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Opinião

Dez dúvidas

05 out, 2015 - 10:45 • João Taborda da Gama

O Povo ganhará ou perderá? Uma maioria instável conseguirá traduzir o crescimento dos gráficos em famílias menos pobres e mais prósperas? Ou ficará refém de um Parlamento desgovernado e de alianças inconsequentes?

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1. A Coligação foi reeleita depois de quatro anos de austeridade terem resultado num vislumbre de crescimento. O Povo ordenou mais mais ou menos do mesmo. Sem maioria, precisa de uma equipa e de uma governação adequada ao mandato que os portugueses agora lhe deram. Que mudanças estará disposta a fazer?

2. O Partido Socialista falhou de baliza aberta, penalizado pelo oscilação ideológica, errância quanto às presidenciais, taticismo extremo, liderança mal aconselhada. A luta interna está em marcha e vai ser feia. Costa encosta ao centro, mostra responsabilidade, ganha tempo. Mas quanto tempo? Assis avança, ou será a hora dos novos? Fernando Medina vs Pedro Nuno Santos? E Seguro, quando ganhar fôlego depois do riso incontrolável das últimas semanas, o que fará?

3. O Bloco de Esquerda teve uma estrondosa vitória, livre dos seus elementos mais predestinados, e congregou, como nenhum outro partido, o descontentamento com a austeridade. Inicia agora uma nova vida e tem de escolher se quer continuar a força mais moderada da esquerda radical, ou a força mais radical do arco da governação. Talvez uma olhada ao que se passou na Alemanha com os Verdes seja elucidativa.

4. A eleição de um deputado do PAN não surpreende e é um salto civilizacional que Portugal já merecia. Com uma agenda progressista e adaptada às preocupações da modernidade, o líder do Partido fez ontem um discurso de Estado. O que vai ser dos Verdes agora que temos no Parlamento um partido ecologista que é um verdadeiro partido, eleito pelos cidadãos diretamente, e verdadeiramente ecologista?

5. O Livre Tempo de Avançar não converteu tweets em votos e arrisca-se a ser um nado-morto eleitoral que sobreviverá na medida em que permaneçam fechadas as portas de recuo dos seus criadores nos seus regressos às origens, ou nas fugas para a frente. Mas para onde? Parece que pelo Rato os portões não se vão franquear tão rápido quanto parecia.

6. A falta de uma maioria parlamentar exige um Presidente da República com sentido de Estado e sensibilidade social. Será que este resultado não chamará à corrida nomes adormecidos?

7. Maria de Belém será anunciada candidata presidencial do PS nos próximos dias, ou Costa continuará a insistir na charla Nóvoa? E os maiorais de Nóvoa vão fazê-lo continuar, ou desistir?

8. Marcelo ontem ganhou porque a Coligação ganhou, mas também porque a Coligação ganhou por menos. Avançará oficialmente, ou Passos imporá ainda assim Rio? Num parlamento com maioria de esquerda, qual o preço do episódio Festa do Avante?

9. A esquerda no parlamento vai tentar impor um Presidente da Assembleia da República seu, violando a prática até agora seguida? Carlos César? Ferro Rodrigues? Haverá um momento Fernando Nobre?

10. E o Povo, ganhará ou perderá? Uma maioria instável conseguirá traduzir o crescimento dos gráficos em famílias menos pobres e mais prósperas? Ou ficará refém de um Parlamento desgovernado e de alianças inconsequentes? Não será preciso uma coligação maior pelo menos para as coisas maiores?

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