18 jul, 2018 - 11:46
A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) considera que as "Aprendizagens Essenciais", definidas pelo Governo para aquela disciplina, no Secundário, são ilegais.
Os documentos, que vêm substituir as atuais metas curriculares, estão em consulta pública e o presidente em exercícío da SPM, Jorge Buescu, fala em "ilegalidade" e "disfuncionalidade".
"O que está a ser proposto, além de ser completamente disfuncional, do ponto de vista matemático e das aprendizagens, é ilegal. Não tenho medo do termo, porque o que se está a propor é uma coisa que faz referência aos programas atuais e à interseção com programas antiquíssimos, de 2002, de há 15 anos. São programas que já não estão em vigor, que não tem validade legal e não podem ser utilizados como referência para as aprendizagens atuais. Portanto, este documento, tal como está, é uma coisa completamente incompreensível."
Nestas declarações à Renascença, Jorge Buescu dá um exemplo - o da retirada da componente da estatística - que considera "criminoso": “Toda a gente diz que vivemos na era dos algoritmos, do Bill Gates e tudo isso. Estas aprendizagens essenciais deitam pela janela, riscam do nosso ensino Secundário tudo o que é estatística que existe no atual programa, o que é quase criminoso."
"Na preparação que damos aos nossos jovens, estamos a não prepará-los para o mundo futuro, mas a fazer uma coisa do mundo passado, que já não existe. Portanto, deste ponto de vista, é quase criminoso", reforça
"Este documento que está em discussão pública é paupérrimo, do ponto de vista de conteúdos matemáticos. Representa um retrocesso enorme e infeliz naquilo que vamos ensinar aos nossos alunos. Infelizmente, o ministério já nos habituou [a isto] Até erros de ortografia tem, erros de sintaxe, é extraordinário, feito com 'copy e paste' descuidados e, sobretudo, muito fraco, muito pobre em termos de conteúdo."
Os documentos relativos às "aprendizagens essenciais" estão em fase de consulta pública até dia 27 de Julho. A SPM espera que seja possível alterar algumas situações, mas Buescu teme que isso não se verifique: "Nós, Sociedade Portuguesa de Matemática, somos, há cerca de dois anos, sistematicamente ignorados, excluídos.da discussão."
A Renascença já contactou o Ministério da Educação, mas não obteve ainda resposta.