Tempo
|
A+ / A-

UNESCO. Livro do Mosteiro do Lorvão entra na Memória do Mundo

13 out, 2015 - 17:17

Com 66 gravuras, este livro bíblico encontra-se conservado no cofre-forte do Arquivo Nacional Torre do Tombo.

A+ / A-

Um livro de comentários e iluminuras do Apocalipse, produzido no Mosteiro do Lorvão, em Penacova, foi considerado Memória do Mundo pela UNESCO.

De acordo com a Câmara de Penacova, este é o único livro do género iluminado no mosteiro do Lorvão.

Com 66 gravuras, é também o único considerado Memória do Mundo pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que o considera um dos "mais belos documentos da civilização medieval ocidental".

"A riqueza que emana do Mosteiro de Lorvão vem agora a ser ainda mais reconhecida através da classificação pela UNESCO do livro bíblico do Apocalipse, livro único e singular no mundo, que almejou a distinção Memória do Mundo e que se encontra conservado no cofre-forte da Torre do Tombo", disse o presidente da Câmara de Penacova, Humberto Oliveira, à agência Lusa.

Para o autarca, "este é um momento que orgulha todos os penacovenses e que permite a oportunidade de abrir conjuntamente as janelas do concelho a quem quer visitar toda a diversidade patrimonial, histórica e, agora, que integra a Memória do Mundo", sintetizou.

Uma história que remonta a 1189

De acordo com a Câmara de Penacova, em 1189, um monge beneditino que esteve no mosteiro do Lorvão (monge Egas), fez 66 iluminuras para ilustrar o Apocalipse. No mundo, existem apenas 22 destes livros iluminados.

Em 1853, depois da extinção das ordens religiosas, o historiador Alexandre Herculano andou pelos mosteiros do país a recolher documentos que considerava importantes para a história de Portugal e, no Lorvão, encontrou este, tendo-o levado para a Torre do Tombo, em Lisboa, onde ainda se encontra.

Numa das guardas escreveu: "Documento de extrema importância para a história do país".

Em 2014, a Torre do Tombo candidatou o livro a Memória do Mundo, num trabalho realizado pela investigadora Inês Correia, que tem direccionado os seus estudos para os códices do Mosteiro do Lorvão.

Preservar a herança documental da humanidade

O programa Memória do Mundo, iniciado em 1992, tem como objectivo preservar a herança documental da humanidade e inclui aproximadamente 350 documentos e arquivos de todos os países do Mundo.

Portugal tem agora sete representações, contando com o Tratado de Tordesilhas, a Carta de Pêro Vaz de Caminha sobre a descoberta do Brasil, o Corpo Cronológico, colecção que reúne mais de 80 mil documentos dos séculos XV e XVI, e o Arquivo dos Dembos, correspondência de finais do século XVII a inícios do século XX, entre autoridades locais africanas, da região dos Dembos, no Norte de Angola, e autoridades coloniais portuguesas.

Os relatórios da primeira travessia aérea do Atlântico Sul e o roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia constituem as outras duas representações portuguesas no programa Memória do Mundo da UNESCO.

[Notícia corrigida às 23h14]

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Luís
    15 out, 2015 Porto 01:13
    Parabéns a todos, o Mosteiro de Lorvão local muito importante da história medieval portuguesa que não é muito conhecido.

Destaques V+