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Comunhão para recasados “não é a única questão”, mas “continua em cima da mesa”

06 out, 2015 - 14:24 • Aura Miguel , em Roma, e Filipe d’Avillez

Entre segunda à tarde e terça de manhã houve 72 intervenções, sem contar a de Davide Paloni, o mais novo “participante” do sínodo, que com apenas três meses fez ouvir a sua voz, chorando durante a oração da manhã.

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A questão do acesso aos sacramentos por parte de pessoas em uniões irregulares, incluindo os divorciados que casaram segunda vez pelo civil, continua em cima da mesa e será discutido durante o sínodo sobre a família, que esta terça-feira entrou no seu segundo dia de trabalhos efectivos.

Na habitual conferência de imprensa que tem lugar todos os dias às 12h00, hora de Lisboa, foi explicado aos jornalistas que ao contrário do que alguns tinham depreendido com base nas declarações do cardeal Peter Erdö, relator-geral do sínodo, a essa discussão mantém-se em aberto. Quem o garante é o arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais.

Contudo, os bispos presentes na conferência de imprensa insistiram que não se deve reduzir o sínodo a esta questão e que o próprio Papa o tinha dito numa intervenção feita esta manhã.

Na segunda-feira o cardeal Erdö afirmou que ninguém deve esperar qualquer alteração da doutrina da Igreja sobre o casamento e as uniões homossexuais, rejeitando por isso que seja possível aceitar a comunhão para as pessoas em uniões irregulares.

A questão está, porém, em saber se a admissão de recasados e outros em uniões irregulares aos sacramentos é uma questão de doutrina ou de disciplina. A doutrina católica não pode ser alterada, nem por um Papa, mas a disciplina pode. Os defensores da possibilidade de os recasados poderem comungar argumentam que se trata de uma questão disciplinar, mas quem se opõe tende a considerar que é doutrinal.

Questionado precisamente sobre isto, o arcebispo Durocher, do Canadá, disse que “esse é um assunto sobre o qual existem opiniões diferentes”, deixando claro que este é um tema que continua a gerar polémica mesmo entre os bispos presentes no sínodo.

No início da conferência de imprensa foram feitos resumos em várias línguas das discussões que já tiveram lugar. Desde segunda-feira à tarde até terça ao meio-dia houve 72 intervenções, incluindo uma em português, explicou o director da sala de imprensa da Santa Sé, Federico Lombardi.

Entre os vários temas abordados esteve o da linguagem, com alguns bispos a insistir que a Igreja tem de encontrar forma de comunicar os seus ensinamentos sobre o casamento ao mundo actual, evitando uma linguagem de exclusão. Durocher perguntou, na conferência de imprensa, como é que se concilia esse ensinamento com o diálogo com o mundo, explicando que “alguns bispos enfatizarão o ensinamento e outros enfatizarão o diálogo”.

Falou-se também da necessidade de se melhorar a preparação para o matrimónio e houve quem realçasse, no sínodo, que as famílias são as protagonistas da nova evangelização e que serão elas, principalmente, que irão salvar o casamento.

Participante mais novo tem só 3 meses

O padre Federico Lombardi disse aos jornalistas presentes que o membro mais novo do sínodo chama-se Davide Paloni, que tem apenas três meses, mas que já fez ouvir a sua voz, nomeadamente quando chorou a plenos pulmões, quando os bispos cantavam o Salve Regina.

Davide está com os seus pais, que são missionários na Holanda e participam nessa qualidade no sínodo. Segundo Lombardi, o pequeno tem feito grande sucesso, com vários bispos a pedir para serem fotografados com ele.

O sínodo prossegue, agora com os bispos reunidos em pequenos grupos para aprofundar os diferentes temas falados. Este ano há mais espaço para esses pequenos grupos do que houve no sínodo de 2014.

O sínodo sobre a família começou oficialmente no domingo, embora os trabalhos apenas tenham começado na segunda-feira, e termina a 25 de Outubro.

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