08 out, 2015 - 15:59 • Redacção, com Lusa
O candidato do PCP às próximas eleições presidenciais, Edgar Silva, de 53 anos, é membro do Comité Central do partido e deputado na Assembleia Legislativa Regional da Madeira desde 1996. Antes de entrar para a política, contudo, Edgar Silva exerceu o ministério sacerdotal durante muitos anos.
Natural do Funchal, onde nasceu em Setembro de 1962, Edgar Silva partiu em 1980 para o continente, onde frequentou o seminário e fez a licenciatura e o mestrado na área da Teologia, na Universidade Católica Portuguesa. Foi ordenado padre na década de 80.
Em 1998, o anunciado candidato juntava-se ao Partido Comunista e actualmente é também responsável pela organização do partido na Região Autónoma da Madeira.
Em termos autárquicos, Edgar Silva, foi membro da Assembleia Municipal do Funchal e da Assembleia de Freguesia de Santo António, também no concelho do Funchal.
Entre 1987 e 1992, foi professor da Universidade Católica do Funchal e assistente nacional do Movimento Católico de Estudantes.
Mas foi o trabalho no Movimento de Apoio à Criança e da Escola Aberta, que fundou e através do qual denunciou a exploração sexual e o trabalho infantil na região, que lhe conferiu visibilidade. Edgar Silva notabilizou-se na defesa das “crianças das caixinhas”, os menores que pediam esmola na turística cidade do Funchal.
Juntamente com outros jovens sacerdotes da Madeira subscreveu o manifesto “Mais democracia, melhor democracia”, tornado público em Agosto, dois meses antes das eleições regionais de 1992, numa altura em que ainda exercia funções sacerdotais.
O documento terá contribuído para que a Conferência Episcopal Portuguesa nomeasse o sacerdote para o cargo de assistente nacional do Movimento Católico de Estudantes no final de 1993.
Da pena de Edgar Silva e dos mesmos padres, sairia, em 1995, um novo documento – “O futuro pertence à democracia” -, no qual se lia que “no exercício do poder político, ao lado da necessária competência e eficiência, é fundamental a superação de certas tentações, tais como o recurso à deslealdade e à mentira, o desperdício do dinheiro público em vantagem de uns poucos e com miras de clientela”.
O "agitador"
Em 1996, começa a estreitar-se a ligação de Edgar Silva à CDU, culminando, em Outubro desse ano, com a sua candidatura, como independente, às eleições regionais, concorrendo, pela primeira vez, contra o presidente do Executivo madeirense e recandidato ao cargo, Alberto João Jardim, que lhe chamara “agitador”.
Nessas eleições, Edgar Silva consegue o melhor resultado de sempre para a CDU, somando mais um deputado àquele que a coligação já tinha no parlamento regional.
Para Edgar Silva, que se desvincularia mais tarde do ministério sacerdotal e assumiria a liderança do PCP na região, “a política não é um fim”.
Edgar Silva conta também com diversas obras publicadas, entre as quais, "Instrangeiros na Madeira" (2005), "Madeira - Tempo Perdido" (2007), "Os Bichos da Corte da Ogre Usam Máscaras de Riso" (2010), e "Pontes de Mudança - Sociedades Sustentáveis e Solidárias" (2011).