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Discriminados duplamente, católicos vão abandonando a Bósnia

06 ago, 2018 - 16:40 • AIS

O arcebispo de Sarajevo diz que os católicos na Bósnia-Herzegovina têm boas relações com os muçulmanos eslavos, mas lamenta que chegue dinheiro, pessoas e influências do Médio Oriente que põem em causa a convivência pacífica.

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Os católicos que vivem na Bósnia-Herzegovina são duplamente discriminados e por isso vão abandonando o território ao ritmo de 10 mil pessoas por ano.

Segundo o cardeal Vinko Puljic, arcebispo de Sarajevo, a comunidade internacional não protegeu os católicos bósnios da mesma forma que os restantes habitantes.

“Desde o fim da guerra que a nossa pequena comunidade continua a diminuir todos os anos, por causa da desigualdade a nível político e jurídico. Alguns não encontram trabalho, outros, pelo contrário, têm um emprego mas já não conseguem viver num país onde não gozam dos mesmos direitos que os outros cidadãos.”

Os católicos são discriminados nas duas entidades instituídas pelos acordos de Dayton em 1995: na Federação croata-muçulmana, por não serem muçulmanos e na República sérvia da Bósnia-Herzegovina por serem maioritariamente de origem croata. A esse respeito, o Arcebispo de Sarajevo reconhece as responsabilidades da comunidade internacional, “que não ofereceu a nós, católicos, o mesmo apoio concedido a outros grupos”, enfatiza.

A Igreja local procura favorecer um clima de tolerância mediante várias iniciativas, no Centro São João Paulo II e que são dirigidas especialmente aos jovens de várias confissões religiosas. “Contudo, não conseguimos fazer tudo isso sozinhos, porque somos uma realidade pequena”, afirma o cardeal, numa nota em que agradece aos benfeitores da fundação Ajuda à Igreja que Sofre o apoio que têm dado para apoiar estas atividades.

O Islão radical, cada vez mais difuso na Bósnia-Herzegóvina, representa um dos maiores desafios para a comunidade cristã.

“Há um grande investimento por parte de países árabes que constroem mesquitas e até mesmo aldeias inteiras nas quais são colocadas pessoas provenientes daquelas nações. Temos boas relações com os muçulmanos eslavos, mas é difícil dialogar com os islâmicos radicalizados provenientes do mundo árabe. Sobretudo porque, do ponto de vista político, eles ignoram a nossa presença”, acrescenta.

O país balcânico é uma conhecida porta de acesso à Europa para o Islão radical, que está a propagar-se rapidamente no velho continente. “Infelizmente, a Europa não conhece bem o islão e não entende o que significa viver lado a lado com o radicalismo islâmico.”

Para contrastar com este fenómeno crescente, o cardeal Puljic considera que se deve partir novamente da redescoberta das raízes cristãs. “Atualmente presta-se atenção apenas à parte material e ignora-se a dimensão espiritual do homem. A Europa deve aprender a cuidar das suas raízes cristãs, caso contrário, continuará a temer o radicalismo.”

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