11 nov, 2015 - 13:29 • Ana Carrilho
O desemprego Jovem é um caso grave na União Europeia e na Zona Euro. Ao todo, segundo o Eurostat de Setembro, há mais de 4.540.000 jovens abaixo dos 25 anos sem emprego (são 20,1%) e, só na Eurozona são 3.113.000 (22,1%). Portugal continua no top 5 dos países com mais desemprego jovem com 31,2%, atrás de Espanha (46,7%), Croácia (43,1%), Itália (40,5%) e Chipre (32,6%).
Por seu lado, José Manuel Fernandes diz que a culpa pela elevada taxa de desemprego jovem não pode ser atribuída ao Governo: “a execução da Garantia Jovem ronda os 100%, mas os efeitos não se vêem no imediato”. Mas também não responsabiliza a Comissão: “às vezes queremos responsabilizar a UE quando esta tem gasto muito em Educação e Juventude”, alerta.
O eurodeputado do PSD diz mesmo que “falamos de emprego, mas isso cabe às empresas, não aos Estados” e que “o que falta é confiança e estabilidade. Que os investidores tenham confiança para investir”. Alerta, no entanto, para uma realidade dos nossos dias: “há iniciativas que ajudam ao primeiro emprego, mas hoje não há empregos vitalícios”.
Quanto à comunista Inês Zuber, diz que é importante “perceber a forma como são usados os fundos da Comissão Europeia”, até porque, segundo afirma, “muitas empresas usam os contratos de emprego de inserção sem regras e como norma”, “há múltiplos contratos precários que os jovens vão tendo uns atrás dos outros e é preciso travar abusos”. Zuber dá mesmo o exemplo de algumas “funções de trabalho permanente ocupadas por trabalhos de iniciativa Emprego Jovem, sem fiscalização”. E conclui que “o investimento é fundamental, mas garantir direitos na lei também, porque é preciso garantir estabilidade aos jovens que procuram emprego”.
As regras estão a ser deturpadas, segundo Carlos Maria Trindade. O sindicalista explica que houve muitas “empresas que aplicaram estes programas de incentivo para afastar pessoas e trocar por recém-contratados”. E dá razão a Silva Peneda: “nestes programas tem falhado a qualidade do emprego”, que há “ausência de trabalho em rede dos serviços públicos que deviam coordenar as várias entidades” e queixa-se do facto de a juventude não ter sido, até agora, devidamente envolvida neste processo através das associações que as defendem.
Num plano mais global, o representante da Intersindical no Conselho Económico e Social Europeu queixa-se de que o programa “é generalista, não tem flexibilidade e não prevê as necessidades especificas de cada Estado”.
Para Carlos Manuel Trindade, falhou a visão de que o desemprego jovem é resultado da austeridade absoluta e de cortes públicos e a culpa maior é do Tratado Orçamenta, que impede o investimento público e dificulta o aparecimento da confiança para investir.
Respondendo a uma pergunta posta por um jovem que questiona o facto de os jovens terem um salário mais baixo que os colegas mais velhos com as mesmas funções, a eurodeputada socialista Elisa Ferreira diz que “os jovens não devem receber menos só por serem mais jovens” e que o resultado disso tem sido a emigração.
Elisa Ferreira alinha ao lado de Silva Peneda e não tem dúvidas: “se continuarmos com procura interna depressiva e austeridade, mantemos as pessoas sem uma saída”. A aposta da Comissão vai ter de continuar a ser a Educação e Formação Profissional: “não pode haver paragens na vida do jovem”.