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O dedo que D. José I perdeu durante o Portugal-Espanha

20 jun, 2018 - 14:51 • Maria João Costa

Câmara de Lisboa confirma que festejos do empate a três bolas na Praça do Comércio danificaram irremediavelmente a estátua.

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Um dedo partido. Foi este o resultado negativo do empate a três bolas entre Portugal e Espanha no jogo de estreia da seleção no Mundial de Futebol, que está a decorrer na Rússia.

Na Praça do Comércio, em Lisboa, onde está montado um ecrã gigante a transmitir os jogos da competição internacional, adeptos subiram à estátua equestre de D. José I e partiram um dos dedos da figura, confirma a Câmara de Lisboa.

Contactada pela Renascença, a autarquia explica que na mão da estátua já faltavam outros dois dedos e que, no restauro de 2012, que custou 500 mil euros, não foram repostos. Agora, aponta a Câmara, o último dedo que D. José I perdeu só será reposto se o original for encontrado.

"Caso apareça a peça original em falta será recolocada de imediato, caso contrário não será colocado qualquer elemento sob pena de adulteração da peça."

Esta opção de restauro é criticada pelo Fórum Cidadania LX, pela voz de Paulo Ferrero. "Pessoalmente acho isso mal, independentemente de haver ou não elementos partidos para colar, digamos assim, pode-se perfeitamente fazer réplicas como aliás se faz em vários sítios, e portanto não chega a haver diferença nenhuma à vista e fica o monumento completo", ressaltou em entrevista à Renascença.

A Câmara de Lisboa argumenta que esse restauro iria adulterar a peça, "levantando sérias questões éticas e deontológicas" de conservação, e admite que "a estátua ficou irremediavelmente alterada, no seu inestimável valor histórico-patrimonial".

Paulo Ferrero não concorda. "É um pouco esquisito ou caricato, se quiser, porque o inestimável valor da estátua já tinha sido alterado durante as últimas décadas por causa do vandalismo que foi feito. As pontas da lanças também estão partidas, os arreios dos cavalos também estão partidos e a trompa também está partida numa das extremidades. Em 2012, quando foi feita a operação de recuperação da estátua, foi opção dos restauradores não recolocar os elementos partidos."

O Fórum Cidadania LX, que se dedica à defesa do património alfacinha, sublinha que a questão de segurança do monumento deveria ter sido acautelada.

"Como é uma coisa preparada há muito tempo, a Câmara devia ter prevenido, antes prevenir que remediar. Devia ter montado uma vedação não só aí [ao redor da estátua danificada] como noutros sítios em que haja transmissão de jogos de futebol, porque isso são multidões e depois é incontrolável."

Paulo Ferrero lembra ainda o que já é feito no Marquês de Pombal em dia de festa desportiva, qualquer que ela seja.

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