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Portugal deverá falhar redução do défice estrutural exigida por Bruxelas

11 dez, 2015 - 17:37 • Sandra Afonso

Presidente do banco central alemão visitou Portugal e reuniu-se com o ministro das Finanças. Saiu com a convicção de que não haverá consolidação estrutural em Portugal.

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Depois das medidas extraordinárias aprovadas esta semana, o Governo deverá conseguir apresentar este ano um défice de 3% a Bruxelas. No entanto, fica pelo caminho outra regra do tratado orçamental: a redução do défice estrutural (o défice corrigido do efeito conjuntural).

Ao que a Renascença apurou, Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, o banco central da Alemanha, a maior economia europeia, concluiu esta sexta-feira uma visita a Portugal convencido que não haverá consolidação estrutural em Portugal.

A redução do défice orçamental para 3% é o principal objectivo para a correcção das contas, mas o tratado orçamental europeu inclui mais regras, como a redução de pelo menos meio ponto percentual do défice estrutural por ano até que atinja 0,5% do PIB.

Segundo as previsões de Outono da Comissão Europeia, o défice estrutural de Portugal será de 1,8% do PIB em 2015 (mais 0,4 pontos percentuais do que em 2014). Este indicador subirá para 2,3% no próximo ano e 2,4% em 2017, prevê Bruxelas.

Apesar de ser exigido pelo tratado orçamental, o défice estrutural não é habitualmente mencionado quando se fala nos procedimentos de défices excessivos, uma vez que o critério principal é a barreira dos 3% do défice orçamental.

Com a crise e o aumento da dívida, o défice estrutural passou a ser uma ferramenta útil para avaliar o desempenho de um país sob processo de ajustamento e é um dos critérios que a Comissão Europeia e os ministros das Finanças terão em conta quando analisarem as contas de Portugal.

Na última recomendação sobre procedimentos de défices excessivos, de Junho de 2013, o Conselho da União Europeia alertava para a necessidade de Portugal reduzir os défices estrutural e orçamental.

Bundesbank não acredita em consolidação estrutural

A Renascença sabe que Jens Weidmann saiu da reunião com Mário Centeno com a certeza de que o ministro das Finanças português não acredita que Portugal conseguirá reduzir o seu défice estrutural.

O presidente do Bundesbank gostou do que ouviu em termos de reformas planeadas pelo novo governo do PS, mas o esforço orçamental não o convenceu.

Comentários
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  • José Cunha
    20 dez, 2015 Paredes de Coura 19:38
    Já começa desta maneira senhor ministro das finanças? Ainda não começou a governar ou desgovernar e já está aflito, pois é não basta esse risinho de inocente é preciso bater o é em Bruxelas como os seus camaradas sempre disseram e agora? Ainda a procissão vai no adro vamos ver o que o senhor vai fazer para não agravar as contas públicas e reduzir os débitos, dê facilidades á boa maneira socialista, revogue as principais reformas do anterior governo nos transportes o cancro das finanças públicas que nos sugam milhões de euros ano após ano...outras reformas estruturais quer no ensino como na economia. Esperamos para ver senhor ministro das finanças!...
  • engolir sapos
    20 dez, 2015 Santarém 00:03
    Será que o senhor Centeno vai começar a perder o sorriso, é que de Bruxelas já há avisos e a equipa da troika o mês de Janeiro já estará aí para super-visionar a marcha da carruagem, veremos se serão só maravilhas como toda a esquerdalha prometeu aos portugueses ou se terá de ser o continuar do apertar do cinto e talvez de uma maneira ainda mais cerrada devido aos trambolhões da geringonça.
  • Nuno Alves
    14 dez, 2015 Lisbone 13:06
    Que tal perguntar a outros países, designadamente de grande dimensão (exemplo: França e Espanha) se estão aptos a cumprir todos os critérios definidos no TO?
  • Eborense
    12 dez, 2015 Évora 18:44
    O Sr. Costa apoiado pelos radicais do PCP e BE, não vai cumprir o défice estrutural nem o défice orçamental no próximo ano, ou então, terá que haver um milagre ainda maior do que o de Fátima, em que nossa Sr. (a) apareceu em cima de uma oliveira aos 3 pastorinhos. Isto vai significar, que quando outro governo responsável governar, teremos que apertar novamente o cinto e ainda mais do que nos últimos 4 anos. É sem espinhas e só os burros é que não vêm que isto irá acontecer.
  • Ó madala
    12 dez, 2015 Pt 14:19
    Vocês direitolas são uns "espertos" em virar o bico ao prego. Colocam nos outros o que vocês fazem e propagandeiam. Foi assim durante 4 anos para levarem à certa os incautos. Malandrsgem!
  • sofia
    12 dez, 2015 lx 14:17
    O governo PS/BE/PC, optou por aumentar a despesa (repondo em um ano os salários da função pública) como pode diminiuir o défice estrutural?
  • Calma?
    12 dez, 2015 Porto 11:36
    Tem piada, ia jurar que tudo o que de mau aconteceu a este governo anterior, foi culpa do Sócrates, não foi? Aliás, ainda durante estas legislativas, foi o que foi, nem programa havia. A maioria dos portugueses nem sequer quer o melhor para o país, mas para eles mesmos. Só assim se justifica tanta corrupção e a maioria a achar normal...
  • Luis B.
    12 dez, 2015 Mirandela 11:02
    Parece-me evidente que há duas conclusões a tirar: 1) o esforço ciclópico exigido aos portugueses durante estes 4 anos, parcialmente aliviado no presente ano, serviu para reduzir o défice socialista de 10% em 2011 para 3% em Dez 2015, 2) apesar desse esforço ciclópico a correcção estrutural do défice não foi possível de obter. Ora é aqui que a troika dos cambalachos da esquerda fica surpreendida... andaram 4 anos a "malhar" no governo de centro-direita por cortar salários, privilégios e outros direitos "adquiridos", e nem assim se consegue corrigir a parte estrutural do défice... Agora imagine-se o que vai acontecer em 2016 com a nova teoria da troika dos cambalachos, do "acabou a austeridade"... Eles já começam a tremer só de pensar que o mar de promessas em que basearam a mentira do acordo parlamentar para derrubar uma coligação que o POVO escolheu para governar, afinal vai aumentar os dois défices: o corrente e o estrutural...
  • Luis
    12 dez, 2015 Lisboa 10:34
    Vamos lá com calma, o defice de 2.7 não foi cumprido conforme tinha sido anunciado pelo anterior governo e isso não podem concerteza culpar o actual até porque este ano as unicas medidas tomadas não são de gastos são de cortes de seguida em relação ao défice estrutural existia a necessidade da redução de 0,5 durante o ano de 2015 para que este fosse uma realidade em 2016 bastaria depois um ajustamento de 0,4 fica a pergunta desde abril que a Maria Luis tinha anunciado estas medidas o que fizeram afinal para passar de uma redução de 0,5 para um aumento de 1,3 nada disto tem a ver com a esuqerda porque quantos vezes foi anunciado desde abril, olhem que o defice estrutural nós em vez de o reduzirmos andamos a aumenta-lo povinho ?
  • João Matias
    12 dez, 2015 Porto 03:27
    O Centeno começa bem: diz tudo e o seu contrário. Há dias, a fazer-se de caro e a desdenhar das medidas do governo anterior e do sacrifício dos índígenas, dizia que era quase impossível o défice ficar nos 3%; Bruxelas desmentiu-o e o senhpr, ontem, já dizia que era possível ficar porque ia tomar umas medidas tais que em 15 dias iam pôr a coisa nos eixos (não é anedota, Centeno dixit); hoje já o défice vai ficar acima dos 3%. Livra que com um contabilista destes a coisa promete. Pois bem; pelos vistos seja com 3% ou um pouco menos, o governo de Passos conseguiu pôr o défice a níveis aceitáveis, bem longe dos 6,8% com que Sócrates nos deixou. E qto às medidas (?) foleiritas inventadas à pressa pelo sr ministro mostraram já que não aquentam nem arrefentam o assunto, são fait divers para enganar tolos. Isto promete!

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