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A cultura é o petróleo da Europa

22 jun, 2018 - 19:23 • Maria João Costa

Em Berlim, na primeira Cimeira Europeia do Património, foram escutados vários apelos. Numa Europa que enfrenta uma crise de valores, a cultura deve ser olhada como a nova energia.

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A Europa precisa “mudar de tom”. Foi um barítono português quem o disse nos trabalhos de encerramento da primeira Cimeira Europeia do património, em Berlim. Jorge Chaminé, que é também presidente do Centro Europeu de Música em Bougival, deixou o desafio de adotar uma nova forma de olhar o património na Europa.

O tom estava dado e juntou-se um coro de vozes no encerramento da Cimeira que teve como palco a cidade alemã de Berlim. A sessão começou com duas mensagens presidenciais. De França, o Presidente Emanuel Macron enviou uma mensagem escrita onde sublinhou a importância do património para o futuro da Europa. “Se nos interessamos pelo património, preocupamo-nos com o projeto de construção europeia”, disse Macron que concluiu que é preciso “pôr o património ao serviço das novas gerações.”

A esta mensagem juntou-se também outra do Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa que referiu a importância da conjugação entre educação, cultura e ciência.

O Chefe de Estado português na declaração lida em Berlim apontou ainda a importância da União Europeia “dedicar-se mais ao património numa altura de instabilidade e ameaças”. Nas palavras de Marcelo, a cultura “é uma marca de paz, hospitalidade, liberdade e de uma cidadania responsável”.

No painel que juntou vários responsáveis da cultura esteve presente o Ministro português da Cultura. Enquanto a sua homologa francesa falou da “crise de identidade”, Luis Filipe Castro Mendes destacou a cultura portuguesa como cultura aberta a outras culturas.

Também presente esteve o presidente do Comité Europeu Sócio-economico, Luca Jahier fez um discurso critico. Afirmou que a “Europa precisa de uma nova renascença” e de se “reinventar para não se afundar numa crise de valores”. Para este responsável, a “riqueza do património cultural é uma força positiva para sobrevivermos à barbárie”.

Luca Jahier recordou que esteve de visita recentemente aos campos de concentração e lembrou que ali “as crianças eram separadas dos pais” quando chegavam de comboio e fez um paralelismo com o que está a acontecer na fronteira americana com o México.

Stéphane Bern, vencedor do prémio do património da União Europeia e fundador da Fundação Stéphane Bern, falou da riqueza que o património pode gerar. “O património é o nosso petróleo” na Europa, afirmou em Berlim, numa tarde em que a secretária-geral do Europa Nostra desafiou todos os intervenientes a assinarem o “Apelo de Berlim”, um documento que sai da Cimeira Europeia do Património e que todos aceitaram rubricar.
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