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No Museu de Arte Antiga há uma cómoda que esconde um "segredo"

17 jul, 2018 - 08:17

Cadeiras, mesas, arcas e armários preenchem as várias salas que apresentam cinco séculos da História do mobiliário português em vários estilos.

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As salas do Museu de Arte Antiga, em Lisboa, que contam a história do mobiliário português do século XV ao século XIX, reabrem terça-feira ao público após renovação, havendo uma cómoda que guarda um "segredo".

No piso 1 do museu, após "profundas obras de renovação", as salas reabrem com uma nova museografia, mais informação, luzes instaladas para valorizar as peças e nova sinalética, explicou à agência Lusa Conceição Borges Sousa, conservadora do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA).

Cadeiras, mesas, arcas, armários, peças de devoção, como as pequenas cadeiras e camas onde se sentava ou deitava o Menino Jesus, e tronos, preenchem as várias salas que apresentam, de forma cronológica, cinco séculos da História do mobiliário português em vários estilos.

Entre as peças há uma cómoda-papeleira que esconde um segredo: "É raríssima e muito importante para o museu, porque tem a data, 1790, e o nome do autor - Domingos Tenuta - escrita num lugar muito escondido".

Abrindo várias partes da cómoda - que possui desenhos entalhados muito elaborados - e retirando algumas gavetas, é possível ver, na parte de trás de uma delas, escrito a dourado, o nome do autor numa tira de madeira, que por seu turno também abre, e pode ser um esconderijo para o que ali couber.

"Esta exposição ajuda a compreender, através do mobiliário, muito da vida privada da sociedade portuguesa nas várias épocas, e, por outro lado, demonstra a enorme perícia dos marceneiros portugueses, e o seu extraordinário trabalho", salientou Conceição Borges Sousa.

A responsável explicou à que há 15 peças novas que foram introduzidas no percurso, renovado, e pelo menos seis nunca tinham sido expostas ao público.

Foram escolhidos móveis emblemáticos para cada época, nomeadamente, logo à entrada, uma porta gótica de armário, que apresenta as linhas decorativas do seu tempo, inspiradas em motivos das pregas de linho do vestuário usado, explicou.

Mais à frente está a cadeira do rei Afonso V, em carvalho, datada de 1470, proveniente do Convento do Varatojo, que cria uma cenografia do poder através de outras peças que a ladeiam, como uma tapeçaria que representa o rei sentado. "É muito rara. Poucos tronos desta época conseguiram chegar aos nossos dias", comentou a conservadora do MNAA.

As salas vão revelando um percurso que passa pelo Renascimento, a Expansão Marítima, o Maneirismo, o Barroco, o mobiliário D. José ou D. Maria.

Oitenta por cento destas peças de mobiliário são provenientes de conventos extintos em Portugal, indicou a especialista, acrescentando que os materiais usados variam, e a partir dos Descobrimentos vêm para Portugal madeiras de outras regiões, com o Brasil ou as Índias.

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