18 ago, 2018 - 12:36
O atual secretário-geral da ONU já reagiu à morte de Kofi Annan. “Kofi Annan foi uma força orientadora para o bem. De muitas maneiras, Kofi Annan foi a Organização das Nações Unidas. Ele subiu nas fileiras para liderar a organização no novo milénio com inigualável dignidade e determinação”, escreveu António Guterres num comunicado.
Enquanto esteve na liderança da ONU, Kofi Annan escolheu António Guterres para chefiar a agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR).
O presidente do Gana, país de origem de Kofi Annan, recordou um exímio diplomata internacional que trouxe imenso orgulho ao seu país. “Trouxe considerável renome ao nosso país ao assumir essa posição [de secretário-geral da ONU] e pela sua conduta e comportamento no cenário global”, pode ler-se num comunicado.
Nana Akufo-Adoo ordenou que a bandeira do Gana ficasse a meia haste em todo o país e em todas as suas missões diplomáticas durante uma semana.
O compromisso com Timor
"Ele cumpriu com o seu compromisso em que disse que queria ver resolvido o conflito em Timor-Leste. Dinamizou a questão nomeando um representante especial, dinamizou encontros trilaterais, com a ONU, a Indonésia e Portugal. O nome dele ficará sempre recordado neste país". José Ramos-Horta, antigo Presidente de Timor-Leste e Nobel da Paz.
"Um corajoso, honesto e decisivo secretário-geral da ONU! O mundo sente tremendamente a tua falta. Portugal deve curvar-se em memória e agradecimento a um grande, decente e corajoso Secretário Geral das Nações Unidas. Sem Kofi Annan (e os funcionários em que se apoiou) jamais teríamos ajudado Timor-Leste a libertar-se e tornar-se independente". Ana Gomes, eurodeputada e antiga embaixadora em Jacarta.
Também Martins da Cruz, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, recorda à Renascença as reuniões de trabalho que teve com o então secretário-geral da ONU. "Tratámos sobretudo da questão de Timor, cuja independência em maio de 2002 teve uma importante ação das Nações Unidas e era preciso garantir que as forças das ONU aí continuassem para assegurar a paz, mas sobretudo o desenvolvimento económico. Lembro-me também que falámos muito sobre a questão de Angola. A guerra civil em Angola tinha acabado e era preciso ajudar Angola no pós-conflito, sobretudo no seu desenvolvimento económico e social."
Martins da Cruz lembra Kofi Annan como "um homem de consensos, que tentava sempre procurar a solução que acomodasse todas as partes". "Foi o primeiro secretário-geral da África subsaariana e contribuiu decisivamente para reforçar e realçar o papel de África nas relações internacionais", acrescenta
Um campeão da paz
“São raras as pessoas que dificilmente imaginamos que possam um dia desaparecer, mas Kofi Annan era seguramente uma delas. A sua estatura intelectual e força moral, o seu dinamismo, a solidez da sua presença e convicções sempre se sobrepuseram ao sentido da vida efémera e à mortalidade própria dos humanos”. Jorge Sampaio, antigo Presidente da República de Portugal.
"Kofi Annan nunca parou de lutar pela justiça e dignidade para todos, sabendo que esta luta é uma maratona não um sprint. Ele era atencioso, inteligente e compassivo. Tive o privilégio de trabalhar com ele nas alterações climáticas, pobreza e igualdade entre géneros". Kumi Naidoo, secretário-geral da Amnistia Internacional.