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Rota ilegal de petróleo que alimenta o Estado Islâmico passa pela Europa

01 dez, 2015 - 09:26 • Hugo Monteiro

A Renascença entrevistou Guenter Meyer, da Universidade de Mainz, e Cecilia Farfán, da Universidade da Califórnia, dois especialistas em matérias relacionadas com o mundo árabe. As análises coincidem em grande escala.

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O volume de vendas diminuiu nos últimos meses, mas, apesar disso, o comércio ilegal de petróleo, nomeadamente para a Europa, continua, ainda que não de forma exclusiva, a ser uma das principais fontes de financiamento do Estado islâmico, o também denominado DAESH.

A tese é defendida, em entrevista à Renascença, pelo director do Centro de Investigação do Mundo Árabe, da Universidade de Mainz, na Alemanha, Guenter Meyer. O perito explica que o crude extraído dos poços das regiões controladas pelos terroristas estará a ser vendido a uma rede de contrabando, constituída por “transportadores privados”, que “passa pelas áreas curdas no Nordeste do Iraque, até à Turquia e ao porto de Ceyhan, daí seguindo, na sua maioria, para Marselha, onde entra na rede europeia de ‘pipelines’ de petróleo”.

Para Guenter Meyer, que se tem dedicado a estudar o fenómeno do terrorismo nos países islâmicos, “o que está a ser oficialmente exportado pelo governo regional curdo é bastante menos do que o que chega ao porto de Cheyan", o que demonstra, "de forma bastante clara, que uma quantidade significativa do petróleo dos territórios ocupados pelo Estado Islâmico está a entrar, desta forma, na Turquia e noutros países”.

Cortar esta rede e impedir o financiamento do DAESH será fundamental para enfraquecer o movimento terrorista, defende Meyer. Além do petróleo e dos impostos e multas aplicados às populações sob domínio dos terroristas islâmicos, o especialista identifica também nos países europeus uma importante fonte de financiamento destes grupos: “Nos países europeus, existem inúmeras organizações muçulmanas que recolhem dinheiro, alegadamente para apoiar os que sofrem com esta guerra. E muitas destas organizações não estão a financiar as pessoas em dificuldades na Síria, mas sim a transferir este dinheiro para o Estado Islâmico”. O investigador conclui que, perante estas circunstâncias, “será muito difícil controlar este fluxo de dinheiro, mas, pelo menos, será possível reduzi-lo”.

Fonte de financiamento pode secar

O financiamento, durante o período de expansão do Estado Islâmico, provinha dos assaltos e dos resgates pedidos pelos raptos., mas essas são fontes que têm vindo a ser reduzidas de forma significativa.

A tese é partilhada pela especialista em Ciência Política da Universidade da Califórnia Cecilia Farfán, investigadora em áreas como o crime internacional e transnacional. Em entrevista à Renascença, Farfán sublinha que esta rede de contrabando de petróleo já existia antes do surgimento do DAESH e da Al-Qaeda no Iraque.

Esta é uma forma de financiamento que tende a perder algum peso, na medida em que “diversas companhias de exploração de petróleo estão a retirar o seu equipamento e os seus profissionais das zonas em questão, ao mesmo tempo que as operações aéreas levadas a cabo pela coligação internacional têm conseguido destruir refinarias e atingir colunas de veículos que transportam o petróleo”.

De acordo com Cecilia Farfán, o petróleo produzido nas zonas controladas pelo DAESH é, cada vez mais, "de má qualidade”, o que torna, também, a sua venda pouco rentável. A esta realidade junta-se o facto de o preço do crude no mercado estar em baixa.

Para a especialista, que é, também, investigadora da consultora internacional Trends, “a verdade é que acabam por ser os intermediários, os responsáveis pelas redes de contrabando que compram o petróleo ao DAESH, os principais beneficiários deste negócio, porque o adquirem a baixo preço e o vendem por elevados valores”.

Comentários
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  • Pedro
    01 dez, 2015 Porto 14:32
    Abasteça o seu depósito com low cost e contribua para o terrorismo islâmico.
  • Fausto
    01 dez, 2015 Portugal colónia de Bruxelas 14:30
    Hipocrisia de hipócritas
  • Miguel
    01 dez, 2015 Lisboa 12:14
    sto é um negócio da china sacar petroleo quase sem custo para depois vender aos otarios europeus por uma fortuna.
  • Rogério
    01 dez, 2015 Lisboa 11:15
    Os principais terroristas estão no Ocidente. Já toda a gente percebeu
  • 01 dez, 2015 LISBOA 11:13
    OS TERRORISTAS QUE COMBATEM O REGIME SÍRIO, QUEM OS APOIA???? HÁ MUITOS INTERESSES POR DETRAS DISTO TUDO, MUITOS EUROPEUS A QUEREREM MAMAR DO PETRÓLEO DA SÍRIA, QUEM ALIMENTA OS OPOSITORES AO REGIME SIRIO O QUE QUER É MAMAR DO PETRÓLEO SÍO E DEPOIS INVENTA O JÁ INVENTOU NO IRAQUE.

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