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Siza Vieira homenageado na sua casa-mãe em dia de abertura de exposição

19 jun, 2018 - 12:30

Siza Vieira recebeu a Medalha de Mérito da Universidade do Porto, numa altura em que inaugura, pela primeira vez em Portugal, a exposição que representou o país na 15.ª Bienal de Arquitetura de Veneza.

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Palmas e ovações de pé. Foi o que Siza Vieira recebeu na inauguração da exposição “Neighbourhood: Where Alvaro meets Aldo”, momento que também assinalou a entrega da Medalha de Mérito da Universidade do Porto (UP) ao arquiteto, na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

"Minhas senhoras e meus senhores, a arquitetura portuguesa vive dias auspiciosos e terá um legado que estamos certos que subsistirá para as gerações vindouras.” As palavras da presidente da Direção-Geral das Artes, Sílvia Belo Câmara, marcaram a sessão de abertura, num auditório repleto de estudantes de arquitetura que se acotovelavam para tirar fotografias com o homenageado.

Na cerimónia, estiveram também presentes o presidente da Faculdade de Arquitetura da UP, Carlos Alberto Esteves Guimarães, o reitor da UP, Sebastião Feyo de Azevedo, e os curadores da exposição, Nuno Grande e Roberto Cremascoli.

"Não podia haver forma mais doce de terminar o meu mandato do que com esta cerimónia de atribuição da Medalha de Mérito a Siza Vieira. Ficará na minha memória por muito tempo", disse Sebastião Feyo de Azevedo, momentos antes de entregar a condecoração ao antigo aluno de Belas Artes, num edifício por ele desenhado.

Esta foi a forma de a Universidade do Porto demonstrar o "apreço, gratidão e reconhecimento" pela "genialidade da obra arquitetónica" de Álvaro Siza.

"Álvaro Siza não é apenas um arquiteto de projeto, como toda a gente sabe. É um homem que pensa, é um homem que intervém no pensamento cultural. Escreveu, refletiu sobre o ensino da arquitetura e sobre o ensino em geral", interveio Carlos Alberto Esteves Guimarães. "Muito obrigado, Siza", continuou, em agradecimento ao legado de "inúmeras provas de reconhecimento nacional e internacional".

Siza Vieira foi por todos retratado como uma referência, devido aos prémios que foi acumulando ao longo da carreira de mais de meio século e à inspiração que desperta nos futuros arquitetos. "Honrado, muito honrado. É uma prova de generosidade por parte da Universidade do Porto que me sensibilizou muito", confessou.

Álvaro e Aldo

“Neighbourhood: Where Alvaro meets Aldo”, a exposição ontem inaugurada na Galeria de Exposições da FAUP, é a terceira versão de uma exposição inicialmente projetada para a ilha da Giudecca, em Veneza. É uma exposição que se compadece da estética despojada de Siza, mas que se encontra com o estilo do arquiteto italiano Aldo Rossi. Álvaro e Aldo provam, assim, que a arquitetura é uma arte universal, na qual são vizinhos de janelas abertas um para o outro.

Baseada numa obra que começou depois da revolução democrática, a exposição reflete a passagem de Álvaro Siza por Berlim, Haia, Veneza e no Bairro da Bouça, no Porto. "Foram muitos os encontros com moradores, porque foi na Holanda, em Veneza, no Porto... Aí continuo a ter contacto com os habitantes da Bouça. Mas em Veneza e Haia, onde já não ia há bastante tempo, não encontrei tanta gente. Mas sou muito bem recebido. São projetos de há trinta anos...", explicou o arquiteto, em declarações à Renascença.

Pensar o urbanismo, a organização das cidades, pedra sobre pedra, tijolo sobre tijolo é trabalho de mestre, mas, para Siza, "à sua maneira, toda a gente percebe de arquitetura". E é por esse motivo que desenvolveu "projetos debatidos com os moradores, os projetos das ilhas".

Os encontros que o arquiteto promove ocorrem em lugares físicos. Não são dos que derrubam paredes, mas dos que as constroem. Apesar de ser muito viajado e de já ter atravessado várias fronteiras, permanece um homem que gosta de fixar as pessoas num lugar que lhes pertença.

A exposição “Neighbourhood: Where Alvaro Meets Aldo” está patente até 17 de setembro na Faculdade de Arquitetura da UP.

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