Tempo
|
A+ / A-

33% dos jovens portugueses ponderam emigrar "em busca de um futuro melhor"

18 nov, 2015 - 15:17

Relatório europeu revela que os pais estão pessimistas: acreditam que filhos "viverão pior do que eles", porque terão que enfrentar "maiores dificuldades financeiras".

A+ / A-

Um relatório da Intrum Justitia revela que 33% dos jovens portugueses até aos 25 anos ponderam emigrar e que 40% dos pais portugueses, o dobro da média europeia, antecipam para os filhos uma situação financeira pior do que a sua.

Realizado a partir de dados recolhidos numa pesquisa realizada em simultâneo junto de 22.400 europeus de 21 países, o European Consumer Payment Report visou "conhecer a situação e saúde financeira das famílias", concluindo que, "para fazer face às despesas e chegar ao fim do mês, os cidadãos europeus continuam a enfrentar grandes desafios".

Em Portugal, 40% dos entrevistados, mais do dobro da média europeia de 17%, afirmou acreditar que os filhos "viverão pior do que eles" porque terão que enfrentar "maiores dificuldades financeiras".

Por outro lado, 33% dos jovens até 25 anos disse ponderar emigrar "em busca de um futuro melhor, por causa da situação financeira em Portugal", menos três pontos percentuais do que no inquérito de 2014, mas ainda assim o quinto valor mais elevado entre os 21 países abrangidos pelo inquérito (apenas superado pela Hungria, com 60%, Polónia com 41%, Eslováquia com 40% e Itália com 37%, e praticamente ao nível da Grécia, com 32%).

Globalmente, pouco mais de um em cada cinco portugueses (21%) considera a possibilidade de mudança para outro país devido à situação financeira em Portugal, passando a um em cada três no grupo etário até aos 34 anos.

Por outro lado, 24% dos inquiridos em Portugal que vivem maritalmente ou em união de facto apontaram a situação financeira como um factor para não terminarem a relação, nove pontos percentuais acima da média europeia, mas abaixo da França, que lidera este ranking com 37%.

Segundo nota a Intrum Justitia, em Portugal esta opinião é mais comum entre os homens, com 28%, do que nas mulheres (19%).

Muitas contas por pagar

Segundo as conclusões do relatório, 49% dos entrevistados portugueses afirmou não ter pagado algumas das suas contas a tempo nos últimos 12 meses, acima da média europeia de 44%, mas bastante aquém da Grécia, onde 78% dos inquiridos afirma ter passado por esta situação.

O relatório conclui ainda que 9% dos portugueses não conseguiu pagar dentro do prazo mais de cinco facturas nos últimos 12 meses, com 43% dos consumidores nacionais a justificar o atraso por incapacidade financeira para o fazer.

Face a esta situação, 15% dos portugueses afirmou ter pedido dinheiro emprestado nos últimos seis meses, em linha com a média europeia, sendo que mais de metade das pessoas que pediram dinheiro emprestado (62%) escolheu a família como principal fonte de financiamento, 24% os amigos e 18% pediu um empréstimo ao banco.

Apesar de cumprir a obrigação de pagar as suas contas, 55% afirma que depois de as pagar fica preocupado por não ficar com dinheiro suficiente para as restantes despesas, sendo este sentimento mais negativo entre as mulheres (62%) do que entre os homens (47%).

Do trabalho resultou ainda que 28% dos inquiridos em Portugal "têm medo de abrir a caixa de correio e encontrar mais contas", menos oito pontos percentuais do que em 2014, e que 41% dos participantes economiza dinheiro regularmente, 79% dos quais "por razões de prudência, para poder lidar com eventuais imprevistos".

A Intrum Justitia é uma consultora europeia de serviços de gestão de crédito e cobranças (CMS) fundada em 1923 e com 3.800 funcionários em 21 países, tendo iniciado actividade em Portugal em 1997.

Mais de dois milhões de portugueses vivem hoje em dia fora de Portugal, a maior proporção de todos os países da União Europeia, segundo os últimos dados de um estudo do Observatório da Emigração.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • nabo
    18 nov, 2015 entroncamento 23:43
    qual é o problema de emigrar ? entao voçes nao acham bem que venham imigrantes para o nosso pais ? entao so tem é que se ir embora seus bananas !
  • Kaganiço
    18 nov, 2015 montreal.canada 18:08
    Os Portugueses partem, os Arabes chegam e, dentro de poucos anos, Portugal será um Pais muçulmano !
  • burbidge
    18 nov, 2015 lisboa 18:02
    Pois vao viver pior talvez porque nao sera de credito. Os pais viveram de credito e agora os filhos pagam e mais nada ...nao sei porque tanto alarido
  • Joel
    18 nov, 2015 Porto 17:53
    Jovens sem futuro. A única coisa que lhes resta é a emigração. Políticas para bancos falidos , grandes grupos económicos e políticos não nos leva a lado nenhum.
  • Paulo
    18 nov, 2015 vfxira 16:20
    Este país é bom para os políticos,banqueiros e corruptos,nada lhes acontece e continuam a viver á grande.
  • Alberto Martins
    18 nov, 2015 Lisboa 15:35
    Sou pai...que posso esperar para o futuro com gente deste calibre á frente do país..."A devolução de parte da sobretaxa do IRS pode não acontecer. Antes das eleições, o Governo garantiu que o encaixe de impostos estava a correr tão bem que poderia devolver mais de 30%. Depois das eleições tudo mudou, a previsão sobre o montante a devolver foi baixando e agora chegou a zero."

Destaques V+