Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Francisco Assis. Discussão sobre a liderança do PS é "extemporânea"

06 out, 2015 - 16:00

Para Assis, o PS deve assumir a liderança da oposição ao Governo, nunca se subjugando a "chantagens".

A+ / A-

O eurodeputado socialista Francisco Assis considera "extemporânea" qualquer discussão sobre a liderança do PS, defendendo que agora o mais importante é garantir a eleição de um Presidente da República oriundo do espaço político deste partido.

Esta posição foi transmitida à agência Lusa por Francisco Assis, dirigente socialista que até agora vinha sendo apontado como um dos nomes mais fortes que poderiam disputar a António Costa o cargo de secretário-geral do PS. À Renascença, na segunda-feira, o socialista Álvaro Beleza defendeu que Assis "daria um grande líder" do PS.

"Considero extemporânea qualquer discussão sobre a liderança do PS. Não podemos perder de vista que temos eleições presidenciais dentro de três meses e é agora ainda mais importante garantir a eleição de um Presidente da República oriundo do nosso espaço político", afirmou o cabeça de lista socialista nas eleições europeias de 2014.

Na perspectiva de Francisco Assis, todas as energias políticas dos socialistas "devem ser canalizadas para esse objectivo" presidencial "e não devem ser gastas em disputas internas fora de tempo".

"O país reclama um PS forte, com rumo e com elevado sentido da responsabilidade institucional", advertiu.

Política portuguesa mudou a 4 de Outubro

Numa análise sintética sobre os resultados das eleições legislativas, Francisco Assis defendeu que este acto eleitoral alterou "significativamente a realidade política nacional".

"A coligação de direita ganhou as eleições, mas perdeu a maioria absoluta; o PS, subindo ligeiramente, ficou aquém dos objectivos expectáveis e a extrema-esquerda parlamentar reforçou a sua expressão. Face a este cenário ao PS incumbem especiais responsabilidades de todo em todo incompatíveis com atitudes precipitadas e declarações imponderadas", insistiu o eurodeputado e ex-presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Para Francisco Assis, "neste momento tão difícil, exige-se a todos os militantes - e em especial aos seus dirigentes - que mantenham a serenidade e a elevação imprescindíveis à realização de uma indispensável discussão acerca do nosso presente e do nosso futuro".

"Como tal teremos que evitar a tribalização do partido, a sua transformação num espaço de confronto de claques, a consagração da disputa personalizada em detrimento de uma séria reflexão de que não deveremos prescindir", acrescentou.

PS deve rejeitar “chantagens”

Para Assis, o PS deve assumir a liderança da oposição ao Governo PSD/CDS-PP, nunca se subjugando a chantagens, mas deve ser sensível às "legítimas" preocupações de estabilidade política.

"Um grande partido como o PS não pode, em nenhuma circunstância, colocar-se numa situação de fragilidade perante as chantagens e as ameaças de outras forças partidárias à sua esquerda ou à sua direita. Nesta perspectiva, entendo que o PS deve assumir com clareza a liderança da oposição ao governo de direita, sem que isso signifique uma indisponibilidade de princípio para a viabilização dos instrumentos imprescindíveis à governação do país", advogou o cabeça de lista dos socialistas às eleições europeias de 2014.

O ex-presidente do Grupo Parlamentar do PS sob as lideranças de António Guterres e José Sócrates sustentou que estes dois princípios de orientação não são incompatíveis.

"Bem pelo contrário, o país não compreenderia nem um PS subjugado à chantagem parlamentar da direita, nem um PS insensível às legítimas preocupações de estabilidade política. Abre-se, assim, uma possibilidade real para a realização de um diálogo útil entre o Governo e a principal força da oposição, sem pôr em causa a identidade nem de um nem de outro", acrescentou Francisco Assis, que foi derrotado por António José Seguro na corrida à liderança do PS.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Zé Tuga imigrante BR
    06 out, 2015 PR-BR 21:48
    Parabéns Dr. Passos Coelho! Parabéns PàF! O povo confiou na estabilidade e na serenidade. Mesmo passando fome ou tendo menos luxos, ou até imigrando... Portugal está sempre à frente! Parabéns BE pelo 3º lugar e pelo pico alto de votação. Nas próximas eleições, quando o PS recuperar e como alternativa democrática pró-europeísta, até ganhar as eleiçoes, será uma hecatombe no BE! Para mais uma vitória extraordinária e expressiva do PCP+Partido , estou sem palavras pela emoção de estar a ouvir os "amanhãs que cantam"!
  • Incógnita
    06 out, 2015 Lisboa 21:02
    As palavras de ontem de José Lello (um incondicional de José Sócrates) são interessantes. Até posso acreditar que os Seguristas façam um compasso de espera. Mas será que os Socratistas o vão fazer?
  • Indignado
    06 out, 2015 Tomar 20:17
    Cada um acredita no que quer..., afinal, quer o partido socialista dos trabalhadores alemães, quer o socialista da Rússia soviética, tiveram imenso apoio popular, aquando do acesso ao Poder. Posto isto, não me admira que haja quem acredite no PS, apesar das muitas vigarices que tem feito ao longo destes 40 anos, a começar pela vergonhosa descolonização, que levou a pobreza, a miséria a zonas muito ricas. Dúvidas? vejam as assinaturas que estão nos documentos.
  • Alberto Sousa
    06 out, 2015 Portugal 18:47
    Bom senso...que piada. Este Assis é esperto, são muitos anos a "virar frangos", bem sabe que este não é o momento oportuno de dar a facada, como fez o Costa ao Seguro. E quem pensa o contrário (da facada) desengane-se, até dentro do partido assim pensam, ainda hoje o João Proença foi bem claro ao afirmar que o Costa "fomentou a divisão". Aposto com quem quiser, e o que quiser, que o Assis será o próximo primeiro ministro de um governo PS. Como escrevi atrás, este tipo tem muito calo, muita experiência no jogo político, na arte de saber esperar, muita paciência...o que faltou ao Costa que foi com muita sede ao pote.
  • José Soares de Pinho
    06 out, 2015 Gafanha da Nazaré 18:00
    Afinal já são ou não conhecidos aqueles que estão com pressa ? Costuma-se dizer que quem tem pressa vá andando e eu acrescento, pela porta do PS fora.
  • O bom senso impera
    06 out, 2015 st 16:43
    Outra coisa não seria de esperar!... Enganem-se os direitolas! Os "belezas" devem acalmar-se, porque andam muito excitados! Primeiro o país e depois as lutas intestinas de quem quer o poleiro! Ao contrario do que dizem, principalmente a direita que por aqui vagueia a debitar e a fomentar divisão entre os outros, (não se contentam em terem ganho as eleições, andam ressabiados por não terem tido a maioria absoluta, para continuarem a governar em "ditadura" laranja/azulina), aproveitam-se da falta de senso de alguns socialistas, que atacam António Costa com o pressuposto dele ter tirado o lugar a Seguro! É bom recordar, para os de memoria curta que António Costa foi "lançado" pela maioria dos socialistas para eleições directas no PS, e foi eleito por militantes e simpatizantes por cerca de 70% dos votos contra 30% de Seguro! Portanto Costa é secretário-geral com a total transparência da vontade de mais de 2/3 do PS vontade! Onde está a duvida? Ou pretendem agora, transformar uma eleição daquelas, em folhetins telenovelescos de intriga e ataque pessoal? Há que ter mais respeito pelos eleitores que votaram PS, e não foram tão poucos quanto isso, (O PS consegue aumentar o numero de deputados na AR), que aguardam um PS coeso e responsável para poder deixar os ganhadores governarem, mas desta vez, controlados! A variável tempo e uma boa estratégia, são fundamentais a partir de agora para colocar à prova a pseudo coligação que deve ser responsabilizada pela governação e estabilidade e não passar a bola para o PS que efectivamente não é governo!

Destaques V+