17 dez, 2015 - 07:07 • Aura Miguel
O Papa Francisco celebra esta quinta-feira o seu 79 º aniversário. Andrea Torniell, vaticanista italiano do diário “La Stampa” e responsável pelo site “Vatican Insider”, conhece Francisco desde os tempos em que ainda não era Papa.
Da sua relação de amizade com Jorge Mario Bergoglio, destaca, em entrevista à Renascença, a sua atenção a cada pessoa. Várias vezes o acompanhou a pé pelas ruas de Roma e reconhece que Francisco tem saudades dessa “liberdade”. Tornielli garante, no entanto, que agora Bergoglio é mais alegre e extrovertido do que nos tempos em que era cardeal e que o seu dia de aniversário é um dia como outro qualquer.
Como se pode definir a pessoa do Papa?
Um homem que encarna aquilo que prega e é capaz mostrar uma grande ternura e proximidade. É a sua principal característica. É claro que os Papas anteriores também viviam o que pregavam, mas a característica deste é mostrar proximidade para com as pessoas.
Conheceu pessoalmente Bergoglio, antes de ser Papa…
Conheci-o há dez anos, o primeiro encontro foi na Praça de São Pedro. Abordei-o para lhe dar um livro, ele não me conhecia e fiquei impressionado, porque não é sempre que um cardeal se disponibiliza para prestar atenção a um desconhecido. Ele ouviu-me, aceitou o livro, agradeceu-me muito e depois escreveu-me de novo a agradecer. Voltei a encontrá-lo várias vezes em casa de amigos, já era assim como é agora, com a sua faceta de padre espiritual, capaz de olhar para a vida da Igreja e ao mesmo para a vida das pessoas. Tal como hoje ainda faz, quando continua a confessar. Percebe-se que o que ele mais gosta é ser padre.
Falta-lhe ter mais contacto com as pessoas?
É difícil pensar que ele possa sair do Vaticano sem ser reconhecido, este é o problema. Faz-lhe falta poder sair sozinho, sem acompanhantes nem escolta, e poder entrar numa igreja, ir comer uma pizza ou fazer a vida que fazia dantes. Ele gostava muito de andar a pé, é difícil imaginar que o pudesse fazer agora, porque todos o reconheceriam.
Mudou alguma coisa, quando passou de Bergoglio a Francisco?
Sim, mudou: brotou dentro dele uma capacidade de sorrir e uma expressividade. Dantes era muito mais contido, era uma pessoa reservada.
Como pensa que vai passar o dia de anos?
Não me parece que ele goste de celebrações, nem de autocelebrações. Mas será inevitável que, sendo o aniversário do Papa, venha a receber muitas mensagens de parabéns. Mas creio que, para ele, vai ser um dia igual aos outros.