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​BCE elogia orçamento comum proposto por Berlim e Paris

20 jun, 2018 - 21:42 • Sandra Afonso

O último dia do Fórum do BCE, que juntou em Sintra mais uma vez em Portugal nomes de peso da banca e da economia mundial, ficou ainda marcado pela inflação e a recuperação das economias, fatores que têm determinado as taxas de juro e ainda a evolução dos salários.

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A proposta de um orçamento comum europeu apresentada por Alemanha e França recebeu esta quarta-feira rasgados elogios do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mário Draghi.

O último dia do Fórum do BCE, que juntou em Sintra mais uma vez em Portugal nomes de peso da banca e da economia mundial, ficou ainda marcado pela inflação e a recuperação das economias, fatores que têm determinado as taxas de juro e ainda a evolução dos salários.

Mário Draghi encerrou três dias de trabalhos com um sorriso rasgado, não pelo que saiu do Fórum, mas pelo que chegou de fora. O presidente do Banco Central Europeu não poupou elogios à iniciativa de Angela Merkel e Emmanuel Macron.

Admite que esta proposta de orçamento comum ainda precisa de muita análise, mas é um passo importante para a reforma da União Europeia.

“É bem-vindo. É um importante passo nesta direção, tornado importante pelas circunstâncias políticas muito complicadas em que foi produzido. Se este instrumento é, como sugere, um orçamento estabilizador ou um esquema de emprego como o documento sugere, ainda tem que ser discutido e muito trabalho, mas o importante, para mim, é que, pela primeira vez, depois de vários anos de debate, finalmente, temos alguma coisa em que podemos trabalhar e não parte de cinco presidentes individuais, mas de dois governos, do alemão e do francês.”

Sobre uma eventual recessão e se a União Europeia está preparada, Draghi considera que este é um cenário que não se prevê para os próximos anos.

“O que fazemos se tivermos uma recessão? Francamente, nem nas nossas projeções de médio prazo, até 2020, antecipamos uma recessão. Falamos de crescimento fraco, mas nada que se assemelhe a uma recessão.”

A questão foi levantada logo no primeiro dia por Lawrence Summers, antigo secretário de Estado do Tesouro norte-americano, que alertou para a incapacidade do BCE de enfrentar neste momento uma nova crise, por falta de instrumentos fiáveis e defendeu o aumento do objetivo para a inflação.

A medida foi defendida durante os trabalhos por outros economistas. Muitos sustentam que os atuais indicadores económicos podem não estar a ser bem interpretados. É o caso do desemprego, por exemplo, que quando baixa faz subir a inflação, mas agora isso não se está a verificar.

Apesar das pressões, Draghi reafirma que não há motivo para alterar a atual política do BCE: “Já nos pediram várias vezes para rever o objetivo para a inflação. Dependendo da localização na zona euro, há pessoas que defendem que 2% é muito alto, noutros países há quem diga que 2% é demasiado baixo. Uma das razões porque nunca o fizemos foi porque íamos autolimitar o nosso espaço de atuação sem um ganho claro, de nenhuma perspetiva”.

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