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Novo estudo conclui que metade dos professores “sofre de esgotamento”

16 jul, 2018 - 18:58

Professores do ensino público, do 2º e 3º ciclo, e secundário, do género feminino, com mais de 50 anos e 20 de serviço, são os que apresentam menor bem-estar na escola.

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Metade dos professores portugueses “sofre de esgotamento”, segundo um estudo das universidades do Algarve e de Évora divulgado esta segunda-feira.

Os resultados desta investigação sobre stress, motivação e saúde dos professores em Portugal são baseados nas respostas de um universo de 12.158 docentes.

Um total de 52,4% dos inquiridos percecionam bem-estar do desempenho da sua atividade profissional, no entanto, 50,2% sofrem de esgotamento, 26,9% de distúrbios cognitivos, 32% de distúrbios músculo-esqueléticos e 27,9% de alterações na voz.

Identificados os problemas de saúde, o estudo definiu três níveis de intervenção diferenciados: um primeiro nível em que é preciso tratar o problema, um segundo nível, de saúde média, que incide na prevenção, e um terceiro nível, de saúde alta, que evidencia um grupo de professores resilientes, envolvidos na profissão.

Os resultados indicam ainda que os professores do ensino público, do 2º e 3º ciclo, e secundário, do género feminino, com mais de 50 anos e 20 de serviço, são os que apresentam menor bem-estar e mais problemas relacionados com as dimensões de perda de saúde.

Sobre estes docentes deve incidir urgentemente um programa de intervenção de primeiro nível, ou seja, de tratamento, defendem os investigadores.

De acordo com o estudo, a exaustão é um fator decisivo: 24,4% dos docentes apresenta baixos resultados no índice de saúde profissional.

Verificou-se, ainda, que os resultados obtidos nas várias dimensões de saúde dos professores portugueses são, na sua generalidade, inferiores aos dos espanhóis, observando-se maiores diferenças nas dimensões bem-estar e esgotamento.

Quanto ao “mobbing”, que é o “bullying” no local de trabalho, e quanto ao assédio no trabalho, o inquérito teve cerca de dois mil participantes. Um total de 22,5% dos professores têm consciência de que sofrem com este fenómeno e 75,1% dos professores assinalaram, pelo menos, um item, na escala que analisa esta questão, mas não reconhecem estar a ser vítimas.

Em média, os professores relatam nove condutas de “mobbing” no local de trabalho. As mais comuns são o bloqueio à comunicação (47%), ou seja, condutas que não deixam provas físicas.

Dos professores que referem ter sido vítimas de “mobbing”, 83% consideram que teve consequências na saúde e desses, 59% recorreu pelo menos uma vez por ano ao atestado médico e 19 % recorreu pelo menos duas vezes.

Os responsáveis do estudo sublinharam a importância da valorização social da profissão de professor, como condição fundamental para o bem-estar e qualidade da educação.

Estes resultados, defendem, devem ajudar a delinear estratégias de intervenção nos planos político, formativo e de organização, para prevenir elevados níveis de stress, exaustão e desmotivação dos professores e que este é um tema da maior importância, não de agora, mas desde há vários anos.

Esta é a segunda grande investigação sobre a saúde dos professores portugueses divulgado nas últimas semanas. Um estudo da investigadora Raquel Varela, da Universidade Nova, concluiu que mais de 60% dos docentes sofrem de exaustão emocional, provocada por causas como a excessiva burocracia e a indisciplina dos alunos.

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