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"Ser padre era a única coisa que excluía para a minha vida"

29 jun, 2018 - 17:03 • Ângela Roque

A Diocese de Lisboa vai ter cinco novos sacerdotes. Vão ser ordenados domingo, 1 de julho, com mais dois padres e um diácono de congregações religiosas. A Renascença falou com alguns deles sobre a descoberta da vocação.

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Têm idades e origens muito diferentes, mas no próximo Domingo vão partilhar um dos momentos mais importantes das suas vidas, quando forem ordenados sacerdotes por D. Manuel Clemente. E cada um deles tem uma história para contar.

Gaetano Catalano, de 41 anos, é o mais velho do grupo. Natural de Nápoles, em Itália, diz à Renascença diz que nunca pensou ser padre. “Não me passava pela cabeça. Até porque a minha ideia de Igreja era muito negativa”. Conta que teve uma vida “cheia de coisas, mas sem sentido”, até que “houve pessoas que o Senhor colocou no meu caminho”.

Gaetano veio para Portugal há oito anos, para o seminário Redemptoris Mater, de Caneças, um seminário com finalidade missionária onde, depois de um tempo ao serviço da diocese, os novos padres são enviados em missão. Diz que a sua vida “agora tem um sentido pleno, cheio”. E espera dar testemunho disso mesmo aos outros, sobretudo aos jovens. “Muitos não encontram um sentido para a própria vida, não sabem para onde ir, como eu antigamente. Mas, hoje posso dizer a esses jovens que eu encontrei a vocação. Tinha pensado em tudo menos ser padre, mas Deus me chamou a isto, e estou contente por ter escutado esse chamamento”, sublinha.

Outro italiano, Daniele Bernacchia, também veio para o seminário Redemptoris Mater. Tem 33 anos e a descoberta da vocação também foi tardia. “Demorei muito tempo a dizer internamente que ‘sim’ ao Senhor, e ser padre era a única coisa que eu excluía na minha vida”, porque “vivia pensando que Deus tinha de cumprir a minha vontade, e a minha vontade era de casar”. Talvez por isso esteja a viver “tudo isto como uma eleição, porque Jesus Cristo tem mais poder do que aquilo que nos assusta”.

Ser sacerdote também não fazia pate dos planos de vida de José Samir Benevides. “Trabalhei, formei-me em ciências tecnológicas, na área de maquinaria industrial, namorei, fazia uma vida normal como qualquer rapaz. A ideia de ser padre chegou já muito tarde, aos 27 anos”, afirma este colombiano de 38 anos, que também veio para o seminário Redemptoris Mater. E nunca se arrependeu? “Não. Aos 29 anos já estava aqui em Portugal. Sinto-me muito contente com esta resposta”.

Bem diferente foi a experiência de Tiago Esteves, do seminário dos Olivais. Natural das Caldas da Rainha, tem 24 anos, é o mais jovem do grupo, e soube relativamente cedo qual seria o seu caminho. “Houve vários momentos em que, de uma forma mais clara, o Senhor me tocou, e eu senti que a minha vida era para ser padre. Mas, aquilo que para mim foi mais forte foi o ser chamado pelo meu prior para ser acólito”. Tinha então 13 anos, e tem a certeza que foi isso que o aproximou de Deus e o fez apaixonar-se. “A vocação é um enamorar-se por Jesus. Eu tive muitas paixões antes, mas não houve nenhuma paixão como esta, que me fizesse querer dar tudo”.

João Quintas, de 29 anos, foi antigo aluno do Colégio Militar, e teve sempre no horizonte uma carreira nessa área. Acabou por entrar no curso de Análises Clínicas, onde chegou a trabalhar durante um ano, mas foi na paróquia de Queluz que despertou para a vocação. “Lembro-me de um dia o então pároco de Queluz, o padre Jorge Dias, me ter interpelado, na sacristia, com a pergunta se eu alguma vez tinha pensado na possibilidade de entrar no seminário. Aquilo bateu ‘cá dentro’, e a pergunta entrou e nunca mais saiu. Depois, foi continuar a vivência cristã e a questão foi-se adensando. A pergunta estava presente e precisava de maturar mais”, conta ao jornal “Voz da Verdade”, do Patriarcado de Lisboa.


Para além destes cinco novos padres diocesanos, no próximo domingo, 1 de julho, vão ser ordenados dois sacerdotes ligados a congregações religiosas – Pedro Gomes de Sousa, pelos Missionários Capuchinhos, e Fidelis Fallo, da diocese de Atambua, na Indonésia, pelos Missionários do Verbo Divino, que passarão ainda a ter um novo diácono, Charlie Carpio Bardaje, das Filipinas.

A celebração das Ordenações no Patriarcado de Lisboa está marcada para as 16 horas, no Mosteiro dos Jerónimos, e vai ser presidida pelo Cardeal Patriarca, D. Manuel Clemente.

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