Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Nova descoberta contra a sida. Português lidera investigação que cria protótipo de vacina

17 dez, 2015 - 08:49

"Vamos entender de tal maneira como o sistema imunitário funciona que vamos ser capazes de desenvolver vacinas seja para o que for", avança Fernando Garcês Ferreira.

A+ / A-

Uma equipa de investigadores, liderada pelo português Fernando Garcês Ferreira, conseguiu dar mais um passo para uma possível vacina contra o vírus da sida, ao determinar como anticorpos muito potentes evoluem em contacto com o VIH.

Em 2014, o grupo de cientistas, do Scripps Research Institute, nos Estados Unidos, descobriu que uma família de anticorpos muito potentes que se desenvolveu numa pessoa infectada com o VIH - a PGT121 - neutralizava não apenas o vírus que infectava essa pessoa, mas também 80% de todas as variantes do vírus que existem nos humanos no mundo.

"Uma família de anticorpos que se poderia adaptar rapidamente às constantes modificações do vírus, o que nos dá esperança de que o sistema imunitário humano é capaz de controlar [a infecção]", assinalou à agência Lusa o investigador Fernando Garcês Ferreira, coordenador do estudo.

Feita a descoberta, a equipa lançou-se a um novo desafio: saber como esses anticorpos, produzidos nas células B (células do sistema imunitário), evoluíam no organismo em contacto com o vírus, que "está em constante mutação para escapar à acção do sistema imunitário". Depois, "reproduzir essa evolução numa vacina", explicou.

Recorrendo a técnicas da biologia estrutural, a equipa obteve imagens moleculares tridimensionais, de resolução atómica, da evolução dos anticorpos (que são proteínas, moléculas) em contacto com o VIH, para "chegarem a uma forma eficiente" de neutralizar o vírus.

Para Fernando Garcês Ferreira, é possível, pois, "fazer uma vacina que dirija os anticorpos PGT121 a evoluírem desta maneira".

Desenvolver vacinas seja para o que for

O investigador vai mais longe: "Vamos entender de tal maneira como o sistema imunitário funciona que vamos ser capazes de desenvolver vacinas seja para o que for".

Um protótipo da vacina, que já está a ser testado em ratinhos, foi `desenhado` pelo mesmo grupo de cientistas, que se socorreu de tecnologias de biologia molecular.

Com este método, ‘desenharam’ a expressão de proteínas da superfície do vírus, que, explicou Fernando Garcês Ferreira, são as únicas reconhecidas pelo sistema imunitário humano como invasoras, e, por isso, são o alvo de acção dos anticorpos PGT121.

De acordo com o investigador, são essas proteínas do vírus, ‘proteínas do envelope do VIH’, que vão ser a vacina.

As proteínas virais terão de ter "ligeiras modificações" para "estimularem o sistema imunitário a produzir os anticorpos" no ponto desejável para matar o VIH, adiantou.

Os resultados da mais recente investigação da equipa de Fernando Garcês Ferreira foram publicados esta semana na revista “Immunity”.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • aonde e que podemos
    10 jun, 2016 Angola 21:11
    Espero que deus abençoa os cientistas

Destaques V+