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Portugal chamado a colaborar no maior caso de corrupção do Brasil

10 dez, 2015 - 00:05 • Liliana Monteiro

Em entrevista à Renascença, o procurador Roberson Pozzobon, que investiga o caso "Lava Jato", afirma que o auxílio de autoridades portuguesas "é fundamental".

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Portugal pode vir a ser chamado para colaborar com as autoridades brasileiras na mega-operação de combate à corrupção “Lava Jato”, disse à Renascença o procurador Roberson Pozzobon.

O maior processo de corrupção em investigação no Brasil começou com simples suspeitas de branqueamento de capitais, mas revelou rapidamente um “polvo” com inúmeros tentáculos que tocam a empresa Petrobras, empresários de topo e a política. Ao todo, são cerca de 500 as pessoas e empresas sob investigação. O esquema, baseado na superfacturação de contratos públicos, terá lesado o Estado brasileiro em mais de seis mil milhões de euros.

No Dia Internacional contra a Corrupção, Roberson Pozzobon, um dos procuradores do ministério público que lidera esta investigação, passou por Portugal e participou num seminário sobre corrupção no Tribunal de Contas. Em entrevista à Renascença, revela que o processo “Lava Jato” ultrapassa fronteiras e que há informações que vão ser pedidas a Portugal. Começa por explicar, afinal, porque é que se diz que este é o maior caso de corrupção no Brasil.

Porque é que se diz que esta é já uma das maiores investigações de corrupção no Brasil?

É uma investigação que chama muito a atenção porque atinge agentes económicos, as maiores empresas empreiteiras do país, envolve políticos, envolve altos funcionários da Petrobras e porque é um esquema de mais de uma década.

A corrupção é um fenómeno que rouba muito dinheiro aos cofres do Estado.

O montante que se estima ser o reflexo do fenómeno da corrupção no Brasil é de 200 mil milhões de euros por ano. Dinheiro que dava para retirar da pobreza os mais de 190 milhões de brasileiros.

Quando começou a investigação “Lava Jato”?

A investigação começou em 2013. Começou com suspeitas completamente diferentes do que se apresenta hoje. Começou com investigação de grupo de operadores financeiros que actuavam à margem do sistema de câmbio e recebiam dinheiro do exterior. Hoje é um grande esquema de corrupção que envolve a Petrobras e outras entidades públicas.

Nesta investigação apostam muito nos delatores?

A celebração de acordo de colaboração premiada é das técnicas que está a chamar mais atenção. Celebra-se um acordo que pressupõe que o criminoso deixe de praticar delitos. Ele confessa todos os crimes que praticou, revela toda a estrutura da organização criminosa a que pertenceu e dá provas que responsabilizem os companheiros, além de restituir o dano que causou com os crimes.

Quais são as principais dificuldades num processo como este?

As dificuldades de investigação de um grande esquema como esse passam pela quantidade de informações que é preciso processar. Estamos a falar de 40 terabytes de informações apreendidas. São informações que é impossível serem analisadas apenas pelo homem, é preciso recurso à tecnologia. Além disso estamos a falar de processos que envolvem vários arguidos. Envolvem crimes praticados com táctica apurada e complexidade tão grande a ponto de exigirem várias denúncias para podermos prosseguir o caminho da investigação.

Apostam na transparência da investigação e até criaram um site público. Porquê?

Nesse site podem ver-se as denúncias, sentenças, números da operação, detalhes sobre a operação e qualquer cidadão ou a imprensa pode vê-los e perceber em que ponto está o processo.

Portugal pode vir a ser chamado para colaborar nesta investigação?

Todos estes delitos atingiram outras esferas que transcenderam as fronteiras do Brasil e nesse sentido o auxilio de autoridades portuguesas e de outros países é fundamental.

Comentários
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  • qa
    10 dez, 2015 lx 11:40
    Pedem ajuda a Portugal já que Portugal é exemplar a tratar dos casos de corrupção internos...
  • João Marcelino
    10 dez, 2015 Olhão 10:49
    Tenho algum pejo em atirar pedras para o telhado dos brasileiros, porque o nosso é de vidro bem frágil...
  • Luis
    10 dez, 2015 São Paulo-Brasil 10:24
    "Meu deus este é um caso muito complexo, este país é uma podridão a sociedade brasileira nem sabe o país que tem" Volta Dom Pedro 1!

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