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Porto recebe “Faith’s Night Out”

26 jun, 2018 - 15:43 • Ângela Roque

É a primeira edição a norte da iniciativa inspirada nas TED Talks e que há cinco anos faz sucesso em Lisboa. Teresa Folhadela, das Equipas Jovens de Nossa Senhora, diz que há um “interesse crescente” em ouvir testemunhos de vida e de fé “inspiradores”. A próxima paragem é no Brasil.

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O Faith’s Night Out (FNO) nasceu em 2013, quando se realizou em Lisboa um encontro internacional das Equipas de Jovens de Nossa Senhora (EJNS). Segue o modelo das conferências TED, com o objetivo de transmitir experiências de fé e de vida de uma forma simples e direta. Cada um dos 12 oradores tem sete minutos para dar o seu testemunho.

Ao longo das várias edições, o FNO reuniu mais de 50 conferencistas, alguns não crentes, e cerca de 2.800 espetadores. Este ano foi decidido descentralizar o evento. No próximo sábado realiza-se no Porto, e em outubro vai ter uma edição em São Paulo, no Brasil.

Teresa Folhadela é uma das organizadoras da edição na invicta. Em entrevista à Renascença diz que a “esperança” vai ser o fio condutor das várias intervenções previstas, ou não seja esse o sentimento que domina os jovens católicos na contagem decrescente para o Sínodo dos Bispos, que por decisão do Papa lhes vai ser dedicado.

Foi o sucesso crescente do Faith’s Night Out em Lisboa que levou as Equipas de Jovens de Nossa Senhora a decidir alargar a iniciativa a outras cidades?

Estava na altura de o fazer, quer pela representatividade que as EJNS já têm em Portugal, quer pelo tempo de amadurecimento do FNO, que já existe há cinco anos em Lisboa. Percebemos que no Porto havia uma grande vontade de receber a iniciativa. Isso até começou era ainda bispo o D. António Francisco dos Santos, e eu era na altura responsável pelo movimento no Porto. Falámos e ficou muito entusiasmado. Foi aí que começámos a pensar no Porto como solução, e avançámos.

As EJNS tem muita expressão no Porto?

Já fomos pouquinhos, mas demos um salto grande. Este ano abrimos oito novas equipas, o que significa que o movimento duplicou. Acho que é preciso criar um sentimento de orgulho de pertencer ao movimento. Em Lisboa como há imensos, as noites de oração estavam sempre cheias e aqui não, mas agora já têm muita gente. Por isso é bom organizarmos aqui o FNO neste ano em que as equipas estão a crescer. E houve um acolhimento muito grande dentro da diocese, quer da parte dos bispos quer dos padres, em acompanhar as equipas.

Receberam pedidos para que o FNO fosse para o Porto?

Muitos pedidos. De alguns jovens que já tinham participado nas edições em Lisboa, e mesmo de casais das equipas, e até de pessoas que não eram das equipas, mas que gostam muito da iniciativa. Porque eu acho que este é um modelo que chama, tem um design giro, a forma de comunicar é muito pelas redes sociais, e esta coisa de serem sete minutos de intervenção também ajuda.

Qual é o grande objetivo destas conferências?

É uma partilha de fé, que é muito importante para quem está numa idade em que se está ainda à procura. A ideia é numa noite, em sete minutos, um período muito pequenino, haver ali um testemunho de alguém que afirma a sua fé ou pensa sobre ela. São 12 oradores com sete minutos cada um para falar.

Nas outras edições já houve oradores que não tinham uma fé católica, mas que pensam sobre ela, que se preocupam em perceber e não dizem só que não. Se de alguma forma houver uma frase, ou uma palavra de um dos oradores, que toque quem ouve e que o faça levar alguma coisa para a vida, já é muito bom. A mim aconteceu-me ir a um FNO, ouvir o padre Tolentino e aquilo mexer comigo, por isso acho que é uma grande oportunidade de inspirar uma fé viva, decidida, de uma forma simples.

Quem são os oradores desta edição?

Temos pessoas conhecidas e outras anónimas, muitas ligadas ao Porto, e que virão dar o seu testemunho de vida. A deputada Ana Rita Bessa (CDS), por exemplo, vai-nos falar sobre a política e a esperança na política. O tema da intervenção de Isabel Jonet, do Banco Alimentar, é “A esperança abre novos horizontes”. Teremos o Pedro Rocha e Melo, ligado à BRISA e à ACEGE, que convidámos para nos falar da dimensão das associações católicas. O João Paiva é um cientista, irá falar de “Ciência e fé”. Vamos ter um seminarista do Porto, o Luis Lencastre, de 29 anos, porque queríamos ter essa ligação à Igreja do Porto, e virá também o padre José Pedro Azevedo, responsável pela pastoral universitária da diocese. Teremos o testemunho da Carmo Amaral, ligada à UCP, e que falará sobre o tema “O fruto do amor é o serviço”, e também o da Marta e o do João Toscano, que tiveram um bebé que só viveu 90 minutos, e irão falar sobre “Responder ao sofrimento com a delizadeza do amor”. É uma história muito tocante.

“Deus sonha e transforma o mundo” será o tema da intervenção do Bernardo Janson, que virá falar-nos do projeto “We Changers”, uma plataforma que faz a ponte de voluntariado no mundo, de interligação entre as empresas, e que tem uma matriz cristã. Vamos ter também o testemunho da irmã Rita Cortez, que esteve muitos anos ligada à Quinta da Fonte da Prata e ao projeto TASSE, um projeto capacitante dos miúdos daquele bairro.

O António e Luis, que são dois irmãos, virão falar-nos da santidade no dia a dia, um deles dá aulas de história, outro trabalha numa consultora. E o médico António Maia Gonçalves, que acompanha situações limite, virá contar-nos porque é que vale a pena lutar pela vida, e como é que se vive a esperança.

Podemos dizer que a “esperança” é a tónica dominante do encontro?

Sim, a nossa grande inspiração é a carta de São Pedro “mostrai-nos as razões da vossa esperança”. No fundo é esta vivência da esperança, porque se os cristãos não tiverem esperança e se não forem esperança do mundo, mais ninguém há de ter. A esperança é uma espera, mas não é uma espera de ficar no sofá, tem de ser uma espera muito ativa, como o Papa está sempre a dizer aos jovens. Às vezes tendemos a achar que só vamos conquistar um papel quando formos adultos ou estivermos nos centros de decisão, mas a verdade é que é agora. Senão não havia um sínodo convocado para pensar tudo isto.

E é um tempo de esperança o que os jovens estão a viver, com a aproximação do Sínodo dos Bispos e das Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ)?

Claro que sim. Eu estive nas JMP na Polónia, e acho que as Jornadas são uma injeção de esperança, de “não estarmos sozinhos”, muito grande. E apesar das próximas serem no Panamá, e de termos de atravessar o mundo para chegar lá, há muita gente motivada a ir.

Depois, o Papa está-nos a pôr no centro da Igreja. Este Sínodo é um momento histórico, nunca se fez, vai rever tudo, pensar na forma como os jovens são acompanhados, perceber porque é que muitos fogem da Igreja. O convite do Papa ao Sínodo é “vamo-nos pôr no lugar deles”, “vamos perceber o que é que é preciso fazer”. Eu penso muito nisto, que é preciso perceber porque é o FNO esgota lugares, porque que é que a Missão País tem três mil pessoas a fazer missão, e porque é que há outras coisas que não resultam. Em Portugal é mesmo bonito ver estes testemunhos do FNO, da Missão País, dos campos de férias, da quantidade de paróquias que tem grupo de acólitos e organizam imensas atividades, dos vários grupos que vão a Taizé. Acho que é preciso pegar nestes bons exemplos e ver porque é que resultam nuns sítios, para se ir mais longe noutros. O ano passado estive a ajudar no “Eu acredito”, em Fátima, e pensava: “se estão aqui duas mil pessoas a quem isto faz muito sentido, ainda há muitos milhares que é preciso ajudar, há muito trabalho a fazer”.

Além de todas as motivações que já tínhamos em trazer o FNO ao Porto, o facto de estarmos próximos do Sínodo também fez crescer esta vontade de o trazer.

A Igreja está a ter a linguagem certa com os jovens?

Nós somos uma geração do visual, somos muito chamados por um vídeo com piada, por exemplo. As marcas de publicidade têm muita atenção na forma como comunicam aos jovens, e se calhar a Igreja precisa de olhar para ali. Não precisa de mudar a matéria, mas a forma de comunicar. Sabemos que isto não é “pêra doce”, mas como é que se faz caminho? O testemunho destes oradores no Faith’s Night Out também pode ajudar a encontrar respostas.

Esta iniciativa das Equipas tem cinco anos e tem vindo sempre a crescer. Sentem que estão a dar resposta a uma necessidade dos jovens?

Pela adesão achamos que sim, e pela vontade que isto vá para outros lados. Agora estamos no Porto, mas vamos estar em São Paulo, em outubro, porque os nossos amigos equipistas no Brasil já queriam muito que isto acontecesse lá. Isto vai mexendo. Dentro do movimento costumamos dizer que o FNO é o “grande bebé” das Equipas, no sentido em que é um presente que demos aos equipistas, mas também para fora, porque de todas as atividades é aquela em que temos mais divulgação fora do nosso movimento. É uma coisa que as pessoas vão pedindo. No Porto imensas pessoas ligadas ao CREU, o centro universitário dos jesuítas equivalente ao CUPAV de Lisboa, pessoas de paróquias com muito movimento, de grupos de escuteiros, já nos disseram que estão contentes por termos trazido o FNO para cá.

O FNO está marcado para as 18 horas de sábado no auditório Ilídio Pinho, no Pólo da Foz da Universidade Católica. A entrada é livre?

Não, é preciso bilhete e estão quase esgotados, mas temos lista de espera e quem quiser pode ainda enviar um email para infoporto.fno@ejjns,pt, ou consultar o site www.faithsnightout.com, porque ainda há uns bilhetes à espera de confirmação. Esperamos lotação esgotada, entre os bilhetes vendidos, convidados, oradores e voluntários, estamos à espera de 400 pessoas.

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