado. Por exemplo. O PS fala do incumprimento da meta do défice, que não será de 2.7 mas sim de cerca de 3.0%, ainda assim uma derrapagem que nos retira do procedimento de défice excessivo. Mas quem é que lá nos colocou? O anterior governo do PS! Alguém depreendeu isso da entrevista? Acho que não! Óbviamente pedir ao jornalista que perguntasse ao líder do PS como comparava a situação económica de Portugal em Maio de 2011 com Novembro 2015, essa seria uma pergunta interessante, que para variar o jornalista não fez. Submissão total...

Destaques V+