29 out, 2015 - 16:30
Os divorciados católicos que voltaram a casar civilmente devem ser acolhidos como cristãos baptizados de parte inteira, defendeu esta quinta-feira o cardeal patriarca de Lisboa.
Num encontro com jornalistas sobre o recente Sínodo dos Bispos, D. Manuel Clemente reafirmou que o documento, tal como foi aprovado, não permite o acesso à eucaristia se o vínculo do primeiro casamento for válido, mas, de resto, podem “participar activamente na vida da Igreja”, inclusive em “muitos aspectos de que estão afastadas”, com exclusão da “comunhão sacramental”.
“Em relação à comunhão sacramental, permanece um problema doutrinal”, precisou, dado que nenhum sacramento “pode contrariar” outro sacramento.
O cardeal patriarca afirmou ainda que a Igreja Católica tem de “investir muito mais” na preparação para o matrimónio e no acompanhamento da vida conjugal, prioridades apontadas pelo Sínodo dos Bispos sobre a família.
Para o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), há uma maior consciência de que é preciso preparar os católicos para assumirem as exigências de unidade, indissolubilidade e fecundidade do matrimónio. “Infelizmente, o que nós verificamos em muitos casamentos sacramentais é que não houve preparação, disposição nem compromisso”, lamentou.
Nesse sentido, a recente alteração promovida pelo Papa, simplificando os processos relativos à declaração de nulidade matrimonial, vem ajudar a determinar se as pessoas “estavam convictas, preparadas e em condições” para assumir o matrimónio católico.
Estas indicações, prosseguiu D. Manuel Clemente, vão implicar um esforço na habilitação de pessoas que acompanham os processos de declaração de nulidade, acompanhado por um maior acompanhamento nas paróquias, para que seja explicada aos noivos “a proposta católica a respeito do sacramento” do matrimónio.