04 nov, 2015 - 10:43 • Sandra Afonso
Há cada vez mais franceses a comprar casa em Portugal, mas o mercado já não consegue responder. A procura disparou, sobretudo nos dois últimos anos, e já supera a oferta.
O aumento da procura está relacionado com as vantagens fiscais que passaram a ser oferecidas pelo Estado e que, somadas ao clima português, trouxeram mais proprietários franceses para Portugal.
Os interessados não são apenas reformados, há também empresários, investidores e apaixonados pelo país. Estão ainda dispostos a pagar bem pelas casas... o problema é encontrá-las.
A Renascença falou com Cecília Gonçalves, proprietária de uma imobiliária há cerca de 30 anos, que em 2011 expandiu a empresa para França, para trazer clientes para o mercado português. Mas o grande salto no negócio deu-se em 2013, quando o Governo baixou os impostos para os estrangeiros que comprem por cá a sua segunda casa.
As vantagens “isentam [de impostos] os rendimentos auferidos no exterior e isso traduz-se, por exemplo, nas pensões de reforma das pessoas que trabalharam no sector privado”, explica.
Cecília Gonçalves confirma que também há investidores e empresários muito interessados no mercado imobiliário português, “porque está numa fase de crescimento e há reservas de mais-valias”.
Além disso, “há os amantes de Portugal, que descobriram a qualidade de vida que se tem aqui e vêm muitas vezes ao fim-de-semana”. Há depois “uma fatia de empresários que se instalam aqui, porque estão um bocado fartos da insegurança” vivida em França.
Algarve e Lisboa são as zonas preferidas
Estes clientes têm um "plafond" confortável, procuram casas novas ou reabilitadas e gastam, em média, 600 mil euros num apartamento em Lisboa e 360 mil euros nas moradias.
O problema é encontrar casas disponíveis. “Neste momento, e desde há um ano, sente-se nitidamente que há falta de produto que corresponda às expectativas destes clientes. Os apartamentos estão comprados bem antes das reabilitações e quando chegamos à conclusão da obra já estão vendidos há um ano. Portanto, há claramente uma procura maior à oferta”, lamenta Cecília Gonçalves.
A mediadora imobiliária expandiu a sua empresa agora para a Suécia, onde o número de interessados em Portugal ainda não é tão grande como em França, mas, garante, a tendência é de crescimento.