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Vencedor dedica Prémio José Saramago a Luaty Beirão

20 out, 2015 - 12:09

Romance de Bruno Vieira Amaral foi o escolhido pelo júri da Fundação Círculo de Leitores. “Literatura é liberdade”, diz autor.

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Bruno Vieira Amaral, autor do romance “As primeiras coisas”, obra com que venceu o Prémio José Saramago, dedicou o galardão ao activista angolano Luaty Beirão, em greve de fome há 30 dias.

“Acho que, independentemente de qualquer ideologia, sempre que um homem levanta a voz contra estruturas que o podem silenciar, devemos estar ao lado dele. Por isso, acho que devemos estar neste momento do lado de Luaty e dos outros que estão presos por causa das suas ideias”, justificou na cerimónia de atribuição do prémio, que decorreu esta terça-feira na Casa dos Bicos, em Lisboa.

“Literatura é liberdade”, acrescentou o autor, que dedica “As primeiras coisas” aos seus vizinhos, que o inspiraram.

O Prémio José Saramago é instituído pela Fundação Círculo de Leitores e distingue autores com menos de 35 anos, com obra editada em Língua Portuguesa. O vencedor recebe 25.000 euros.

Este é o terceiro prémio para Bruno Vieira do Amaral e o primeiro romance do escritor. Editada há dois anos, a obra já foi distinguida com os prémios Fernando Namora/Estoril Sol e P.E.N./Narrativa.

Segundo a editora, o livro “é um mosaico de personagens marginais, inesperadas, carregadas de histórias que se ligam entre si: podíamos conhecê-los a todos, não morariam muito longe de uma grande cidade".

Para Manuel Frias Martins, um dos membros do júri, este é um "livro cujo perfil documental e/ou sociológico se casa bem com a malícia contida nos comentários por que o narrador se torna observador de figuras muito especiais e de circunstâncias muito particulares de um bairro Amélia sem existência física, mas ficcionado como se existisse, de facto, graças a um forte apelo referencial à experiência social do leitor contemporâneo".

Ana Paula Tavares, que também fez parte do júri, destacou por seu turno, a "sereníssima beleza da prosa, o conseguimento do conteúdo, [e] a maturidade estética".

O júri foi presidido pela editora Guilhermina Gomes, e além da poetisa Ana Paula Tavares, fizeram também parte os escritores Nelida Piñon e António Mega Ferreira e a presidente da Fundação José Saramago, Pilar del Río.

Por designação de Guilhermina Gomes, conforme o regulamento, integraram também o júri Manuel Frias Martins, Nazaré Gomes dos Santos e Paula Cristina Costa, a quem coube "verificar a regularidade da candidatura", realizar uma primeira leitura, um resumo do livro e "emitir um parecer sobre a obra".

Na sua declaração, António Mega Ferreira atesta: "O equilíbrio global deste notável romance, o primeiro de Bruno Vieira Amaral, resulta de uma maturidade de escrita que não se consente nenhuma facilidade, mas não foge do prosaísmo de vidas mais ou menos marginalizadas".

Segundo a editora Quetzal, que publicou a obra em 2013, este "é um mosaico de personagens marginais, inesperadas, carregadas de histórias que se ligam entre si: podíamos conhecê-los a todos, não morariam muito longe de uma grande cidade".

Bruno Vieira Amaral nasceu em 1978, é licenciado em História Moderna e Contemporânea pelo ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Crítico literário, tradutor, Bruno Amaral é autor do "Guia para 50 personagens da ficção portuguesa" e do blogue Circo da Lama.

Colaborou no DN Jovem, na revista Atlântico e no jornal i, e, actualmente, colabora com a revista Ler e trabalha no grupo editorial Bertrand Círculo.

Em entrevista à Renascença, Bruno Vieira do Amaral afirmou que pode “fazer-se literatura em qualquer lugar”.

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