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80ª Volta a Portugal em bicicleta

Ciclistas revoltados. "Etapa tinha de ser anulada" devido ao calor intenso

03 ago, 2018 - 21:33

Gustavo Veloso, Rafael Reis e Vicente García De Mateos comentam a realização da mais longa tirada da Volta debaixo de temperaturas acima dos 40ºC.

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Gustavo Veloso (W52-FC Porto) considera que a segunda etapa da Volta a Portugal em bicicleta devia ter sido anulada, devido ao intenso calor sentido na ligação entre Beja e Portalegre, naquela que foi a mais longa tirada da "Grandíssima" deste ano (203,6 quilómetros).

"Para proteger a saúde dos ciclistas, a etapa de hoje tinha de ser anulada. Sair para fazer 100 quilómetros ou 200 é a mesma coisa. A temperatura está igual do início até ao fim", referiu o corredor galego dos portistas.

Disparando, sem papas na língua, que se esteve "a fazer ciclismo na sauna", o bicampeão da Volta disse que "todos os ciclistas do pelotão, do primeiro até ao último, são sobreviventes".

"Quando há recomendações para não sair à rua e nós estamos a pedalar 200 quilómetros, só isso é significativo da dureza de hoje", rematou.

De acordo com Veloso, "cada ciclista bebeu 25 a 30 bidons", o que equivale a cerca 15 litros de água, tendo o espanhol deixado um agradecimento aos bombeiros que ao longo da etapa foram refrescando os ciclistas.

O português Rafael Reis (Caja Rural), líder da geral individual, também aproveitou bem a água vinda das mangueiras dos bombeiros das várias corporações das localidades por onde passou a etapa e foi possível ver o camisola amarela, pelo menos uma vez, a parar à beira da estrada para se refrescar com os jatos de água.

"Hoje estava com muito calor, ainda estava com mais do que ontem [quinta-feira] e sabia bem parar debaixo da água que os bombeiros estavam a mandar e isso melhorava bastante", referiu.

Quanto ao espanhol Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano), vencedor da segunda etapa, salientou que se devia pensar no que fazer numa etapa como estas, pois "este calor não faz muito bem" e acusando que, por vezes, se tratam os ciclistas "como se não fossem pessoas".

"Acho que te podes sentir um sobrevivente. Há muitos companheiros do pelotão que vão muito marcados pelo calor. Não é o meu caso, nem de ninguém da minha equipa", afirmou.

No comunicado do final da etapa, a organização enalteceu a forma "como munidos dos mais nobres valores desta exigente modalidade, abnegação, espírito de sacrifício e equipa", os ciclistas e restantes membros da organização que "andaram mais desprotegidos" conseguiram "ultrapassar as enormes dificuldades provocadas pela temperatura extrema da etapa de hoje".

A organização realçou ainda "o enorme espírito solidário de todas as corporações de bombeiros".

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